A Literatura de Cordel tornou-se uma forma tradicional de narrativa no Nordeste do Brasil e, durante décadas, não só foi um elemento da cultura nordestina e nortista, mas também se espalhou por todas as regiões do País. É uma rica forma de se expressar, mesclando diversas linguagens artísticas populares, além de se tornar um patrimônio nacional! A seguir, confira tudo sobre a literatura de cordel e fique por dentro de todos os detalhes desse lindo estilo que faz parte do nosso Brasil.
Você sabe de onde vem a literatura de cordel?
A literatura de cordel acontecia na Idade Média, acompanhada por trovadores. Naquela época, a literatura não era fácil de obter, porque não havia mídia que facilitasse a divulgação dos livros. A literatura se estendeu até o Renascimento, quando surgiu a imprensa. Desde então, alguns poemas curtos foram impressos em pequenos pedaços de papel e pendurados nas cordas. Daí vem o nome “Cordel”, e os portugueses referem-se a esta estratégia de divulgação.
Os principais cordelistas e os seus cordéis
1. João Martins de Athayde
João Martins (1880 – 1959) foi um poeta e editor de folhetos de cordéis e um dos autores que mais contribuíram para a divulgação da literatura de cordel produzida no Brasil, no século XX. Aos oito anos assistiu pela primeira vez o desafio Pedra azul, um famoso cantor local e interessou-se por escrever poesia popular. Ele compôs sua primeira rima aos doze anos.
Trechinho de uma poesia de João Martins
As Proezas de João Grilo
João Grilo foi um cristão
que nasceu antes do dia
criou-se sem formosura
mas tinha sabedoria
e morreu depois da hora
pelas artes que fazia.
2. Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva)
Patativa do Assaré (1909-2002) foi um poeta e repentista brasileiro, um dos principais representantes da arte popular nordestina do século XX. O apelido Patativa surgiu, pois suas poesias tinham uma beleza como o canto dessa ave que é nativa da chapada do Araripe Assaré porque passou cinco meses cantando ao som da viola em companhia dos cantadores locais. Daí Patativa do Assaré, conhecido pois nas suas poesias tinha uma linguagem simples, poética retrata a vida sofrida do povo do sertão.
Poesia do Patativa
Eu e o Sertão
Sertão, argúem te cantô,
Eu sempre tenho cantado
E ainda cantando tô,
Pruquê, meu torrão amado,
Munto te prezo, te quero
E vejo qui os teus mistéro
Ninguém sabe decifrá.
A tua beleza é tanta,
Qui o poeta canta, canta,
E inda fica o qui cantá.
3. Bráulio Bessa
Um dos poetas mais atuais do nosso Brasil que através dele, estão surgindo novos poetas, ele que foi o artista mais assistido e partilhado nas redes sociais da Globo durante o ano de 2017, que levou a poesia mundo a fora, Bráulio é poeta, cordelista, declamador, palestrante brasileiro e mais recente escritor de livros. Se define como “fazedor de poesias” as poesias do Bráulio falam no fundo no coração e na mente das pessoas. Conquistou o coração do povo brasileiro e conquista até hoje, leva o Patativa do Assaré como uma inspiração.
Trechinho de uma poesia do Bráulio Bessa
Superação
Acredite no poder da palavra desistir
Tire o D, coloque o R
Que você tem Resistir
Uma pequena mudança
Às vezes traz esperança
E faz a gente seguir
Continue sendo forte
Tenha fé no Criador
Fé também em você mesmo
Não tenha medo da dor
Siga em frente a caminhada
E saiba que a cruz mais pesada
O filho de Deus carregou
Algumas curiosidades da literatura de cordel
- O cordel é também um gênero literário obrigatoriamente de três elementos principais: a métrica, a rima e a oração;
- As xilogravuras são as ilustrações das histórias estampadas que compõem nas capas dos livretos;
- As poéticas dos cordéis se diferenciam em: Quadra: estrofe de quatro versos, Sextilha: estrofe de seis versos, Septilha: é a mais rara, pois é composta por sete versos, Oitava: estrofe de oito versos, Quadrão: os três primeiros versos rimam entre si; o quarto com o oitavo, e o quinto, o sexto e o sétimo também entre si, Décima: estrofe de dez versos, Martelo: estrofes formadas por decassílabos (comuns em desafios e versos heróicos).
E por fim não podia deixar passar em branco, que nas horas vagas também sou poetisa e cordelista, deixo aqui uma de minhas poesias.
A importância do viver
Ao começar esse cordel
Deixo a criatividade florescer
E nessas linhas desse papel
Não quero me estender
Mas quero passar a você
A importância do viver
Mesmo olhando para atrás, você pode aprender!
Viver cada segundo
Fazendo dele único
Experimentando o mundo
Sinta o ar, olhe o céu
Curti o calor e seja sonhador
E nunca se esqueça O “ amor vem de lá “
Aproveite cada gesto de amor
Cada cheirim no cangote
Cada borboleta e beija-flor
Cada festa e folia
Cada instante com a família
Sempre compartilhando amor
Seja lá quem for!
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Por Julia Caires de Ataide – Fala! São Judas