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Libra: Conheça a nova Liga Brasileira de Clubes

Em reunião na última terça, em um hotel de São Paulo, oito clubes brasileiros assinaram contrato com a Codajas Sports Kapital e fundaram a liga de clubes do futebol brasileiro: a Libra. Divisão de receitas é o principal ponto de divergência e demais clubes devem decidir se entrarão na liga.

A Libra organizará os campeonatos das séries A e B. Dentre os clubes fundadores, 6 são da série A (Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos e Red Bull Bragantino) e 2 da série B (Cruzeiro e Ponte Preta). Os outros quatorze clubes da série A, liderados pelo grupo Forte Futebol, ainda não assinaram o documento. Doze clubes da série B também não se mantiveram favoráveis, num primeiro momento. 

Libra
Presidente do Palmeiras durante a reunião para fundação da Libra. | Foto: RAFAEL RIBEIRO

Divergências

Ainda há algumas divergências que impedem o entendimento geral dos clubes. Se por um lado os oito clubes que assinaram o acordo comemoram, o presidente do Athlético-PR, Mário Celso Petraglia, nem sequer considera que a liga está criada:

“Para os nossos 14 clubes, não consideramos. Fomos surpreendidos com a pauta da reunião. A intenção seria uma conversa entre os clubes para ajustar. Aí vieram com os estatutos prontos e que os seis assinaram, e quem quisesse assinar também que ficasse à vontade. Eu nem estudei o estatuto.”

A divisão de receitas é considerada o principal impasse. Conforme o atual modelo, 40% seriam divididos igualmente entre os clubes, 30% de acordo com classificação final e

30% de acordo com o engajamento dos torcedores. A intenção dos outros 14 clubes, porém, é que a divisão seja feita da seguinte forma: 50-25-25, tal como é feito na Premier League. Outra exigência é que a diferença entre os ganhos do primeiro colocado não supere em 3,5 vezes os ganhos do último colocado.

Os seis clubes da série A (dos fundadores da liga) pressionam os demais a assinarem dizendo que todas as decisões serão tomadas em conjunto, já que o estatuto diz que todas as decisões sobre a divisão de receitas só serão tomadas por unanimidade. Mas do outro lado há o receio de que entrem na liga agora e depois não consigam esta unanimidade para aprovar eventuais mudanças.

Para o presidente do Atlético MG, Sérgio Coelho, “o ponto a ser negociado é o anexo do estatuto”. Segundo ele, “esse anexo trata-se das distribuição das receitas da Liga. Mas está próximo de acerto. Esse anexo faz parte, evidentemente, do estatuto, mas com premissas, não é algo definitivo. De qualquer forma, estamos estudando uma melhora na distribuição, é coisa pequena. Ou é preciso deixar isso mais claro no estatuto, que esse anexo serve como premissas. A distribuição em si, o percentual de cada item, são três: a parte fixa de cada clube, a performance no campeonato e o engajamento (da torcida). Vamos discutir isso e tenho esperança que iremos resolver.”

Visando um acerto entre os 40 clubes das séries A e B, uma nova reunião foi marcada para o dia 12 de maio, na sede da CBF, no Rio de Janeiro.

Antecedentes

Os trâmites para a criação dessa liga já ocorrem desde o ano passado. No dia 15 de junho do ano passado, como consequência da crise na CBF gerada pelo afastamento de Rogério Caboclo, clubes foram até a confederação e anunciaram a intenção de formar uma liga.

Recentemente, os clubes paulistas da primeira divisão e o Flamengo tomaram a frente das negociações e assinaram um contrato com o Banco BGT, que promete atrair investimentos superiores a R$ 1 bilhão.

No início deste ano, 10 clubes da série A se uniram e criaram o grupo Forte Futebol para que pudessem juntar forças e ter maior poder de decisão nas negociações para a criação da nova liga brasileira de clubes.

O que querem os fundadores da Libra?

O desejo do Flamengo e dos quatro grandes paulistas é potencializar a fonte de receitas, arrecadar mais com direitos de transmissão e criar mecanismos para evitar o acúmulo de jogos.

Quando a Libra começa?

Segundo apurações do Ge, o documento dá a entender que a primeira edição da Libra ocorreria em 2025, já que os direitos de transmissão já estão vendidos até 2024.

Quais as principais mudanças que ocorreriam com a Libra?

Nos documentos da liga, uma das principais mudanças é a substituição do STJD por uma estrutura própria para resolver as questões disciplinares do campeonato brasileiro. 

Outra mudança significativa seria a criação de uma Assembleia Geral formada pelos 40 clubes das primeiras divisões, na qual serão discutidas demonstrações financeiras da entidade ou será aprovada a inclusão ou exclusão de clubes. Nas votações, as equipes da série A devem ter peso 2 e as da série B, peso 1. 

O histórico das ligas Brasileiras

Clube dos 13

Oficialmente conhecida como União dos Grandes Clubes do Futebol Brasileiro, esta foi a primeira tentativa dos clubes de se organizarem para defenderem seus interesses políticos e econômicos. Criado em 1987, quando a CBF não tinha dinheiro para organizar o campeonato brasileiro daquele ano, o clube dos 13 organizou a Copa União (competição que teve apenas duas edições). Originalmente com os 13 principais clubes do país, o grupo foi aderindo membros e chegou a ter 20 clubes. Em 2000, quando a CBF também teve problemas para organizar o campeonato, a União organizou a Copa João Havelange. 

O clube dos 13 foi extinto em 2011 quando equipes, em movimento liderado pelo Corinthians, se desfiliaram do bloco por não concordarem com a forma como os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro estavam sendo negociados.

Clube dos 13
Origens do clube dos 13. | Foto: Reprodução

Futebol Brasil Associados (FBA)

A Futebol Brasil Associados surgiu em 2002 e foi uma entidade desportiva que reunia 20 clubes das divisões inferiores do futebol brasileiro que tinha como objetivo gerir o Campeonato da Série B. Além de gerir comercialmente o campeonato, a entidade também dava um prêmio às equipes que subiram para a séria A do Campeonato Brasileiro: o troféu Acesso FBA. A organização deixou de existir em 2009, quando a CBF passou a gerenciar os direitos de transmissão da série B e os repassou para a Globo. Nesse processo, os clubes passaram a receber menos do que recebiam na época da FBA.

FBA
Futebol Brasil Associados. | Foto: Reprodução

Primeira Liga

Inicialmente proposta em 2015 pelo Coritiba como reedição da Copa Sul-Minas, visando índices de público e renda superiores ao dos estaduais, a organização logo atraiu interesse do Flamengo, do Fluminense e de outros clubes. Reconhecida pela CBF apenas como torneio amistoso, a competição teve somente duas edições (em 2016 e 2017) e esbarrou em dificuldades a desvalorização da liga e a falta de datas para que os jogos pudessem ser realizados. Após episódios como o Grêmio deixando a competição de lado ao não levar nem sequer o treinador principal para algumas partidas e um Gre-Nal que valeu tanto pela Primeira Liga quanto para o Gauchão, a entidade comunicou o seu encerramento em 2019 alegando falta de espaço no calendário.

Primeira Liga
Fluminense foi campeão da primeira edição da Primeira Liga. | Foto: Reprodução

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Por Leonardo Novaes – Fala! Cásper 

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