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A importância da Segunda Guerra Mundial para a ascensão dos Estados Unidos

Embora a China tenha aumentado sua relevância nos últimos anos, os Estados Unidos continuam sendo o maior player da geopolítica internacional. Essa hegemonia norte-americana foi construída gradativamente através de conquistas territoriais, avanços tecnológicos e intervenções político-econômicas na sua área de influência.

Saiba como os Estados Unidos se tornaram uma potência mundial. | Foto: Unsplash.

Um dos eventos históricos que chancelam a hegemonia norte-americana nas relações internacionais foi a Segunda Guerra Mundial e seu subsequente desfecho. Neste artigo, vamos te explicar qual o papel do conflito no fortalecimento dos Estados Unidos como uma superpotência e na sua capacidade de influência global.

Estados Unidos: Uma hegemonia construída por anos

O título de superpotência dos Estados Unidos não surgiu do nada e tão pouco apenas a Segunda Guerra Mundial foi o fator decisivo. Desde a sua independência em relação aos britânicos, o país da América do Norte vinha desenvolvendo campanhas expansionistas que em última instância visavam aumentar sua influência econômica no Hemisfério Ocidental.

O expansionismo para oeste e além mar foi crucial para a hegemonia dos Estados Unidos.
O expansionismo para oeste e além mar foi crucial para a hegemonia dos EUA. | Foto: Unsplash.

Os Estados Unidos compraram territórios coloniais da Rússia, da França, além de invadir parte do México e declarar guerra à Espanha por colônias no Caribe. Assim, o país passou a se estender ininterruptamente do Oceano Atlântico até o Oceano Pacifico. Além de adquirir antigas ilhas espanholas no Caribe e no Pacifico, como as Filipinas e Guam.

Paralelamente ao aumento de suas fronteiras geográficas, os EUA aumentaram sua presença em regiões tidas como estratégicas para os investimentos das empresas norte-americanas. Neste contexto, a América Latina foi um dos continentes mais afetados pelo aumento da influência econômica dos yankees.

Pôster chamando os jovens dos Estados Unidos ao alistamento militar na Primeira Guerra.
Pôster chamando os jovens ao alistamento militar na Primeira Guerra. | Foto: Unsplash.

Os países abaixo do Rio Grande foram alvo de inúmeras intervenções políticas e econômicas que visavam assegurar o alcance dos interesses norte-americanos para a região. Podemos citar os exemplos do apoio norte-americano à independência do Panamá para resguardar seus investimentos no Canal do Panamá e a condição de estado cliente dos EUA que Cuba possuía antes da revolução de 1959.

Ao fim da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos haviam sido o combatente menos afetado pelos impactos do conflito armado. Seus polos industriais estavam intactos e puderam abastecer os mercados europeus que se reconstruíram. Enquanto que nas relações internacionais, o país foi um dos que encabeçaram a criação da Ligas das Nações.

A Segunda Guerra e a consolidação da hegemonia norte-americana

Apesar dos eventos anteriores terem contribuído grandemente para uma maior influência norte-americana nas relações internacionais, a Segunda Guerra Mundial foi a responsável por chancelar a hegemonia dos EUA nos campos econômicos, diplomáticos, políticos e culturais. Para entender melhor, podemos pensar nos seguintes tópicos:

A participação tardia na guerra

Cartaz sobre a entrada dos EUA na Segunda Guerra.
Cartaz sobre a entrada dos EUA na Segunda Guerra. | Foto: Unsplash.

Um dos fatores que ajudaram os EUA na consolidação do seu papel de superpotência foi justamente sua abstenção no início do conflito. Os norte-americanos só entraram efetivamente no campo de batalha a partir do ataque japonês à base naval de Pearl Harbor em 1945.

Durante os primeiros anos da guerra, os EUA participaram apenas vendendo armas e recursos estratégicos ou emprestando dinheiro para os combatentes. Isso manteve sua indústria trabalhando e obtendo lucros, enquanto os países europeus estavam no front de batalha.

