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Professor: O olhar do mercado de trabalho para profissionais da educação

Ser professor num país onde a educação é desvalorizada parece um desafio e tanto, mas quando o assunto é recolocação em empresas/corporações, parece que esse desafio aumenta. Durante a pandemia, muitos professores ficaram desempregados e a luta só cresceu. Muitos profissionais de áreas diversas não enxergam o Professor como um profissional apto a exercer outros tipos de atividades. Quem é professor e já tentou recolocação no mercado com profissão diferente, sabe muito bem das dificuldades. 

Professor
Os profissionais da educação costumam ser desvalorizados no mercado de trabalho. | Foto: Reprodução

A importância do professor para a educação 

Muitos recrutadores e profissionais de carreiras administrativas, talvez, não entendam o desafio de ser um profissional da educação. Eles são responsáveis, não só por lecionar, mas por planejar, executar, organizar / reorganizar e encontrar melhores estratégias para desenvolver as tais competências propostas pela BNCC. Não tem auxílio de equipes, muito menos estagiários para pedir apoio. 

É de responsabilidade do mediador do ensino toda a estratégia de ensino x aprendizagem, incluindo o processo avaliativo, aplicação das etapas, suporte em caso de inconsistência, correção dos processos e feedback. Sem contar que, quando o desempenho da turma é baixo e refletido durante o processo avaliativo, o professor é responsável por entender onde está a falha, encontrar uma outra estratégia que atinja o objetivo. Precisamos entender, não só sobre planejamento, desenvolvimento de equipes, comportamento, tendências, métodos criativos e assertivos de atividades a fim de desenvolver uma habilidade específica, mas, também, ampliar constantemente nosso repertório durante toda a jornada como educador. 

A principal questão é: Por que professores não são reconhecidos como profissionais, mesmo com todas as habilidades que o mercado espera de um bom profissional? Por que as outras profissões insistem em dizer que ser professor não é ser gestor, não é ser um profissional orientado a resultados? Por que o professor, líder de natureza, não é reconhecido como líder? Por que ser professor não é ter profissão?

Há uma hipótese, sem levar em consideração fatores culturais e políticos, claro.  Existe um pré-julgamento de alguns profissionais  (jamais generalizar) que nunca entraram numa sala de aula no papel de educador. Nunca precisaram gerir todo o processo do desenvolvimento do projeto. Nunca precisaram entender as dificuldades e bloqueios de terceiros. Nunca precisaram pensar, planejar, desenvolver, aplicar, observar e corrigir seus próprios projetos, de forma integral. Como você lidaria se fosse convidado a mediar um assunto para aproximadamente 40 pessoas, em 50 minutos e de forma assertiva? Fala-se assertiva no sentido da disposição da sala, de um modo que seja pertinente a proposta da sua atividade e na atenção que você deve reter dos ali presentes. 

Ser criativo, explorar as possibilidades. Desenvolver um planejamento anual, criar aula por aula de uma forma atrativa, despertar o gosto dos educandos, criar um laço entre os envolvidos a fim de garantir uma melhor experiência e desenvoltura nas atividades… são algumas coisas que fazem a sua aula ser aceitável. Parece fácil, né? Mas você já parou para pensar que, além de todo esse planejamento, as pessoas têm processos cognitivos diferentes e uma atividade pode valer para um, mas para outro não? Além de todo desenvolvimento das atividades e aulas, já descrito, existe o desafio, também, de entender sobre processos cognitivos. Ser empático, analítico e saber que cada um tem um processo de ensino x aprendizagem diferentes e identificar tais problemas. Não se pode generalizar uma aula, porém ela deve ser acessível a todos os interlocutores. Então, estude sobre metodologias ativas, estude psicologia, antropologia, matemática, economia, história e política. Esteja atualizado nas tendências, saiba sobre as notícias atuais, fofocas e redes sociais. Compreenda sobre tecnologia e, óbvio, como usá-la de forma positiva dentro da sala de aula. Conheça softwares, equipamentos. Conheça sobre todas as áreas e ainda conheça, pessoalmente, cada uma daquelas pessoas presentes diariamente nas suas aulas, a fim de desenvolver um trabalho específico e eficaz. 

Enfim, o mediador do conhecimento lida com uma variedade de perfis. E ainda tem um porém, o professor não pode escolher para quem vai lecionar, não tem processo seletivo para formar a equipe dele. E como o educador lida com tantos perfis diferentes ao mesmo tempo?  Já ouviu falar em Gestão de Conflitos? Comunicação não-violenta? Fica por conta do professor também, não tem um RH que faça esse papel. O profissional não pode simplesmente ter um problema em sala de aula e mandar o aluno para a diretoria ou demiti-lo.  Lida-se com os alunos e com as famílias. Lida-se com o conflito até sua total solução. 

Então, por que o professor de educação básica não é respeitado como um profissional de cargo administrativo é valorizado? Um estereótipo em volta da profissão de professor existe e muitos desses profissionais não se sentem devidamente estimados. Num país onde a educação e o professor não recebem por sua importância social, há uma enorme inversão de valores. E você, concorda? Como mudaria essa história? 

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Por Juliana Soares Domingos – Fala! Universidade do Vale do Itajaí – SC

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