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Conhecendo as Lendas do Futebol: Andriy Shevchenko

Andriy Shevchenko é conhecido por muitos fãs da bola redonda, principalmente os que acompanharam o mundo do futebol na primeira década do milênio, como um dos maiores e melhores atacantes que viram jogar. Com passagens por algumas das melhores equipes da Europa, o camisa 7 era capaz de colocar a bola na rede de todas as maneiras possíveis. 

Porém, para o povo ucraniano, terra em que Shevchenko nasceu, ele representa muito mais do que isso. Sendo o maior esportista da história deste jovem país, é tratado com verdadeira idolatria, o qual carrega o seu amor pela Ucrânia e pelo povo em qualquer lugar que esteja.

Andriy Shevchenko
Andriy Shevchenko, o maior atleta e ídolo ucraniano de todos os tempos. | Foto/ Reprodução: Globo

A história de Andriy Shevchenko

Andriy Mykolayovych Shevchenko nasceu em 29 de setembro de 1976, na província de Dvirkivshchyna, a qual ainda pertencia à União Soviética. Desde muito cedo, o filho de soldado soviético possuía um talento ímpar com os esportes, tendo muita facilidade para praticar modalidades como boxe e hóquei no gelo. Porém, o que Shevchenko fazia com uma bola de futebol, era algo que nenhum dos outros meninos era capaz de fazer.

Aos nove anos de idade, o seu talento despertou a atenção de um olheiro de um dos maiores clubes ucranianos: o Dínamo de Kiev. Este membro do Dínamo convidou Shevchenko para fazer um teste para as categorias de base do clube, e como esperado, o jovem ‘Sheva’ não teve problemas para mostrar que não era como os outros ‘atletas mirins’, e foi aprovado para jogar pela equipe da capital ucraniana.

Após se destacar nas categorias menores do Dínamo de Kiev, Andriy Shevchenko recebeu a sua primeira oportunidade no profissional da equipe em 5 de maio de 1993, quando tinha apenas 16 anos. Jogou por apenas 12 minutos diante do Chornomorets-2 Odessa, mas este era só o começo.

Andriy Shevchenko
Shevchenko nos tempos de Dínamo de Kiev. | Foto/ Reprodução: Transfermarket

No ano seguinte, jogando pelo time B do Dínamo, começou a transcrever no futebol profissional, tudo aquilo que demonstrou ser capaz de fazer nas categorias de base. Marcou 12 gols, tornou-se titular e anotou o primeiro Hat-Trick de sua carreira. Passando mais de dois anos no Dínamo-2, Shevchenko teve tempo de amadurecer o seu jogo e se preparar para a Ukranian Premier League, quando voltou a ser chamado para o time principal em 1996.

Aos 18 anos, estava pronto para dar o próximo passo em sua carreira, e nunca mais voltou para o segundo time do Dínamo de Kiev. Naquele ano, foi campeão nacional, e no ano seguinte, voltou a dar a volta olímpica após uma temporada de 6 gols em 20 partidas. 

Na temporada de 1997/98, Shevchenko jogaria a Champions League, competição que ainda viria a brilhar na carreira jogando pelas grandes equipes da Europa, e em sua estreia, colocou o seu nome no radar de todo o mundo. Precisou de apenas 45 minutos para fazer três gols diante do Barcelona na estreia da competição, em uma vitória por 4 a 0 do Dínamo de Kiev em pleno Camp Nou.

No ano seguinte, Andriy Shevchenko marcou um total de 25 gols em 29 jogos, somando o campeonato ucraniano e a Champions League, incluindo outro Hat-Trick diante de um gigante espanhol, desta vez o Real Madrid. A realidade é que o futebol de sua terra natal já era muito pouco para o talento de Shevchenko, e agora viria a encantar na Europa Ocidental. ‘Sheva’ foi campeão ucraniano em todos os cinco anos que jogou na equipe principal do Dínamo de Kiev.

Em 1999, foi contratado pelo Milan por 25 milhões de dólares, sendo esta a contratação mais cara do futebol na época. Em seu ano de estreia, ao lado de nomes como Michael Platini, Ferenc Hirzer e Gunnar Nordahl, anotou 24 gols em 32 jogos e se tornou campeão italiano. No ano seguinte, voltou a fazer 24 gols, incluindo 9 na Champions League, em mais uma temporada de sucesso para o atacante ucraniano.

