sexta-feira, 19 abril, 24
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Crônica: Comportamentos imprevisíveis

Por Bruna Saori – Fala! Puc

Comportamentos imprevisíveis

Um hotel fazenda pacato, distante, calmo, levemente entediante. Logo na primeira noite, a caminho do restaurante, uma placa: “o hotel recebe espontaneamente a visita de macacos. Cuidado, seus comportamentos podem ser imprevisíveis”. Uma placa da qual achei graça a princípio.

O dia seguinte à nossa chegada amanheceu nublado. Na metade do café da manhã começou uma chuva forte e de gotas pesadas, aquela torrente veraneia característica do mês de janeiro.

Não tardou para um pequeno tumulto se formar na porta do restaurante, sob vigas do telhado de madeira que cobria o corredor aberto que indicava o caminho: pelo menos uma dezena de saguis pequenos, cinzas e brancos, pulando das árvores, protegendo-se da chuva e virando atração turística.

Bananas e outras frutas foram oferecidas aos visitantes inesperados (e aceitas fervorosamente), muitos smartphones foram levantados, as câmeras disparadas freneticamente, vídeos gravados por crianças sorridentes. Macacos acuados, assustados com o alvoroço.

Não somos nós que temos que ter medo deles. Eles que tem que ter medo de nós. Eles são animais, não são imprevisíveis, apenas queriam se proteger contra a água e o vento frios e o ser humano insistia em perturbar sua paz, insistia em oferecer frutas que poderiam não lhes trazer bem (além de bananas, foram oferecidas uvas, maçãs, tangerinas, ameixas…), foram jogados flashs de luz que os deixaram ainda mais assustados.

Nós somos burros e imprevisíveis. Naquela hora cheguei à conclusão de que a placa estava ao contrário. “Cuidado com os humanos”, é o que deveria dizer.

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