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Enem 2020: A prova e os problemas de sua aplicação

As inscrições para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2020 se iniciaram nesta segunda-feira (11), através do site oficial do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). A princípio, as provas serão aplicadas em novembro. No entanto, a manutenção do exame implica em uma série de problemas que serão apresentados a seguir.

Unicamp e Fuvest serão no mesmo dia do enem digital
Problemas com datas marcam Enem 2020. | Foto: Reprodução.

Mudanças no cronograma escolar e desigualdade

Devido à pandemia de Covid-19, as aulas presenciais foram canceladas em todo o país. Com isso, muitas escolas adotaram as aulas on-line, mas vale lembrar que esse modelo tem sido duramente criticado por parte dos alunos e dos professores.

Para começar, falta estrutura para que as plataformas de ensino funcionem perfeitamente. Ainda, com o isolamento social, muitas atividades cotidianas passaram a ser feitas exclusivamente pela Internet, seja para os trabalhos que permitem home office, seja para serviços bancários ou até mesmo para o preenchimento do ócio, provocando, assim, uma sobrecarga e consequente lentidão da rede, o que acaba prejudicando a interação em tempo real.

Além disso, não podemos nos esquecer do principal: a desigualdade de acesso à Internet. Para alunos de escola particular, que possuem aparelhos com conexão de última geração, as aulas on-line até podem ser o suficiente para que consigam estudar tranquilamente. Agora, e quem não tem computador ou celular em casa? 

Segundo uma pesquisa divulgada pelo TIC Domicílios, em agosto de 2019, 30% da população não teve acesso à Internet em 2018. Portanto, embora estejamos vivendo nos tempos da conexão, nem todos possuem livre acesso a ela. Então, como um aluno que não pode contar com essa poderosa ferramenta e está perdendo aulas poderia disputar uma vaga com um concorrente que está tendo matéria diariamente e ainda pode pesquisar e revisar o conteúdo sempre que precisar?

Contestações

Insatisfeitas com a realização das provas ainda esse ano, muitas instituições contestaram a decisão do MEC (Ministério da Educação) e pediram o adiamento. No Rio de Janeiro, 11 instituições, incluindo a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), assinaram um documento solicitando dilação das datas de inscrição e de aplicação. No documento, foram dados exemplos de países como a China, Estados Unidos, França e Inglaterra que decidiram adiar seus exames nacionais.

Em São Paulo, uma decisão liminar foi proferida na intenção de alterar o calendário. Mas logo foi indeferida pelo TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), aceitando um recurso do governo. Ademais, entidades estudantis como a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) também se mostraram favoráveis ao adiamento. Assim como um relatório técnico do TCU (Tribunal de Contas da União), que reiteram a inviabilidade de aplicação do exame esse ano.

Mesmo assim, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, por meio de suas redes sociais, descartou a possibilidade de protelação e ainda afirmou que políticos de esquerda querem acabar com as expectativas dos candidatos que farão o Enem. Sendo assim, contrariando os apelos, as datas estão mantidas e as provas impressas seguem previstas para os dias 1 e 8 de novembro, e o Enem digital para os dias 22 e 29 de novembro – dias que coincidem com os vestibulares da Unicamp e da Fuvest, respectivamente.

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Por Fernanda Oliveira – Fala! Anhembi

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