Milan
‘Sheva’ atuando pelo Milan. | Foto/ Reprodução: ge

No ano de 2002, conquistou a sua primeira Liga dos Campeões pelo Milan, mesmo que tenha jogado pouco por conta de lesões, tornando-se o primeiro ucraniano a ganhar a competição. Até 2006, seguiu fazendo muitos gols e o Milan conquistando títulos. Em sete anos como atacante Rossoneri, o camisa 7 marcou 175 gols em 296 jogos, tornando-se o segundo maior goleador da história do clube italiano.

Em 28 de maio de 2006, Andriy Shevchenko trocou o vermelho e preto pelo azul do Chelsea. Por uma bagatela de £30 milhões, o atacante se juntou à equipe comandada por José Mourinho. Porém, o ídolo ucraniano passou a sofrer com muitas lesões, e a realidade é que a sua passagem pelo Chelsea foi bastante apagada, ficando muitos jogos no banco de reservas.

Com isso, em 2008 foi emprestado para o Milan, clube em que viveu seu grande momento apenas poucos anos antes. Entretanto, Shevchenko marcou apenas 2 gols em 26 partidas, e ao final daquele ano, retornou para o último ano de contrato com o Chelsea. Em mais uma oportunidade com o uniforme dos Blues, ‘Sheva’ já não era mais o mesmo, e teve mais uma temporada de pouco destaque com a equipe inglesa.

Em 28 de agosto de 2009, assinou um contrato para retornar a equipe que o formou, o Dínamo de Kiev. Já um jogador mais veterano, Andriy Shevchenko jogou até 2012, quando decidiu que seria hora de pendurar as chuteiras, as quais lhe proporcionaram tantas alegria ao longo de mágicos anos no futebol. Ao se aposentar, tentou ainda uma carreira na política ucraniana, o que não durou muito tempo.

Porém, mais do que os anos áureos jogando no futebol europeu, Andriy Shevchenko encantou o seu povo vestindo a camisa azul e amarela da seleção ucraniana. O maior jogador da história do país, também fez muito em campo representando a sua bandeira.

Ao todo, foram 111 jogos e 48 gols pela seleção ucraniana, sendo o artilheiro máximo de seu país. Ajudou a levar a Ucrânia a uma inédita Copa do Mundo em 2006, a qual chegaram até as quartas de final, quando perderam para a eventual campeã, Itália. 

Em 2012, não vivia o melhor momento de sua carreira e estava prestes a se aposentar, mas jogando a UEFA Euro em seu país, proporcionou muita emoção à sua nação ao marcar dois gols diante da Suécia na estreia da competição, e conquistar a primeira vitória da Ucrânia na história da Euro.

A identificação com o seu país era tamanha, com a recíproca sendo bastante verdadeira, que na sua primeira oportunidade como treinador, Andriy Shevchenko assumiu o comando da seleção ucraniana em 2016. Reformulando completamente o futebol da seleção, ‘Sheva’ mostrou que seja usando um uniforme de jogo ou um terno de treinador, ele havia nascido para dar alegrias ao seu país.

Andriy
Andriy Shevchenko como treinador da Ucrânia. | Foto/ Reprodução/UOL

Após uma impressionante campanha nas eliminatórias para a Euro de 2020, a classificação foi sacramentada com uma vitória por 2 a 1 sobre Portugal no Estádio Olímpico de Kiev. Na Euro 2020, a Ucrânia se classificou para as oitavas, e eliminou a Suécia com uma emocionante vitória por 2 a 1 com um gol no último minuto da prorrogação, com tento anotado por Dovbyk… novamente, Andriy Shevchenko fazia história por seu país.

Nas quartas, a Ucrânia foi eliminada pela Inglaterra em uma derrota por 4 a 0, mas o resultado pouco importou, pois só de estar ali, a seleção azul e amarela já havia conquistado muito. Após a Euro, Shevchenko deixou o comando da seleção para buscar um clube, recebendo a oportunidade de treinar o Genoa, da Itália.

Seja jogando, treinando, ou apenas como um cidadão comum, Andriy Shevchenko segue sendo até hoje uma das grandes referências do povo ucraniano, tendo voz para levar as suas cobranças e clamores para todo o mundo, por ser um nome verdadeiramente internacional e conhecido. 

Muito mais do que “apenas” o maior esportista da história de seu país, Shevchenko é um verdadeiro símbolo de representatividade para o seu povo. E neste momento, o eterno camisa 7 seria capaz de trocar todas as suas conquistas pessoais e brilhantes feitos que conquistou ao longo de sua carreira, pela presença da palavra “paz” na vida de cada um de seus conterrâneos.

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Por Filipe Saochuck – Fala! PUC 

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