Hong Kong passou por uma década, de 2010, marcada por muitas confusões e instabilidades institucionais, sendo elas causadas pela influência chinesa aos interesses democráticos da população local.
O território foi entregue à China pelo controle britânico em 1997, em um processo de devolução, submetido a um acordo denominado “Lei Básica“, pauta do famoso lema “um país, dois sistemas”.
O projeto previa total liberdade de Hong Kong na instância judiciária, tendo a localidade autônoma obrigação de formular seus próprios regimentos de segurança. Em 2003, houve uma tentativa, mas a dinâmica não foi “aprovada” pela população, a qual marcou acintosos protestos; na década passada notou-se uma grave influência do atual presidente chinês Xi Jinping, exigindo a extradição de criminosos honcongueses para serem julgados na radical justiça da China.
Hong Kong tinha o privilégio de ser o único espaço chinês a não contar com determinações jurídicas da Ditadura Chinesa, fato colocado à deriva nos últimos anos, com resistência de grande parte da população em variados protestos pró-democracia. No entanto, em junho de 2020, foi aprovada a nova lei de segurança nacional, com autoria vinda de Pequim, comprometendo às liberdades individuais de muitos.
Os artistas em meio à realidade de Hong Kong
A censura é uma das palavras mais citadas quando se comenta acerca das produções artísticas feitas no espaço chinês, havendo a figura de censores, os quais fiscalizam minuciosamente as obras então produzidas, não devendo elas violar a secessão (rompimento ao país), subversão (atentar a figuras do Executivo), terrorismo e conluio com forças estrangeiras.
Figuras célebres, como o honconguês Jackie Chan, um dos atores mais famosos e bem pagos do mundo, também levantou a bandeira pró-democrática em reuniões estudantis, sendo perseguido pelo Governo de Pequim; Chan tem residências nos Estados Unidos e na Austrália.
A ovacionada cantora Denise Ho também assumiu o protagonismo em manifestações, sendo proibida de gerar renda no mercado chinês.
O artista plástico Ai Weiwei, que já se apresentou no Brasil, recentemente afirmou, em entrevista dada à BBC, o fato de que a China estaria usando sua força econômica crescente como instrumento de imposição de regras políticas. Weiwei é conhecido pela construção do estádio Ninho de Pássaro, palco das Olimpíadas 2008, no entanto, teve seus estúdios demolidos e a necessidade de fugir da China.
Em contrapartida, outras figuras da arte preferem se omitir das questões políticas que se afloraram na última década em Hong Kong. Liu Yifei, atriz do live-action da Disney, nativa de Wuhan, optou por criticar os protestos pró-democracia, defendendo a base do governo de Xi Jinping, ganhando prestígio dos conservadores locais e xingamentos de bases progressistas.
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Por Luiz Henrique Marcolino Cisterna – Fala! Anhembi