Chega aos cinemas mais um filme sobre a testosterona encarnada dos anos 90 que os produtores da Sony ainda acham relevante por algum motivo
Relacionamentos podem ser complicados, especialmente quando se está em um com uma gosma extraterrestre abusiva. Eddie Brock (Tom Hardy) e o simbionte alienígena Venom, estão aprendendo a conviver um com o outro. Embora ambos tenham interesses diferentes, eles precisam se entender para impedir o serial killer Cletus Kasady (Woody Harrelson) de matar mais pessoas, agora na forma do simbionte Carnificina.
Uma análise crítica sobre Venom: Tempo de Carnificina
O primeiro filme não foi muito elogiado, apesar de ter arrecadado mais de 850 milhões de dólares no mundo todo. O diretor Andy Serkis sabe o que as pessoas querem ver e apresentou muito mais disso nessa sequência. O problema é que o que tornava aquela história aceitável era também um de seus maiores defeitos.
Se Venom (2018) nos apresentava um suspense de ficção científica, Tempo de Carnificina nos mostra uma comédia pastelão dos anos 80. Ofuscada pela “DR” do jornalista Eddie Brock e seu colega de quarto homicida, que parece se contentar em comer galinhas e chocolate ao invés de gente. Não é o que você imagina da montanha de músculos que causa pesadelos em Peter Parker até hoje.
Não há nada de errado em fazer um filme de comédia com um anti-herói dos quadrinhos (que já não era um personagem tão interessante nos anos 90), mas quando a trama se perde nas piadinhas e cenas desnecessárias, quando poderia estar mostrando algo muito mais interessante, ela deixa de ser algo engraçado e se torna apenas patético.
Apesar disso, o vilão principal Carnificina consegue nos passar algo realmente aterrorizante e imprevisível, mesmo se limitando a um filme PG-13. A cena de transformação e fuga do vilão é realmente impressionante.
Não me entendam mal, as pessoas adoram um assassino, se não, não teríamos uma série de documentários, filmes e outras mídias tratando sobre o assunto. Woody Harrelson não nos entrega um Hannibal Lecter de O Silêncio dos Inocentes (1991), por mais que se perca nas interpretações caricatas, ainda convence como um serial killer que o filme precisava. Ele forma uma dupla ainda mais improvável com a vilã secundária Shriek (Naomie Harris), que também é seu interesse amoroso. É complicado falar de atuações de mentes criminalmente insanas, pois muitas vezes isso é usado como um escudo para justificar um comportamento galhofa. Os dois juntos se envolvem em cenas alucinantes, mas que perdem o gás no meio do filme, para tratar logo de um casamento.
Anne Weying (Michelle Williams) não consegue ser mais do que a ex-namorada de Eddie, que no final só é usada para servir de isca viva e atrair Venom para as garras do Carnificina. O que é decepcionante para uma atriz tão talentosa quanto Michelle.
Venom: Tempo de Carnificina não ficará no imaginário dos fãs, nem daqueles que gostaram do filme, e provavelmente será lembrado como algo despretensioso. Mas se você gostou do primeiro, também vai gostar do segundo. Vale mais a pena assistir à cena pós-créditos.Enquanto isso, vamos rezar para Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa ser bom.
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Por Matheus Cosmo – Fala! Fiam