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Conheça 2 projetos criados em defesa às mulheres

A reportagem do Profissão Repórter, exibida no dia 20 de julho, disponível no Globoplay, acompanha casos de mulheres que sofreram violência doméstica durante a pandemia. Ao longo da matéria, são expostos os projetos Tempo de Despertar e Helpp, iniciativas com intuito de diminuir os casos de violência contra a mulher.

De acordo com a matéria do O Globo, divulgada em 15 de julho de 2021, os dados divulgados do 15° Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que em 2020, 694.131 ligações foram feitas  ao 190 para denunciar violência doméstica no Brasil. Isso significa que o País registrou mais de uma chamada por minuto para denunciar violência doméstica contra mulheres em suas casas.

Contando com os dados do Anuário, foram contabilizados 230.160 registros de lesão corporal nas vítimas de violência doméstica, o que significa que ao menos 630 mulheres procuraram autoridade local para denunciar o agressor. O número é inferior ao registrado em 2019. Segundo os dados coletados junto às polícias civis dos estados, houve uma queda de 7,4% de ocorrências, porém, a redução não significa que as agressões deixaram de acontecer com frequência, já que com a consequência do isolamento social, a vítima passa a conviver 24h com seu agressor, logo, impedida de denunciar às autoridades.

A varejista Magazine Luiza, em apoio à causa, divulgou em um post do Instagram a funcionalidade do botão de denúncia, destinada às vítimas de agressão doméstica. A iniciativa de ‘’Eu Meto a Colher Sim” tem o objetivo de ajudar as mulheres que passam por essa situação.

Botão disponibilizado às vítimas de violência doméstica.
Botão disponibilizado às vítimas de violência doméstica. | Foto: Reprodução/Magazine Luiza.

O caso de Pamella Holanda, ex-mulher do DJ Ivis, repercutiu na mídia. Os vídeos divulgados pela mesma mostram as agressões realizadas por Iverson Lima de Souza, detido no dia 14 de julho e que permanece em custódia no presídio Irmã Imelda Lima Pontes, em Fortaleza.

Segundo o relato de Pamella Holanda ao Fantástico, as agressões começaram no ano passado. Ela conta: “Eu estava grávida de 5 para 6 meses, já era tarde e eu pedi para ele não sair, aí ele já veio e me segurou pelo pescoço, e foi me arrastando do corredor até o sofá. Aí eu não acreditei.’’. A vítima conta como foi a última agressão e acredita que ‘’ele sempre acreditou que eu jamais teria coragem de denunciá-lo tanto de tornar público’’, finaliza.

Em entrevista à Caco Barcellos, Daciane Barreto, coordenadora da Casa da Mulher Brasileira diz que ‘‘Infelizmente, esse episódio (em referência ao caso do Dj Ivis) é exemplo do que acontece diariamente com milhares de mulheres no nosso país. Foi uma grande coragem da Pamella divulgar essas imagens e encorajar as mulheres a denunciar’’.

Projetos em defesa das mulheres no Brasil

Tempo de Despertar

O Tempo de Despertar, idealizado pela Promotora de Justiça Maria Gabriela Prado Manssur em 2013, tem o intuito de ressocialização e responsabilização dos agressores. A princípio, teve início em Taboão da Serra e logo foi se expandindo em outras cidades e estados. Em São Paulo, tornou-se Lei Municipal (Decreto N° 58.334/2018).

Cidades em que o projeto em defesa às mulheres tornou-se lei.
Cidades em que o projeto tornou-se lei. | Foto: Reprodução/Justiça de Saia.

De acordo com as apresentações disponibilizadas do Justiça de Saia, os encontros são quinzenais e possui 2h30 de duração. Devido à pandemia, os encontros passaram a ser on-line. Nos encontros é feita a exposição do tema do dia, há dinâmica, atividades, reflexões e debates.

A frequência é obrigatória, sendo intimado pelo Poder Judiciário, de ofício ou a pedido do Ministério Público. Pode ser como medida protetiva, condições de liberdade provisória e de regime aberto. O descumprimento leva a prisão, advertência ou multa, porém depende da promotoria/vara. Caso algum deles volte a cometer o delito, será condenado e não terá oportunidade de participar do Projeto. 

Em entrevista ao Catraca Livre, Sérgio Barbosa, o coordenador do Tempo de Despertar, conta que os homens chegam nos primeiros encontros bem resistentes, raivosos e culpando as mulheres e não entendem o que estão fazendo lá. ‘’A partir do momento em que muda o discurso, a gente percebe que eles começam a se tornar responsáveis pela situação de violência. Isso não significa que se tornam culpados, mas sim, responsáveis por mudar a situação. Um dos sinais é quando começam a falar mais deles e de seus sentimentos do que sobre as mulheres que os denunciaram.’’

Sérgio enfatiza que projetos como Tempo de Despertar são para salvar a vida das mulheres e também dos homens, de identificar sinais de ameaça ou qualquer atitude que ponha em risco a integridade física e psicológica da vítima.

Helpp

Rita D’Ambrosio mantém o abrigo que recebe mulheres e seus filhos no litoral sul de São Paulo. A voluntária vendeu o apartamento e o carro para utilizar o recurso para investir nas obras do espaço. O Projeto Helpp acolhe vítimas e dá suporte a elas na procura de emprego e moradia.

No anseio de ajudar, você não vai vendo limites. Eu sou mãe, tenho neto. O que eu não desejo para as minhas filhas e para mim, eu não quero desejar para o próximo. Não estou aqui fazendo assistencialismo, estou fazendo o meu dever cívico.

Conta Rita em entrevista ao Profissão Repórter
Rita ajuda mulheres que são vítimas de violência doméstica a construir e mobiliar suas casas.
Rita ajuda vitímas de violência doméstica a construir e mobiliar suas casas. | Foto: Reprodução/Profissão Repórter.

Em 16 anos de projeto, Rita já ajudou a mobiliar mais de 1.400 casas. Ela procura oportunidades de doações de móveis, materiais de construção e se encarrega de reformar e mobilhar a casa alugada. ‘’Eu bato em quantas portas forem necessárias. E eu posso receber trinta ‘não’, mas cinco ‘sim’ já contribuem para alguma coisa e para gente continuar”, declara Rita.

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Por Isabella Martinez – fala! Anhembi

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