Conheça 5 das mulheres mais importantes para a história brasileira

A mulher, no Brasil e no mundo, luta até hoje pela conquista de respeito, de direitos e de espaços. O ensino superior, por exemplo, só foi permitido por lei para as mulheres em 1879. E ainda assim, elas dependiam de seus pais ou maridos para realizar uma matrícula. Mesmo assim, muitas mulheres encararam uma realidade totalmente desfavorável e deixaram sua marca. Conheça 5, de inúmeras, mulheres que revolucionaram a história brasileira.

5 mulheres importantes para a história do Brasil

Narcisa Amália de Campos (1852-1924) 

A poeta e jornalista Narcisa Amália, uma das grandes mulheres da história brasileira.
A poeta e jornalista Narcisa Amália, uma das grandes mulheres da história brasileira. | Foto: Reprodução

Nascida em São João da Barra, no Rio de Janeiro, Narcisa era filha do poeta Jacome de Campos e da professora primária Narcisa Inácia de Campos. Casou-se duas vezes, a primeira com 14 anos e a segunda com 28, e em ambas acabou se divorciando.  

Narcisa teve grande sucesso com sua primeira e única publicação como poeta, o livro Nebulosas, que foi lido e elogiado até por Machado de Assis e Dom Pedro II. Porém, seu sucesso foi tanto que ela passou a sofrer difamações de seu ex-marido e outros escritores. A poeta foi acusada de roubar seus versos de homens com quem ela se envolvia. Cansada dos ataques, parou de escrever e mudou-se para São Cristóvão, também no Rio de Janeiro, onde dedicou-se ao Magistério. 

No entanto, o que realmente faz com que Narcisa Amália seja lembrada e vista como inspiração até hoje foi a fundação da “Gazetinha: folha dedicada ao belo sexo”, o primeiro jornal feito por uma mulher no Brasil. Suas publicações que defendiam o direito das mulheres e a abolição da escravatura ganharam proporções nacionais.

Nada há que justifique essa tenaz perseguição da mulher; e entretanto foi perpetuada de século a século! Na Ásia, de rosto sempre velado, ignorante e submissa como um cão, trabalhava, comia e chorava à vontade do senhor, sem que uma palavra de simpatia jamais lhe dilatasse o coração; na Índia, levavam-na mais longe: atiravam-na à fogueira no dia em que lhe expirava o marido! Em Babilônia, era vendida em praça pública; em Esparta, escolhida ao acaso; em Atenas, circunscrita nos gineceus. Batida, aviltada e corrompida pelo homem, a mulher romana, por sua vez, bate, avilta e corrompe o homem no filho.

trecho da crônica “A mulher no século XX”, por Narcisa Amália de Campos

Anita Malfatti (1889 – 1964)

Autorretrato e Retrato de Mário de Andrade, respectivamente.
Autorretrato e Retrato de Mário de Andrade, respectivamente. | Foto: Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros – USP

Filha do engenheiro italiano Samuel Malfatti e da artista norte-americana Betty Krug, Anita nasceu em São Paulo no ano de 1889 e foi diagnosticada com atrofia no braço direito. Com o falecimento de seu pai, Betty passou a dar aulas de idiomas e também de pintura para a filha, a fim de ajudá-la no uso da mão esquerda. Esse foi o primeiro contato de Anita com a arte. 

Financiada pelo tio, ela ingressou na Academia Imperial de Belas Artes de Berlim e entrou em contato com o expressionismo e toda a variedade de vanguardas artísticas que floresciam na Europa naquele período. Quando Anita retornou ao Brasil, em 1916, montou suas primeiras exposições para mostrar todo seu novo trabalho. 

Nesse momento, o Brasil ainda tinha tido o mesmo contato que Anita com a arte modernista, que se popularizou aqui apenas alguns anos depois. Seus quadros, portanto, chocaram e não foram muito bem recebidos. O autor Monteiro Lobato, ao conhecer o trabalho de Anita, publicou uma dura crítica conservadora no Estadão e fez com que muitos de seus quadros já comprados fossem retornados. 

Apesar das críticas, Anita prevaleceu como um dos nomes mais importantes do Modernismo no Brasil. Participou da histórica Semana de Arte Moderna de 1922 ao lado de Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia e Mário de Andrade e foi imprescindível na quebra do conservadorismo na arte brasileira.

