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Entenda como Stephen Curry mudou a maneira de jogar a NBA

Ao longo dos anos, a NBA passou a ser uma liga cada vez mais rápida e técnica, exigindo mais treinos físicos e técnicos aos jogadores. Nas décadas de 50 e 60, com a liga se popularizando, época dos grandes confrontos entre Bill Russell e Will Chamberlain, responsáveis por inúmeros recordes e mudanças de regras na NBA. Os anos seguintes até o final do dos anos 90, a liga tinha um jogo lento e exigia mais a parte física, dando destaque aos pivôs, como Hakeem Olajuwon, Shaquille O’Neal e Charles Barkley. As partidas se concentravam na maior parte das vezes embaixo do garrafão e ao redor dele. É claro que as enterradas eram a emoção do público da época. Com a evolução do basquete, vem surgindo cada vez mais jogadores mais ágeis, criativos e arremessadores, muito graças a Stephen Curry

Stephen Curry

O “brinquedinho assassino” foi selecionado como a sétima escolha do draft de 2009, sem muito glamour, era apontado como um bom nome. Nas primeiras temporadas na NBA, as lesões o atrapalharem constantemente e impediram uma sequência melhor. Curry só foi ter destaque na temporada 2014-2015, sendo campeão com os Warriors e, posteriormente, levando seu primeiro MVP. Na infância, mesmo tendo um pai que jogou a NBA nos anos 90, Dell Curry, que aliás era um ótimo arremessador de três, ouvia de especialistas e técnicos que não tinha atributos necessários para ser um bom profissional, por ser baixo e ter muitos problemas técnicos. Apesar das críticas, Steph jamais deixou se levar pelas críticas e sempre treinava dia e noite, observando outros jogadores e estilos de jogo. 

“A característica genética passou apenas adiante. Por ter competido na NBA por 16 anos, eu tomo crédito por gostar de estar perto do meu filho e ele gostava de estar perto de mim”, disse Dell em entrevista à ESPN norte-americana. “Eu expus a ele muitas coisas diferentes na NBA, os fãs, as facilidades. Ele viu diferentes jogadores trabalhando, uma base diária de como eles trabalham. Eu acho que ele entendeu o jogo por ir aos treinos e pelo fato de observar o que os treinadores utilizavam em cada tipo sistema”, concluiu. 

Por ser magro e com 1,91m, uma altura relativamente baixa para NBA, Stephen vem inspirando muito amantes do basquete, principalmente as crianças. Isso pelo fato de não ser um “super atleta”, como é LeBron James ou como foi Michael Jordan, ele não é o mais rápido, mais forte, mais alto, não é o que pula mais, que tem o dunk mais poderoso. A saída de Curry foi apostar na sua habilidade com a bola e seu arremesso de três pontos. Isso torna Stephen um ídolo “palpável” entre as crianças que veem em Steph como uma possibilidade de um dia estar na NBA. 

Desempenho no basquete

Stephen Curry é o que é hoje, muito por causa do Golden State Warriors e do treinador Steve Kerr. Logo na sua chegada, antes do início da temporada 2014-2015, Kerr implementou mudanças significativas no jogo dos Warriors, incluindo jogar em um ritmo mais rápido e dar a Curry mais liberdade para pontuar e ter o jogo mais coletivo, abrangendo os jogadores mais abertos nas quadras com mais movimentação ofensiva e defensiva.

A bola de três pontos é um dos símbolos dos Warriors, só para ter uma ideia, em 2015, a NBA inteira arremessou cerca de 52 mil bolas de três. Em 2019, foram cerca de 78 mil arremessos de longa distância, um aumento de 26 mil bolas. Isso mostra o quanto a liga evolui em torno das bolas de três, muito pela influência do Golden State e de Steph. A cesta de três passou a ser fundamental principalmente nos momentos cruciais das partidas, por isso vemos mais jogadores especialistas ou buscando mais a linha de três. Um grande exemplo dessa evolução são os pivôs, que  passaram por uma grande revolução ao longos dos anos. Hoje, são mais abertos em quadra e arremessadores, como, por exemplo, é Brook Lopez, Nikola Vucevic, Kristaps Porzingis, Nikola Jokic e Karl-Anthony Towns. Antigamente, nunca se imaginaria pivôs chutando na linha de três. 

stephen curry
Curry em um dos arremessos mais marcantes de sua carreira, jogo contra o Oklahoma City Thunder. | Foto: Getty Images.