Dessa forma, os Estados Unidos foram a única potência que não viveu recessão econômica durante os anos da Guerra. Cabe ressaltar, que a entrada dos EUA no conflito não representou danos às estruturas industriais do país. Afinal, os bombardeios e os campos de batalha ocorreram bem longe do território americano.

Ao contrário dos outros combatentes que tiveram cidades e campos destruídos pelo combate, os Estados Unidos passaram pelo conflito com sua infraestrutura intacta. Portanto, ao término da Segunda Guerra o país foi o principal player nos planos de reestruturação da Europa.

O poder militar dos Estados Unidos no pós-Guerra

Os Estados Unidos possuem um dos exércitos mais poderosos do mundo.
Os Estados Unidos possuem um dos exércitos mais poderosos do mundo. | Foto: Unsplash.

Um outro ponto que levou à consolidação dos EUA como potência global, foi o poder militar demonstrado no conflito e mantido no pós-Guerra. O uso de bombas atômicas nos bombardeios de Nagasaki e Hiroshima foi uma evidente demonstração da supremacia militar dos yankees.

Naquele momento, ao preço de milhares de mortes instantâneas, os EUA deixaram claro para todas as nações do mundo a joia da coroa de seu desenvolvimento tecnológico militar. Além de já vislumbrar sua futura combatente a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Ademais, após o fim do conflito foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Este acordo militar encabeçado pelos EUA reúne vários players importantes das relações internacionais. A OTAN corrobora com a supremacia do exército norte-americano e na distribuição das bases militares fora da América do Norte.

A reconstrução do capitalismo mundial

Após a Segunda Guerra, o dólar firmou-se como principal moeda internacional. | Foto: Unsplash.

Por fim, a supremacia dos EUA se consolidou na reconstrução e reorganização do sistema capitalista internacional. As principais economias do mundo estavam devastadas desde a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial atingiu ainda mais as bases do sistema financeiro.

Em 1944, com o conflito ainda em curso, os líderes de diversos países se reuniram em um hotel na cidade de Bretton Woods (New Hampshire – EUA). A conferência encabeçada pelos norte-americanos tinha por objetivo firmar as bases da economia mundial para os próximos anos.

Como resultado, os Acordos de Bretton Woods fundaram o sistema financeiro e monetário internacional do pós-Guerra. As regras definidas para guiar a economia e o comércio entre os países beneficiaram de maneira bastante evidente os Estados Unidos.

Na conferência instituiu-se a criação do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, além do congelamento da taxa de câmbio das moedas em relação ao dólar (algo que só mudou com Richard Nixon). Assim o dólar norte-americano tornou-se hegemônico como moeda de reserva e referência para o mercado internacional.

Uma nova superpotência para os próximos anos?

A China vem crescendo bastante sua influência nos últimos anos.
A China vem crescendo bastante sua influência nos últimos anos. | Foto: Unsplash.

O status de superpotência norte-americana vem sendo hegemônico desde o fim da Guerra Fria, contudo não significa que seja inquestionável. Mudanças importantes vêm ocorrendo no cenário internacional nos últimos anos que podem desafiar o futuro da supremacia dos Estados Unidos.

Se olharmos fatores econômicos, a China vem tomando cada vez mais fatias do mercado internacional e se destacando na produção de produtos tecnológicos inovadores. Atualmente, apesar da contínua supremacia do dólar, muitas transações internacionais já são feitas com outras moedas como o euro.

No campo militar, a China vem aumentando a distribuição geográfica de suas bases no Mar do Sul da China e na África. Ademais, o governo Trump sumariamente criticou a organização da OTAN. Em 2018, o ex-presidente tweetou que o tratado “ajuda muito mais” os europeus que os norte-americanos.

Embora esses fatos ameacem a supremacia norte-americana, ainda é demasiado cedo para decretar o fim da hegemonia dos EUA. Contudo, os novos players podem representar a possibilidade de outras formas de gerir as relações internacionais e a necessidade de adaptação do país.

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Por Jefferson Ricardo – Fala! UFPE

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