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Mbappé e Paris Saint-German, uma busca constante por protagonismo

Com a chegada de Lionel Messi ao PSG, muito começou a se especular por grande parte dos fãs do “mundo da bola” sobre a possível chegada de Cristiano Ronaldo, formando assim um dos maiores e melhores trios da história do futebol mundial. Fato é que, concomitantemente a isso, surgiram diversos rumores sobre uma possível insatisfação do atacante francês Kylian Mbappé, que já com a chegada de Messi, passa a ser considerado por muitos como a terceira força de ataque, depois de Neymar e Messi.

Com isso, o jogador perderia o papel de coprotagonista que vinha tendo juntamente com o jogador brasileiro. A insatisfação do craque parisiense foi noticiada pelo L’Équipe, e aponta que o Real Madrid seria o principal clube interessado na contratação do jogador. Kylian quer o papel de protagonista da equipe e, com um elenco cheio de estrelas do futebol mundial, é mais difícil ele se destacar vestindo a camisa do PSG.

Então, assim como Neymar em 2017, ao trocar o Barcelona por Paris, Mbappé entende que em outro clube será mais propício para ele se destacar. Tudo isso, abre um espaço para reflexão acerca da importância da existência de protagonistas e coadjuvantes no cenário do esporte mundial como um todo.

Mbappé e o protagonismo no esporte

The Last Dance
Série The Last Dance. | Foto: Reprodução.

A série The Last Dance conta a história de Michael Jordan e dos Bulls durante a temporada em que o time de Chicago conseguiu o bicampeonato (96-97) e em que MJ conquistou seu 5° título na carreira. Essa obra documental tem como objetivo contar histórias e trazer bastidores de uma das maiores equipes da NBA, para isso, a série conta com vários depoimentos dos jogadores que fizeram parte daquela equipe.

E o ponto principal é evidenciar que Michael Jordan era, sim, um dos maiores jogadores da história e de longe o melhor daquela equipe, mas sem Dennis Rodman (2x Defensive Player of The Year) fazendo todo o trabalho sujo de defesa e de brigar por rebotes, sem Scottie Pippen(10x All Defensive Team) fazendo o trabalho de pontuar e assistir, jogando cerca de 40 minutos de média, por jogo, durante todos os 6 jogos das finais, talvez os Bulls não se consagrassem campeões.

A série evidencia que as estrelas têm um papel importante no comando de uma equipe. Porém, para um time ser campeão, é necessário um elenco com bons coadjuvantes, dispostos a se entregar, e juntos irem em busca do objetivo principal como equipe que era ser campeão. Ron Harper, um dos coadjuvantes dessa equipe dos Bulls, em uma entrevista ao Triple Double, disse que para ser campeão era necessário abrir mão do orgulho. O armador, trocou os 38.1 minutos de média por jogo e o protagonismo na equipe dos Clippers, por modestos 19.9 minutos e um papel de Role Player (que seria um jogador de “função”, nesse caso, defensiva), abrindo mão de ser o principal pontuador e passador, para ser um dos pilares defensivos da equipe, evidenciando ainda mais a necessidade de realizar “sacrifícios” em prol de ser campeão.

Neymar
Neymar no Barcelona e no PSG. | Foto: Reprodução.

Em contrapartida, Neymar trocou o Barcelona pelo PSG, em 2017, saindo de uma equipe que jogava em prol dos seus atacantes (Messi, Suárez e Neymar), mas que tinha uma consistência defensiva e um meio-campo muito forte, que contava com, possivelmente, os maiores meio-campistas que a Espanha viu jogar (Xavi, Iniesta e Sergio Busquets), e indo para uma equipe que não tinha um elenco bem formado, com alguns bons jogadores, um ou outro acima da média, mas com desequilíbrio muito grande dentro do plantel.

O brasileiro queria o protagonismo e títulos, mas não conseguiu ganhar nada a nível continental como a Champions League de 14-15 pelo Barcelona, onde o “menino realizou seu sonho” com um gol na final do torneio. Depois de 5 anos no clube, o PSG contratou Messi, para jogar ao lado de Neymar mais uma vez. Era nítido que o clube parisiense precisava de reforços para ser bem-sucedido a nível continental, e o brasileiro precisou engolir o orgulho e admitir que seria muito mais benéfico a ele, jogar ao lado do argentino que foi quem fez parte da sua maior conquista profissional.

Mbappé e Cristiano Ronaldo
Mbappé e Cristiano Ronaldo. | Foto: Reprodução.

Mbappé, ao se dizer insatisfeito na equipe, mostra essa história se repetindo, porém a geração de Mbappé não será tão brilhante quanto a de Messi e Cristiano Ronaldo, e uma vez que ele abre mão de fazer parte de um plantel com jogadores deste calibre, ele talvez não tenha a oportunidade de voltar atrás, como Neymar teve, e poder consertar a decisão errônea de ter saído do clube catalão.

O atacante francês, que tem Cristiano Ronaldo como ídolo, já manifestou diversas vezes a vontade de jogar pelo Real Madrid, e com a chegada de Messi, isso parece ter se intensificado. O jogador, ao invés de construir seu protagonismo e seu legado no PSG aos poucos e à medida em que Messi e Neymar pararem de jogar, prefere uma mudança brusca para uma equipe que perdeu seus principais jogadores e líderes nos últimos anos e que tem muito menos chance de proporcionar grandes conquistas ao atleta.

Kylian Mbappé se mostra inclinado a ser mais um grande jogador a passar pela equipe do Real Madrid, e se mostra indisposto a engolir o orgulho e assumir um papel de “coadjuvante principal” e dividir os holofotes com os sul-americanos.

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Por Bernardo Augusto E Silva Monteiro – Fala! Uerj

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