O início da aventura humana na Terra sempre foi alvo de fascínio e pesquisa. Neste cenário, a pintura rupestre se mostra como uma das maneiras de tentar compreender como esses seres humanos viviam. Seja de maneira mais didática pela escola ou de maneira fictícia pelos filmes, somos apresentados desde as representações artísticas de nossos antepassados longínquos. Apesar disso, ainda temos muito o que descobrir sobre elas, além de quebrar certos “lugares comuns” acerca das mesmas.
Pintura rupestre é arte?
Essa talvez seja uma das perguntas mais frequentes acerca da pintura rupestre. A resposta, no entanto, não é fácil. Vários estudiosos consideram problemático considerar as pinturas rupestres uma forma de arte. Pois não existe confirmação de que as representações servem a um propósito representativo ou estético.
A descoberta incomum
Marcelino Sanz de Sautuola, um arqueólogo espanhol, foi o descobridor da Cueva de Altamira, na Espanha, em 1875. A caverna apresentava diversas pinturas rupestres nas suas paredes. Na época, a comunidade científica considerou a descoberta como fraudulenta, pois o pensamento vigente no período (o darwinismo) impossibilitava considerar (através da teoria da evolução) que os primeiros poderiam ter sido evoluídos o suficiente para serem capazes de criar arte.
O descrédito era tanto que historiadores famosos, como o francês Émile Cartailhac, consideravam as pinturas uma armação dos criacionistas para desmerecer a teoria da evolução de Charles Darwin. No entanto, mais tarde, Émile reconsiderou seus posicionamentos acerca das pinturas rupestres, reconhecendo a veracidade dos registros.
O que a pintura rupestre nos mostra sobre os primeiros humanos?
As pinturas rupestres costumam representar muito do dia a dia dos primeiros humanos, retratam caçadas e animais. Mas, além do caráter representativo da natureza ao seu redor, existe uma infinidade de representações focadas nos humanos, pinturas sobre situações sociais como danças, lutas e até sexo.
Muitos especialista acreditam que as representações, no entanto, extrapolavam o simples registro da realidade circundante. Existem pinturas abstratas e silhuetas de mãos humanas, o que pode significar uma relação entre as pinturas e o arsenal de crenças e valores religiosos destes povos.
Uma área de constante descobertas
Devido às incertezas que cercam o estudo da Pré- História, as “verdades” desta área de estudos costumam estar em constante transformações. Existem dificuldades em datar com precisão os artefatos, compreender os significados e evitar o vandalismo e destruição contra os artefatos.
Qual a importância do estudo das pinturas rupestres?
Entender como a humanidade se desenvolveu ao longo dos séculos e se utilizar do conhecimento adquirido para analisar nossa própria existência é algo interessantíssimo. E uma das únicas formas de tentar entender sociedades primitivas, em que a escrita era inexistente e os registros pouco sofisticados (e escassos), é analisando o que restou de artefatos delas (pinturas, cerâmicas e outros instrumentos).
Aí reside a importância de se valorizar os estudos na área, pois descobrir algo sobre os primeiros seres humanos é, no fim das contas, descobrir algo sobre nós mesmos.
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Por Jefferson Ricardo – Fala! UFPE