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Crítica: ‘A Menina que Matou os Pais’, o filme que chocou o Brasil

Quem viu, lembra! Já se passaram quase vinte anos da fatídica noite, quando os pais de Suzane, Manfred e Marísia, foram encontrados na cama do quarto, assassinados por Daniel e Cristian, que usaram barras de ferro para o serviço. Foi o maior estardalhaço, a imprensa acampava na porta da casa classe média alta onde viviam a família Richthofen, cobriam cada movimento do caso com a polícia e equipe de investigação, até os programas de variedades, com culinária e artesanato, discutiam o acontecido. Em resumo, foi uma cobertura total do ocorrido.

Deste modo, acompanhamos por alguns anos, todo tipo de assunto relacionado ao caso, incluindo o julgamento dos réus. Quase vinte anos depois, alguém achou isso uma boa ideia para transformar em um evento televisivo do começo do século, não apenas em uma, mas duas obras ficcionais.

Assim é A Menina Que Matou os Pais, filme que conta a história de Suzane von Richthofen, a jovem que em 31 de outubro de 2002 participou do assassinato de seus pais, dupla que concluiu o plano estabelecido pela garota interessada em dar fim aos seus progenitores, considerados como obstáculos em sua trajetória.

Adiada por causa da pandemia, a versão cinematográfica dos fatos foi esperada com muita ansiedade e curiosidade por parte do público e da crítica, pois o material promocional e as informações de bastidores prometiam uma história misteriosa e avassaladora, tudo isso ficou apenas na promessa. Dirigido por Maurício Eça, o filme não é uma experiência de entretenimento e arte ruim, mas peca bastante por ser convencional, isto é, nada ousado.

A Menina que Matou os Pais traz a visão de Daniel Cravinhos sobre o crime.
A Menina que Matou os Pais traz a visão de Daniel Cravinhos sobre o crime. | Foto: Reprodução.

Uma análise crítica sobre A Menina que Matou os Pais

Ao longo de seus 80 minutos, A Menina Que Matou os Pais cumpre todos os requisitos dramáticos e estéticos de uma trama básica sobre o planejamento de um crime, baseado em dados. Em seus atributos estéticos, a produção consegue alguns momentos inspirados, em especial, pela direção fotográfica de Jacob Solitrenick e seus enquadramentos e movimentos.

Em linhas gerais, é um filme básico e sufocado pelos próprios convencionalismos narrativos. Assim a narrativa sobre Suzane von Richthofen, interpretada por Carla Diaz num trabalho com bastante entrega e qualidade de atuação, garota que mora com os pais, Marísia von Richthofen e Manfred von Richthofen, além de seu irmão, Andreas von Richthofen.

Pela ótica que é adotada no roteiro, esse espaço familiar se completa de muito conforto e bem-estar nos quesitos materiais, mas é um terreno minado por relacionamentos intoxicados pelo consumo de álcool excessivo do pai dela, um homem que é bem agressivo como diz os relatos da garota, tinha uma queda por abuso sexual e perversidade psicológica. Ademais, a toxicidade também parecia vir da matriarca, uma mulher que não aceitava a paixão da filha pelo namorado sem grandes pretensões intelectuais e financeiras.

Diante do exposto, com suas escolhas técnicas padronizadas, nenhuma ousadia narrativa e ritmo morno que parece um filme qualquer sobre desafios de adolescentes que querem consumar a relação amorosa, A Menina Que Matou os Pais segue o ponto de vista de Daniel Cravinhos, devidamente interpretado por Leonardo Bittencourt, também dedicado e inspirado em seu trabalho diante das telas.

Ele é o jovem que ajuda a namorada a de alguma forma sair da vida implicantes dos pais que são aparentemente abusivos, preocupados com o futuro da filha. Por isso, eles se preocupam com o relacionamento da jovem e um rapaz sem grandes perspectivas. Para ajudar no crime, eles contam com o apoio de Christian Cravinhos, figura que reluta, mas acaba aceitando a empreitada que demarcou para sempre a sua vida.

Para compreender a proposta, torna-se necessário o espectador conferir O Menino Que Matou Meus Pais. São filmes que dialogam entre si, com mesma equipe técnica e proposta dramática e estética. Ambos semelhantes em tudo, inclusive no desenvolvimento pouco ousado para uma abordagem temática tão polêmica.

Para quem acompanhou o crime na época, vale a pena conferir as duas obras e visões diferentes do caso, uma vista por Suzane e outra por seu namorado.

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Por Sabrina Ferreira – Fala! Centro Universitário Brasileiro de Pernambuco

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