Stephen é um jogador que treina muito seu arremesso, seu treino consiste em repetição de movimento várias vezes. Em um treino em 2020, Curry fez incríveis 105 arremessos de três pontos seguidos, isso faz parecer que está arremessando lance livre. A mecânica do arremesso de Steph sempre intrigou tanto para quem gosta de ver e jogar basquete, a verdade é que é um arremesso único jamais visto antes.

Em comparação aos outros atletas, Curry tem um arremesso muito rápido e mais alto do que o normal, tendo um ângulo maior para acertar a cesta, a grande maioria arremessa a bola para cair próximo ao aro da frente da cesta, diminuindo o ângulo de acerto, oferecendo uma maior consistência nos arremessos de Steph. A forma que o jogador cai com o corpo logo após o arremesso faz total diferença na execução, vemos Stephen fazer isso muito bem. Sempre que arremessa, ele cai ou com o corpo reto, do lugar onde ele arremessou, ou com o corpo levemente inclinado para frente, oferecendo uma firmeza maior nos seus chutes. Esse fato responde o porquê ele “mata” tantas bolas de três, principalmente de longe.

A grande maioria dos jogadores, cai com o corpo para trás, erro mais presente nos que estão começando a jogar basquete. Quando vemos highlights dos melhores momentos de Steph, sempre há aqueles arremessos em que ele acerta de forma desconcertada ou, como muitos dizem, de forma milagrosa, muito é por conta do seu shooting pocket, que é o momento inicial do arremesso. Normalmente, o jogador recebe a bola, abaixa-a e pula para arremessar, enquanto Curry já recebe a bola embaixo, ou seja, ele ganha minutos extras de arremesso, explicando a rapidez nos chutes. 

Destaque na NBA

Stephen Curry, por ser um dos melhores arremessadores da história, sempre é caçado em quadra, é comum nas partidas irem dois ou três de uma fez em cima dele, tentando bloquear seu arremesso de três, os adversários não tiram o olho dele. Steve Kerr chegou a afirmar que nem na época da Jordan´s rules, ele tinha visto times criarem estratégias e esquemas para pararem um único jogador. Mas Steph é um jogador diferenciado, tendo uma esplêndida percepção de jogo sem a bola, que auxilia muito quando está muito marcado.

O off ball é umas das artimanhas do “brinquedinho assassino” quando se trata de movimentação, enquanto o time trabalha a bola, Curry sempre está observando o jogo, procurando algum espaço vazio para o arremesso, para isso ele utiliza como suporte o corta-luz, que é quando o jogador que está atacando para na frente do defensor, fazendo uma cobertura para o outro jogador ter espaço para o arremesso. O backdoor é também é muito usado por Curry, que é o crossover sem a bola, o jogador finge que vai para um lado, o defensor acompanha e rapidamente vai para o outro lado, enganado o adversário. Mostra o quanto Stephen Curry é eficiente sem a bola, não só nos arremessos, mas na movimentação. Steph tem um dos melhores posicionamentos da história da liga.

O camisa 30 dos Warriors tem um grande diferencial e que poucos têm, não só seus arremessos mágicos ou seus dribles desconcertantes por cima de dois ou três adversários, mas, sim, sua paixão pelo esporte. Curry joga com alegria, sempre sorridente e com disposição de vencer, vemos isso muito bem nos pré-jogos, ele segue para os incansáveis arremessos de longa distância e, em seguida, segue interagindo com os fãs com seu carisma, conquistando milhões e milhões de seguidores de todo o mundo. Isso torna-o um jogador único. Ele faz coisas que nenhum jogador faz ou fez na história do basquete, não é à toa que é o único MVP unânime da história da NBA.

Steph sempre estará no imaginário dos fãs, com seus lances de fazer qualquer um ficar de pé, até mesmo aqueles que não sabem nada de basquete, apreciando o jogador que é. Como não se lembra do lance contra os Clippers, passando de quatro adversários como se fossem crianças, nem precisa falar da cesta que foi.

Steph traz uma grande mensagens aos jovens que sonham um dia entra na liga mais difícil do mundo, a paciência. Se não fosse a paciência de treinar duro, ouvir as críticas, o que seria Curry? Talvez não veríamos o jogador que foi capaz de revolucionar a NBA. Stephen é a prova que você não precisa ser um super humano para jogar basquete, é capaz de jogar com amor e treino. Não sabemos se vai surgir outro Stephen Curry na NBA, por isso, é muito importante aproveitar cada momento que esse jogador faz em quadra, e agradecer por nascer na mesma época que ele.

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Por João Martins – Fala! Metodista

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