O feminismo se caracteriza como um movimento social, filosófico e político que almeja a igualdade de direitos entre homens e mulheres.. Embora, atualmente, seja mais amplamente discutido, está longe de ser um fenômeno recente, já que as mulheres historicamente se organizam e vão à luta para derrubar a sociedade patriarcal, cuja consolidação se dá na dominação masculina e na marginalização da figura feminina, em todos os âmbitos, e tudo que é envolvido por ela, como o machismo e a misoginia.
Origem do movimento feminista
A Revolução Francesa é quando se considera que houve, efetivamente, uma mobilização generalizada para exigir direitos iguais aos dos homens, e, logo, ela caracteriza o início do movimento, com a publicação do documento “Declaração dos direitos da mulher”.
Contudo, não se pode discorrer sobre feminismo sem citar as mulheres que o antecederam, isto é, que possibilitaram a existência dele, como indígenas e escravizadas que resistiram ao colonialismo europeu e a estrutura claramente patriarcal por ele imposta, e outras que, em seus próprios meios, reivindicaram melhores condições de vida.
Aqualtune, avó materna de Zumbi dos Palmares e princesa do congo, trazida ao Brasil como escrava, é um símbolo de luta e resistência. Ela, antes da derrota congolesa, liderou um exército de 10 mil homens contra Portugal na batalha de Mbwila e, posteriormente, fugiu para o quilombo dos Palmares, onde passou a exercer cargo de liderança e pôde manter suas tradições africanas.
Ada Lovelace, nascida em 1815, foi quem inspirou o pai da computação Alan Turing. Ela era matemática e escreveu o primeiro algoritmo que seria processado por uma máquina, consequentemente é considerada a primeira programadora da História.
Diferentemente da esmagadora maioria das mulheres do período que viveu, Ada foi incentivada a estudar desde nova, fator que, sem dúvidas, influenciou em suas descobertas.
A partir disso, é possível refletir em como a classe social dialoga com a questão de gênero, as mulheres não estão todas no mesmo patamar quando se trata de cidadania, apesar de partilharem uma opressão em comum. Enquanto ela era parte da nobreza britânica, muitas mulheres vivendo também em Londres trabalhavam exaustivamente e ainda cumpriam com as funções do lar.
Christine de Pisano, nascida em 1364, foi a primeira mulher a escrever como um ofício: ao fim da Idade Média, suas obras, produzidas especialmente para mulheres, com temáticas questionadoras do machismo e misoginia da época, que ela afirmava que tinham como único embasamento questões religiosas, sociais e políticas, e não biológicas como erroneamente se imaginava, noção que, desgraçadamente perdura até os dias atuais, alcançaram grande sucesso.
O Livro da Cidade de Senhoras é o feito pelo qual a escritora e poetisa é mais conhecida, o trabalho em prosa apresenta uma cidade alegórica que é construída através de mulheres notórias, cada uma delas exerce papel de blocos que edificam aquele local.
Feminismo no Brasil
Já no Brasil, o movimento surge em 1832, com a publicação do livro Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens, de autoria de Nísia Floresta, que defende a ideia de que mulheres são igualmente capazes de exercer qualquer papel social dos homens.
O direito ao ingresso no ensino superior no país, no entanto, é somente de 1879; a primeira figura feminina a ocupar cargo público é Alzira Soriano de Souza, eleita prefeita no município de Lajes, no estado do Rio Grande do Norte, em 1928, e o direito ao voto foi assegurado apenas em 1932, porém sem abranger grande parte das mulheres, visto que só eram passíveis de votar as solteiras e viúvas com renda própria ou mulheres casadas que fossem permitidas pelos maridos.
O Estatuto da Mulher Casada é de 58 anos atrás, 1962, o qual garantiu à mulher a ausência da necessidade de permissão do marido para receber herança, trabalhar e a possibilidade de requerer a guarda dos filhos em caso de separação, que só foi oficializada como divórcio há 45 anos, em 1975.
Outras importantes conquistas foram a Lei de Cotas para Mulheres nas candidaturas para as eleições, ao passo que a presença feminina na política era, e é, tão reduzida, tendo em vista que mulheres são maioria em termos populacionais, a Lei Maria da Penha, resultado de muita luta e debates acerca da violência contra mulher e a eleição da primeira mulher, Dilma Rouseff, para o cargo mais importante do país, a presidência, há uma década.
Dado o caráter recente desses avanços, se acentua o quão crucial é o movimento feminista, que, de maneira pacífica, se empenha cada vez mais para a construção de uma sociedade progressista. Ainda falta um longo caminho para a igualdade de gênero, como revela o mapa a seguir:
Em razão do que demonstra essa imagem, e as muitas outras políticas vigentes enraizadas no machismo, é necessário se organizar e reivindicar pela mudança nas conjunturas generalizadas e pelo que é negado historicamente às mulheres: direitos e dignidade.
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Por Maria Fernanda Maciel – Fala! Cásper