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Beisebol: O ‘Moneyball’ do Oakland A’s e a histórica 20ª vitória consecutiva 

Se você é um apreciador(a) de filmes sobre esportes, certamente, já assistiu ou ao menos ouviu falar de “Moneyball: o homem que mudou o jogo”. Estrelado por personalidades como Brad Pitt (Billy Beane), Jonah Hill (Peter Brand) e Chris Pratt (Scott Hatteberg), o filme conta a história real do Oakland A’s de 2002, e como um homem que adotou uma nova maneira de enxergar e comandar uma franquia na MLB, transformou a liga e o esporte para sempre.

Um dos muitos feitos daquela equipe revolucionária de Oakland, foi quebrar um recorde que perdurava por décadas, e poucos imaginavam que poderiam ser quebrados. Porém, aquele time dos A’s era especialista em superar expectativas e a equipe chegou a uma histórica sequência de 20 vitórias consecutivas, com o último jogo desta disputa sendo uma partida que ficou e ficará marcada na história do beisebol.

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A celebração do histórico Home Run de Scotty Hatteberg. | Foto/ Reprodução: The Mercury News

O Oakland A’s de 2002

Aquela equipe tinha Billy Beane como o seu General Manager, e com ele, uma vontade de bater de frente com as equipes endinheiradas, mas sem ter os mesmos recursos que um grande mercado proporciona. 

Se baseando em estatísticas, apostando em atletas subvalorizados e acima de tudo, baratos e produtivos, as grandes estrelas foram substituídas por atletas de menos nome e menor custo, mas que seriam capazes de levar o time a um número de vitórias muito próximo daqueles que gastavam centenas de milhões de dólares com seus elencos.

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Billy Beane, General Manager dos A’s em 2002. | Foto/ Reprodução: Newsweek

Na temporada anterior, Oakland chegou a ir à pós-temporada com um total de 102 vitórias, mas acabou eliminado no Division Series da Liga Americana para o poderoso (e rico) New York Yankees. No elenco de 2001, os A’s contavam com nomes de muito peso, como o então MVP da AL, Jason Giambi, o outfielder Johnny Damon e o closer Jason Isringhausen.

Sem poderio financeiro para manter estes atletas, ou até mesmo trazer nomes do mesmo nível, Billy Beane sabia que precisava fazer algo diferente para poder competir com os grandes times, mesmo estando em um mercado pequeno como Oakland… e foi aí que se iniciou a história de uma equipe que não viria a ser campeã, mas seria o ponto de virada para o modo como o esporte era encarado e gerido pelas franquias da MLB.

Os A’s foram atrás de nomes pouco badalados, baratos, muitos sendo verdadeiras apostas, mas que estatisticamente falando, poderiam ser capazes de gerar em conjunto, tanta produção quanto um atleta caro e estrelado. Scott Hatteberg, o veterano David Justice e o arremessador Billy Koch, foram alguns que se juntaram aos A’s para a temporada de 2002.

A equipe e o seu General Manager receberam duras críticas da mídia e dos torcedores por tentarem “reinventar o beisebol”, o que só foi corroborado por um início muito inconsistente da equipe. No final de maio, o recorde dos Athletics era de 20–26, mas daquele ponto em diante, a sorte (ou sucesso) de Oakland começou a mudar drasticamente.

No mês de junho, a equipe chegou a conquistar 16 vitórias em 17 jogos, com a única derrota ocorrendo diante do Toronto Blue Jays. Esta sequência foi apenas um aperitivo do que estava por vir na campanha da franquia do norte da Califórnia. No dia 13 de junho, iniciava-se uma das sequências de vitórias mais espetaculares da história do esporte, e tal feito não foi protagonizado por uma equipe endinheirada e cheia de estrela.Contando com partidas grandiosas de seus rebatedores, arremessadores e defensores por semanas, o Oakland A’s conquistou 19 vitórias seguidas, ficando a apenas um triunfo de conquistar o então recorde de vitórias consecutivas da American League. Uma equipe considerada de “patinhos feios” antes da temporada, estava a um jogo de fazer história.

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Oakland A’s durante a temporada de 2002. | Foto/ Reprodução: Yardbarker.com

A 20ª vitória consecutiva 

No dia 09/05/2002, os Athletics (88–51) recebiam no Coliseu de Oakland, o Kansas City Royals (55–84) para mais um duelo daquela temporada da Major League Baseball. Para um lado, seria apenas mais uma rodada, para o outro, uma oportunidade única de fazer história. Com a casa dos A’s completamente lotada e pulsante pela euforia da torcida local, o sonho do recorde pareceu se tornar realidade muito rapidamente… talvez até rápido demais.

Após as primeiras três entradas, os A’s lideravam por nada mais, nada menos, que 11 a 0. Seis corridas na primeira, uma na segunda e quatro na terceira. O jogo parecia ganho, e o domínio de Oakland chegava a ser assustador. Mas foi a partir da quarta entrada, quando os mandantes abaixaram a guarda, que os Royals mostraram que não estavam entregues.

Cinco corridas para Kansas City na 4ª, mais cinco na 8ª entrada e a derradeira do empate na 9ª calaram um Coliseu antes em êxtase… o sonho que outrora parecia tão perto, agora era praticamente uma vasta projeção no horizonte dos jogadores, torcedores, comissão técnica e gestores do Oakland A’s.

Com a confiança inexistente após perder uma liderança de 11 corridas, os mandantes chegaram à parte baixa da nona entrada precisando de um milagre. Para a sorte deles, este milagre era real e tinha nome e sobrenome: Scott Hatteberg.

O jogador de primeira base reserva de Oakland entrou como rebatedor designado, e como em um roteiro do mais clichê dos filmes, rebateu o Home Run da vitória, da explosão e do recorde dos A’s. Em uma montanha russa de emoções, os Athletics venceram os Royals por 12 a 11 em um dos mais espetaculares duelos da história, e de quebra, conquistaram o tão sonhado recorde de 20 vitórias consecutivas.

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Jogadores do Oakland A’s celebrando a quebra do recorde. | Foto/ Reprodução: East Bay Times

Na partida seguinte, os A’s foram derrotados para o Minnesota Twins. A equipe seguiu em alto nível até o final da temporada regular, terminando com um recorde de 103 vitórias e 59 derrotas. Nos playoffs, o Oakland Athletics acabou derrotado no Division Series pelo próprio Twins, em uma série melhor de cinco jogos.

Um final que pode ter parecido decepcionante em uma verdadeira história de Cinderela, mas mais importante do que levantar o título da World Series daquele ano, foi ser o pilar de uma total transformação de como o beisebol passaria a ser encarado pelas equipes da MLB dali em diante.

No fim, nem sempre o grande campeão é o maior vencedor. Muitos fãs de beisebol podem nem saber que o campeão de 2002 foram os Angels, então localizados em Anaheim, mas certamente, a grande maioria conhece a história do Oakland A’s daquele mesmo ano. Como diz o título do filme que conta esta grande história do esporte, Billy Beane e o Oakland A’s ‘mudaram o jogo para a sempre, e desenvolveram uma nova e moderna forma de encarar o tão romântico e tradicional beisebol…

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Por Filipe Saochuck – Fala! PUC

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