Com uma carreira de mais de 15 anos na cena eletrônica, D.Marco iniciou sua trajetória apresentando-se em grandes clubes de São Paulo, logo expandindo sua performance para o restante do país, mas só depois de certo tempo se encontrou na produção musical. Daí para frente, foi só sucesso. Colecionando mais de dez lançamentos por gravadoras internacionais e entrando no ranking das plataformas de venda de música em posições relevantes, ele vem expressando seu talento e originalidade.
Depois de lançar um EP pela nova iorquina NYLO, sendo residente do selo com quatro sets por ano e participando do programa Welcome to the Weekend, que vai ao ar toda sexta-feira na rádio, D.Marco trabalha em novas tracks e busca fugir do convencional da cena.
Sempre irreverente e autêntico, conversamos com o DJ e produtor sobre seu mais novo single Feel The Rhythm ao trabalhar pela primeira vez com uma gravadora brasileira, a Cactunes Records. Perguntamos sobre suas inspirações e motivações para manter-se durante tanto tempo na ativa e ele ainda deu dicas sobre produção musical. Confira!
Veja a entrevista com D.Marco
Oi, D.Marco, obrigado por falar conosco! Você acaba de lançar Feel The Rhythm, inspirado na era em que a Dance Music passou a comandar as pistas. Quais as suas influências na produção dessa faixa?
O prazer é todo meu de bater esse papo com vocês! Minhas influências são todas super típicas da segunda metade dos anos 90. Artistas como Lina Santiago, Angelina e Gala são as referências principais. Foi um processo de nostalgia, fundamentado em lembranças que eu tenho da minha infância quando via meu irmão mais velho ouvir as músicas da época e ensaiar seus “passinhos”.
Essa é a primeira vez que você lança em uma gravadora brasileira. Como tem sido o trabalho em conjunto com a Cactunes Records e por que a escolheu?
A Cactunes é muito conceitual, desde seus critérios de curadoria musical até a abordagem aos artistas. Sinto que por conta da desburocratização do mercado da música eletrônica nos últimos anos, muitas gravadoras surgiram e o processo de lançamento em muitos casos foi ficando impessoal. A Cactunes resgata a abordagem pessoal e cuidadosa, o que certamente me fez assinar com eles. Além disso, o foco é fomentar a House Music e suas vertentes na cena nacional, que é carente do gênero no meu ponto de vista.
Falando em gravadoras, você já lançou inúmeras tracks por labels internacionais e que figuraram em charts globais. Ainda há algum selo que você sonha em lançar uma faixa?
Sim. Selos como Defected e Toolroom são grandes aspirações.
Vimos algumas fotos nas suas redes sociais, quando pequeno tocando teclado com seu irmão, e também sua mãe participando em vídeo da divulgação de suas tracks. Como é a relação com sua família? Eles te inspiram?
Eles são parte de quem eu sou, e são o que tenho de mais importante na vida. Inclusive, estou em processo de produção de uma track em que o meu irmão é a principal inspiração através de uma analogia curiosa e nostálgica. Aguardem!
Você vem resgatando referências retrôs para criar uma estética moderna e quer fugir do padrão comercial de som do mainstream. Nesses 15 anos de carreira, qual a maior lição que aprendeu e que ainda te mantém no caminho da produção musical?
Identidade e consistência é talvez a combinação mais produtiva para chegar aos resultados. Paciência e resiliência te ajudarão a percorrer o caminho até lá. Valorize quem te apoia genuinamente e nunca esqueça do seu propósito, ele é seu combustível. As quedas e falhas são motivações para o seu crescimento e não para sua desistência. Por último e não menos importante: se divirta!
Você chegou a dizer que gosta de fugir do convencional. Um exemplo disso é que, bem na pandemia, quando os DJs e produtores fizeram uma pausa, você quebrou o hiato de nove anos fora da cena e retornou com força total. Quando tomou essa decisão?
Apesar de ter começado a ser DJ muito cedo em 2006, não era algo profissionalizado. Foi então que em 2015 eu entrei de cabeça na produção musical e conquistei muitos resultados legais, como charts internacionais do segmento, suportes importantes e GIGs relevantes. Por motivos pessoais, apesar de continuar com as GIGs, a produção musical perdeu ritmo em 2018.
Quando a pandemia se instalou no Brasil em 2020, nos vimos em uma quarentena intensamente restrita. Eu olhei para alguns equipamentos guardados, investi em outros e montei novamente o meu estúdio. Além de ter sido uma terapia, foi um momento que me expressei artisticamente da maneira mais sincera possível, fazendo a track Home, completamente inspirada naquele momento. Ela conquistou a posição #28 e #33 em dois gêneros do Beatport, o que me deu a motivação que precisava para continuar meu projeto. Consistência agora é o meu “mantra”!