Irmã Dulce (1914 — 1992) 

Irmã Dulce aos 20 anos.
Irmã Dulce aos 20 anos. | Foto: Wikimedia Commons

Em 26 de maio de 1914, na casa de número 36 do bairro do Barbalho, Salvador (BA), nasceu Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, mais conhecida como Irmã Dulce. Desde criança, sempre teve interesse pela vida religiosa e causas sociais, porém seu pai somente a permitiu seguir nesse caminho após os estudos. 

Maria formou-se professora primária e tornou-se freira, recebendo o nome de Irmã Dulce em homenagem à mãe. Então, passou a dar aulas de História e Geografia em um colégio religioso. Irmã Dulce se tornou conhecida por suas ações sociais para ajudar os pobres e os enfermos, dentre elas a fundação do colégio Santo Antônio, criação de albergues e a constante busca de doações para pessoas que necessitavam. 

Conta-se também que Dulce, junto de 300 crianças, cercaram o ex-presidente Eurico Gaspar Dutra em uma viagem a Salvador, para chamar sua atenção para a desigualdade social e conseguir verbas para ajudar mais pessoas na cidade. 

Seu reconhecimento mundial se deu quando foi indicada por José Sarney, então presidente da República, ao Prêmio Nobel da Paz. E no dia 13 de agosto de 2019, após a igreja católica reconhecer dois milagres realizados por ela, Irmã Dulce foi beatificada pelo Vaticano e se tornou a primeira santa brasileira.

Enedina Alves Marques (1913 – 1981) 

Enedina Alves Marques, uma das mulheres de destaque na história do País.
Enedina Alves Marques, uma das mulheres de destaque na história do País. | Foto: reprodução

Nascida em Curitiba, no ano de 1913, Enedina cresceu na casa do major Domingos Nascimento Sobrinho, onde sua mãe trabalhava. Foi ele quem financiou seus estudos em colégio particular até sua conclusão, quando Enedina alcançou seu sonho de ingressar na Universidade Federal do Paraná para estudar engenharia. 

Ela foi a única mulher e a única negra de sua turma, passando por muitas dificuldades ao longo de sua trajetória universitária. Em 1945, Enedina se formou e entrou para a história como a primeira mulher a se formar em engenharia no Paraná e a primeira engenheira negra do Brasil. 

Trabalhou em diversas obras do estado do Paraná, com destaque para o projeto da Usina Capivari-Cachoeira, e é reconhecida como uma engenheira de grande sucesso, abrindo caminho para muitas outras mulheres negras na área.

Nise da Silveira (1905 – 1999) 

Nise da Silveira, revolucionária do ramo psiquiátrico.
Nise da Silveira, revolucionária do ramo psiquiátrico. | Foto: Reprodução.

Natural de Maceió, Nise da Silveira já deixou sua marca ao ser a única mulher entre 156 homens a se formar em 1926, na Faculdade de Medicina da Bahia. Porém, sua história, que virou até livro e documentário, está apenas começando. 

Casou-se com um ex-colega, Mário Magalhães da Silveira e mudaram-se para o Rio de Janeiro, onde Nise iniciou sua carreira como médica psiquiatra. Era o período do Estado Novo, de Getúlio Vargas, e, acusada de simpatia com o comunismo, a médica se tornou uma presa política. Foi durante a prisão que ela conheceu Olga Benário e Graciliano Ramos, sendo inspiração até mesmo para uma das personagens de seu livro Memórias do Cárcere

Nise é considerada revolucionária na psiquiatria brasileira pois era radicalmente contra a maneira como os hospitais tratavam os pacientes: eletrochoques, lobotomias e camisas de força. A médica acreditava em métodos muito mais humanos e estava disposta a fazê-los acontecer. Tratamentos que utilizavam a expressão artística e o contato com cães e gatos, por exemplo, foram usados por ela em seus pacientes.

Obras de arte produzidas por pacientes de Nise da Silveira, uma das grandes mulheres brasileiras.
Algumas das obras de arte produzidas por pacientes de Nise da Silveira, hoje expostas no Museu de Imagens do Inconsciente. | Foto: Reprodução.

Não se cura além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda.

Nise da Silveira

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Por Leticia Negrello Barbosa – Fala! UFPR

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