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Futebol Brasileiro – Uma nova proposta de calendário a partir de 2021

 O futebol brasileiro é conhecido pela sua competitividade e energia que contagia milhões de torcedores de norte a sul do país. As variadas competições estaduais, regionais e nacionais fazem com que os nervos de todos aqueles que têm orgulho de torcer e estampar o escudo do seu time na camisa se exaltem. São competições que enchem a temporada brasileira de emoções e surpresas ao longo do ano. Porém, de algum tempo pra cá, é possível observar que torcedores, jogadores e dirigentes de diversos clubes do Brasil têm reclamado do calendário bastante exaustivo e um tanto quanto desorganizado que chegam a atrapalhar o andamento dos jogos, já que muitas partidas em sequência cansam, física e psicologicamente, os atletas.

Apenas para exemplificar essa questão, o Esporte Clube Bahia, de Salvador, teve que, por diversas vezes, escolher entre duas partidas no mesmo fim de semana por competições diferentes. No dia 7 de março de 2020, o clube priorizou jogar com o elenco completo contra o Confiança, de Aracaju, válido pela Copa do Nordeste, e com um time reserva contra o Doce Mel, pelo Campeonato Baiano. Na contramão do excesso de jogos, os clubes considerados menores e que possuem menos visibilidade no cenário nacional sofrem com a escassez de jogos ao longo do ano.

Isso se concretiza devido ao número altíssimo de times existentes no país e pela CBF (Confederação Brasileira Futebol) organizar apenas 4 divisões nacionais (Séries A, B, C, D). Ou seja, pode-se dizer que a demanda de clubes não é atendida pelas poucas divisões nacionais, deixando, devido a isso, muitas equipes fora de uma divisão nacional por anos. Embora esses clubes tenham uma competição nacional importante no calendário (Copa do Brasil), ainda não é suficiente para essas equipes atraírem patrocinadores, adquirirem verbas e ganharem visibilidade.

Portanto, não há, claramente, uma ordem padrão de jogos que possibilitem que os clubes tenham um bom planejamento da temporada. Em uma tentativa de ajudar a solucionar esse impasse no futebol brasileiro, segue abaixo uma proposta de calendário que pode ser adotado já a partir de janeiro de 2021, junto a uma reformulação das divisões e competições:

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1- Encurtamento dos estaduais e regionais

 No atual modelo, a temporada brasileira se inicia no meio de janeiro e se estende até, no máximo, 10 de dezembro. No começo, os clubes se voltam à disputa dos campeonatos estaduais (em todo o país) e regionais, como a Copa do Nordeste. As fases finais desses torneios são jogadas em maio. Na nova proposta, os estaduais e regionais durariam menos e funcionariam como uma “pré-temporada” para os clubes, sendo encerrados, no máximo, em fevereiro. Ou seja, a “pré-temporada” duraria apenas um mês e seria o momento dos clubes testarem o elenco para as competições oficiais. Esses torneios no início do ano não seguiriam um modelo único em todo país, isto é, cada federação escolheria o estilo do campeonato e as datas. Ao fim, ainda em fevereiro, a temporada se inicia e os clubes começam as competições nacionais e internacionais. Com o início oficial da temporada ainda no segundo mês do ano, o calendário se tornaria mais espassado e com um intervalo considerado entre uma partida e outra.

2- Criação de uma 5° divisão nacional (Série E)

 A confederação Brasileira de Futebol (CBF) organiza, atualmente, quatro divisões nacionais: Série A (Equivalente à primeira divisão), Série B (Segunda divisão), Série C (Terceira divisão) e Série D (Quarta divisão). As séries A e B são disputadas por 20 times cada, em formato de pontos corridos e turno e returno (cada time se enfrenta duas vezes). A série C conta, também, com 20 clubes, porém com dois grupos de 10 equipes em pontos corridos, turno e returno e, ao fim dessa fase de grupos, um mata-mata. Já a atual série D conta com mais de 50 equipes em grupos menores (até 2019 com 4 times cada) e uma fase de mata-mata mais longa que a série C. Apesar de 4 divisões que comportam um número considerável de equipes de todo o país, ainda são insuficientes para as equipes menores, deixando-as sem divisão, como dito anteriormente. A criação de uma 5° divisão nacional (Série E) aparece como uma opção viável na escassez de competições para as equipes de menor escalão. Essa “nova divisão” possuiria 40 equipes colocadas em 4 grupos de 10 times em pontos corridos e turno e returno. Seguindo o modelo das divisões superiores (C e D), a disputa pelas vagas de promoção (Acesso à divisão seguinte) seria feita no formato de mata-mata. Essa criação implicaria o aumento da renda adquirida pelos clubes e até direitos de TV, caso alguma emissora de esportes tenha interesse em transmitir as partidas da competição, além de, claro, encher o calendário das equipes.

3- Pausa da temporada no meio do ano

  A temporada brasileira se encontra a todo o vapor em meados de Junho e Julho, fazendo necessária uma pequena pausa para os jogadores recuperarem o fôlego e a consistência física. O “recesso” duraria cerca de 2 semanas ininterruptas sem partidas e o 2° semestre de competições começaria logo em seguida.

 É fato que pôr em prática um novo modelo de calendário que mexerá com toda uma temporada de futebol não é simples. Uma reformulação dura anos até chegar a uma forma que agrade tanto clubes quanto torcedores. Por isso, a proposta supracitada pode ser colocada em fase de teste durante um ano e, após o término das competições, passar por uma avaliação a nível nacional para chegar à conclusão se pode ou não ser estendida às temporadas subsequentes.

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Por Raul Holanda – Universidade Federal de Pernambuco

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