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Aluno se fantasia de Hitler em trote escolar; Entenda o caso

No dia 27 de agosto, o Colégio Domus Sapientiae foi palco de uma polêmica envolvendo um aluno que se vestiu como Adolf Hitler, durante o ‘Trote do Terceirão’. O caso tornou-se público quando uma imagem do estudante, acompanhado de outros três colegas, foi divulgada nas redes. Na foto, o menino faz a saudação nazista e leva em seu braço a braçadeira com a suástica (símbolo nazistas), similar à utilizada por Hitler, líder do partido.

Aluno se veste de Hitler em escola de SP.
Aluno se veste de Hitler em escola de SP. | Foto: Reprodução.

Segundo o colégio, os alunos se vestiram após entrar na escola e foram repreendidos assim que ela tomou conhecimento do caso.

Acompanhe o posicionamento do colégio na íntegra:

O Colégio Domus Sapientiae informa que repudia veemente a manifestação lamentável de alguns estudantes nesta manhã durante a realização do tradicional Trote do Terceiro Ano. Os alunos vestiram a fantasia após terem entrado na escola, que agiu imediatamente repreendendo os alunos, que logo trocaram suas fantasias. O colégio reforça que não tolera qualquer movimento dessa natureza e que já está apurando o caso para aplicar as devidas providências disciplinares a todos os envolvidos.

Nas redes sociais, também foi possível acompanhar a indignação da população geral com o caso.

Pior que pra barrar os alunos por usarem bermuda bege a coordenação é super eficiente, o (funcionário da escola) não deixa nem passar do portão. O descaso com atitudes preconceituosas nesse colégio é absurdo, mas qualquer aluno que reclame de agressões é sumariamente ignorado, a coordenação nunca ajuda em nada.

Internautas desaprovam as medidas adotadas pelo Colégio Domus Sapientiae. | Foto: Reprodução.
Posicionamento do colégio sobre aluno vestido como Hitler. | Foto: Reprodução

Por que o caso do aluno vestido como Hitler é tão preocupante?

A constituição brasileira, com a lei 7.716/1989, proíbe qualquer tipo de apologia ao nazismo, por meio da propagação do símbolo do regime, a suástica.

Estima-se que o regime tenha sido responsável pela morte direta ou indireta de, no mínimo, 40 milhões de pessoas, entre elas judeus, negros, ciganos, testemunhas de Jeová, homossexuais e outros grupos considerados como minoria étnica, linguística, religiosa ou política durante o período da Segunda Guerra Mundial.

O acontecido no Colégio Domus Sapientiae evidencia uma realidade preocupante no país.

Em junho deste ano, um adolescente de 17 anos foi expulso de um shopping em Caruaru (PE) por andar pelos corredores com a bandeira Nazista amarrada em seu braço.

No dia seguinte, o secretário de Turismo de Maceió, Ricardo Santa Ritta, utilizou suas redes sociais para se manifestar sobre o ocorrido: “Pensava que a liberdade de expressão existisse”. O homem perdeu seu cargo logo após a publicação.

Em 2001, uma pesquisa encomendada pelo AJC (Comitê Judaico Americano) concluiu que o Brasil era o país com menos conhecimento sobre o extermínio causado pelo Partido Nazista.

A falta de base histórica é preocupante e faz as pessoas quererem admirar aquilo que nem conhecem direito. Só em junho de 2020, segundo a Agência Senado, a ONG SaferNet, que luta pelos direitos humanos na internet, conseguiu a remoção de quase 8 mil páginas que faziam apologia ao Nazismo.

E estudos indicam que existem hoje cerca de 530 grupos neonazistas (movimento que defende a ideologia nazista) espalhados pelo Brasil.

As coisas pioraram nos últimos anos. Até 2019 as denúncias apuradas pela Polícia Federal ligadas ao Nazismo não passavam de 20 por ano. Em 2019 chegou a 69 e em 2020 foram investigados 110 casos.

Adorar um regime que causou a morte de milhões de pessoas não é algo normal e nunca deve ser normalizado. Utilizar a liberdade de expressão como argumento para defender esse tipo de atrocidade só mostra o quanto a população carece de conhecimento histórico.

Pois, assim como disse o filósofo Edmund Burke: “Um povo que não conhece sua história está fadado a repeti-la.”.

Um povo que conhece a história nunca usará a liberdade de expressão para defender um regime que privou a milhões de pessoas a liberdade de viverem suas próprias vidas, simplesmente por terem crenças, etnias, religiões e posicionamentos políticos distintos ou por falarem idiomas diferentes.

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Por Bianca Sousa – Fala! Faculdade Paulista de Comunicação

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