Depois do difícil ano de 1929, com a crise econômica mundial acarretada pelo Crash da Bolsa de Valores de Nova Iorque, a década de 1930 foi conturbada, com a Grande Depressão e as incertezas que vieram com ela. Apesar da difícil realidade, a indústria cinematográfica conseguiu render para a História do Cinema clássicos extraordinários, que tornaram-se parte da nossa cultura e são rememorados até hoje. Aqui estão cinco filmes da segunda década da Era de Ouro do Cinema Americano.
Filmes clássicos dos anos 30
Scarface – A Vergonha de uma Nação (1932)
Antes de Al Pacino (Scarface, 1983), Paul Muni (A História de Louis Pasteur) estrelou o primeiro Scarface, este, sob o nome Scarface – Vergonha de uma Nação, no papel de Tony Camonte, o Al Capone do cinema. Baseado em crimes reais que ocorreram durante a Lei Seca de Chicago, o filme conta a história de um rapaz ambicioso e insano que, literalmente, derrama sangue e lágrimas (obviamente, não seus), para ir de um simples capanga a chefe da máfia.
Dirigido por Howard Hawks, a produção não foi tão aclamada quanto o mais recente, pois, por tratar de temas muito pesados, acabou sendo fortemente censurada por exaltar os gângsteres e seus crimes. Apesar disso, não se pode negar a influência desse filme na História do Cinema, visto que ele, inclusive, rendeu uma refilmagem em 1983: Scarface, considerado um dos maiores filmes de máfia da História.
Tempos Modernos (1936)
Um retrato cômico da Revolução Industrial inglesa, Tempos Modernos conta a história de um funcionário fabril de vida monótona, repetitiva e, como um bom Vagabundo de Charlie Chaplin, atrapalhada. A “monotonia frenética” do trabalho leva o operário à loucura, sendo internado em um sanatório após uma crise nervosa. Ao ser liberado, depara-se com as mais diversas realidades da Inglaterra recém-fordista: desemprego, protestos operários, fome e descaso governamental.
Apesar dos temas pesados e das fortes críticas, o filme arranca boas risadas, tratando a realidade da mão de obra não especializada e, assim, “descartável”, com muito humor e inteligência. Referência até hoje no Cinema, Tempos Modernos é considerado um dos maiores filmes estadunidenses pelo American Film Institute e, sem dúvidas, é uma das obras-primas de Chaplin.
A Branca de Neve e os Sete Anões (1937)
Das páginas obscuras e assustadoras dos Irmãos Grimm para as telas de cinema em forma de desenho animado, a Branca de Neve e seus sete amigos anões são amados mundo afora há 84 anos. Com a pele cor de neve, cabelos cor de ébano e lábios cor de sangue, Branca de Neve é considerada “a mais bela de todas” pelo espelho mágico de sua madrasta, a Rainha Má. Com isso, a vilã ordena ao Caçador matá-la, para, assim, voltar a ser a mais bela.
Com pena da jovem, ele a poupa da morte e a abandona no bosque, onde a princesa é acolhida por sete anões. Em meio a muitas cantorias, o filme ainda conta com uma bruxa má, uma maçã envenenada e um beijo de amor verdadeiro. O primeiro filme animado da Disney não levou nenhuma estatueta, mas deu o pontapé inicial nas produções encantadas e animadas que tornaram a Disney o que ela é hoje.
O Mágico de Oz (1939)
82 anos atrás, Somewhere Over The Rainbow chegava aos ouvidos dos espectadores, atingindo, desde então, os corações de cada um que assistisse à fantasiosa aventura de Dorothy (Judy Garland) e seu cachorro Totó à terra de Oz. Do diretor Victor Fleming, esse musical conta a história de uma garota simples do Kansas que é levada, por um tornado, a Oz.
Em busca de voltar para casa, Dorothy começa uma viagem para encontrar o poderoso Mágico de Oz (Frank Morgan) na Cidade das Esmeraldas e conhece, no caminho, seus companheiros de viagem: um espantalho sem cérebro (Ray Bolger), um homem-de-lata sem coração (Jack Haley) e um leão sem coragem (Bert Lahr). Seguindo a estrada das pedras amarelas, esse filme venceu dois Oscars, de Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Canção Original, permanecendo um sucesso até os dias de hoje.
…E o vento levou (1939)
Em meio à Guerra Civil Americana e o período de Reconstrução, Scarlett O’Hara (Vivien Leigh), a filha mimada de um grande fazendeiro local, precisa lutar para manter a plantação de algodão de sua família. Durante essa época de caos, Scarlett envolve-se em um romance conturbado com Rhett Butler (Clark Gable), um homem cínico, mulherengo e completamente apaixonado por ela.
O relacionamento dos dois é repleto de brigas e reconciliações, uma montanha-russa de emoções que se estende por mais de 10 anos. Do mesmo diretor de O Mágico de Oz, Victor Fleming, …E o vento levou foi o primeiro filme a receber dez Oscars, dentre eles Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante (recebido, pela primeira vez, por uma atriz negra) e Melhor Diretor. Esse romance de época arranca suspiros apaixonados de espectadores há 82 anos, e ainda contando.
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Por Giulia Howard – Fala! Cásper