A maioria das pessoas que está lendo isso já teve contato em algum momento com seu horóscopo e, definitivamente, sabe seu signo solar do zodíaco.
Um exemplo disso é que, de acordo com uma pesquisa do Wellcome Trust Monitor Survey, na Grã-Bretanha, 21% dos adultos procuram consultar seus horóscopos “frequentemente” ou “muito frequentemente”. Será que é real ou foi perda de tempo?
Inicialmente devemos perguntar: o que é a Astrologia? Astrologia é o estudo da suposta forma que os astros podem influenciar nos acontecimentos terrestres dependendo do dia, da hora e até mesmo dos minutos que uma pessoa nasce.
De acordo com os astrólogos, a posição dos astros pode afetar as características psicológicas e comportamentais de um indivíduo para o resto de sua vida e você pode descobrir detalhes sobre isso ao fazer um mapa astral para descobrir seu signo, entre outras ramificações.
O mapa astral é uma “fotografia” do céu no momento do seu nascimento e depende do mês e do dia para descobrir o signo solar (posição do sol), o signo lunar depende da posição da lua, já o ascendente é a constelação que surge no horizonte leste. Há 12 signos: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra ou Balança, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes.
Entretanto, mesmo com tantos astrólogos confirmando a influência dos astros na Terra, será que há estudos científicos que fortaleçam essa hipótese?
Astrologia X Astronomia
A astronomia é a ciência que estuda e pretende explicar os movimentos e a origem de corpos celestiais no espaço sideral, pesquisam sobre o espaço-tempo e muitas outras hipóteses com embasamentos pautados. Já a astrologia é considerada uma pseudociência, ou seja, um conjunto de teorias que possuem aparência científica, mas que partem de premissas falsas e/ou que não usam métodos rigorosos de pesquisa.
Diferente do que muitos pensam, a astrologia não pode ser considerada uma fé, pois não se baseia em nada sobrenatural, por esse motivo, tenta se passar por uma ciência.
Segundo estudos do sociólogo alemão Theodore Adorno, há uma conexão entre essa pseudociência e o autoritarismo, ambos tendem a ter obediência cega às crenças e isso chega a ser, no mínimo, preocupante para a parcela da população que crê fielmente na influência que os astros têm sobre ela, podendo chegar a decidir fatos importantes de sua vida baseada em fontes não confiáveis como, por exemplo, a maneira como deve agir durante o dia, se o seu parceiro(a) possui compatibilidade com seu mapa astral, entre outros.
Fatos científicos
Pessoas que acreditam em astrologia, geralmente, caem no Efeito Forer ou Efeito Barnum. ” O efeito Forer se refere à tendência que indivíduos têm para avaliar conjuntos de preposições como altamente precisas para eles pessoalmente, mesmo que as declarações possam ser aplicadas a uma enorme quantidade de pessoas”, ou seja, na maioria das vezes, você se identifica e tende a aceitar descrições pessoais vagas mesmo que seja uma característica comum a pessoas de qualquer outra data de nascimento.
Esse efeito foi estudado em 1948 por um psicólogo chamado Bertram R. Forer. Para testar sua hipótese, Bertram entregou um teste de personalidade para os seus alunos e pediu para que cada um deles respondesse de acordo com suas características pessoais e afirmou que, no final, ele forneceria uma análise sobre cada estudante.
Todavia, o psicólogo entregou a mesma análise para todos os alunos e pediu para eles avaliassem de 0 a 5 o quanto de identificação e compatibilidade tiveram com o que estava escrito. Resultado: a média da resposta dos estudantes foi 4,26; dessa forma, é possível identificar um padrão desse efeito que faz com que o indivíduo considere uma ideia geral como exclusivamente aplicada a ela.
Além do Efeito Forer, há outro efeito, o qual completa esse raciocínio que é o Víeis de Confirmação, é um fenômeno que o ser humano tende a lembrar, interpretar ou até mesmo negar acontecimentos de forma com que confirme sua crença.
Sendo assim, quando alguém lê seu mapa astral, boa parte das características são gerais e aplicáveis como senso comum. Já as especificas, que podem destoar da sua personalidade, são automaticamente selecionadas e excluídas no seu cérebro para proteger o que você já acredita que, nesse caso, seria a veracidade da astrologia.
Nos anos 50, o psicólogo e estatístico francês, Michel Gauquelin, publicou em um jornal que estava disposto a fazer o mapa astral de pessoas que se interessassem. Ele escolheu 150 delas e pediu para que preenchessem todas as informações que, geralmente, é solicitada por astrólogos.
Após a apuração, sem eles saberem, Michel mandou o mapa astral característico de um serial killer que havia cometido inúmeros crimes para os participantes. Resultado: 94% das pessoas responderam que aquela análise as descrevia perfeitamente.
Em 1985, o físico Shawn Carlson, do Laboratório Lawrence Berkeley, realizou um teste duplo-cego em que reuniu 28 dos astrólogos mais prestigiados do mundo na época e um grupo de indivíduos que deveriam responder perguntas referentes à sua personalidade em uma ficha. Os astrólogos fizeram, separadamente, o mapa astral de cada uma das pessoas e, no final, receberam, cada um, três questionários de três participantes diferentes e deveriam comparar a ficha com os mapas astrais que haviam produzido anteriormente para deduzir de quem era cada um.
A chance de acerto aleatório é de 1/3 (33%), mas supondo-se que os profissionais teriam embasamento no assunto, a tendência era que a porcentagem fosse bem mais significante. Conclusão: a porcentagem média dos acertos dos astrólogos foi de aproximadamente 33%.
Outra ideia que muitos astrólogos afirmam é que a razão que faz os astros influenciarem na vida humana é a gravidade. Entretanto, essa conclusão vai contra a teoria gravitacional de Newton e Einstein e, também, contra a teoria eletromagnética de Maxwell que comprovam que o efeito dos astros nas pessoas é completamente desprezível.
O que podemos tirar de tudo isso é que a astronomia não é e nunca foi algo cientificamente provado e confiável, mas que muitas vezes é levada como entretenimento ou pauta para conversas. Nesse sentido, seria aceitável, pois esse tipo de imaginação é mais comum do que se imagina.
Muitos possuem certas crenças como pensar que se usar a camisa de um time assistindo o jogo pode dar sorte ou até mesmo pensar que aquele acessório específico ou “amuleto da sorte” lhe ajudará na conquista de uma vaga de emprego, mas nada disso altera o curso da vida de ninguém.
A astrologia deve ser vista dessa maneira, como algo que pode ser até interessante para se analisar, mas não o suficiente, pois basear sua vida e decisões em cima disso pode vir a ser um problema.
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Por Meliah Cristina – Fala! UFPE