Resultados preliminares de estudo feito pela Universidade Luigi Bocconi, na Itália, apontam que a taxa de natalidade em alguns países europeus aumentou consideravelmente devido à pandemia de Covid-19. Analisando dados de janeiro de 2016 até março de 2021, o estudo indica que a queda no número de nascimentos foi de 9,1% na Itália e de 6,6% em Portugal. A diminuição de nascimentos contribui para um antigo problema que já afetava esses países: a redução da população jovem.
Atualmente, a Itália tem apenas 15% de jovens, situação semelhante à de Portugal, que tem apenas 15,9%. Com as reduções de natalidade potencializadas pela pandemia, alguns especialistas já estimam que as populações jovens desses países possam sofrer uma queda acima do previsto. Os efeitos da pandemia, no entanto, só serão percebidos no futuro. Por enquanto, as causas para a atual baixa de jovens na Itália e em Portugal são outras.
Compreenda as causas para a baixa população jovem na Itália e em Portugal
Urbanização
Há uma relação muito forte entre a taxa de natalidade e urbanização. Quanto maior é o nível de urbanização de um país, maiores as chances da sua população envelhecer. Nesse caso, estamos falando de um envelhecimento causado pelo aumento da expectativa de vida e diminuição das taxas de natalidade.
Isso acontece porque junto com a urbanização vem o aumento da escolaridade. Para trabalhar nos postos que as cidades precisam, é necessário ter um maior nível de escolaridade. Estudando mais, as pessoas tendem a criar planos de carreira, aprendem a evitar gravidez e acabam optando por ter menos filhos e por os ter mais tarde. Com recorrência, se escolhe até por não os ter.
Desemprego
No caso da Itália, especificamente, o desemprego é um fator que acaba contribuindo para que as pessoas adiem ou cancelem o sonho de ter filhos. Atualmente, a taxa de desemprego na Itália é de 9,3%, mas antes da pandemia essa taxa já era alta. Em 2014, a Itália registrava uma taxa de desemprego de 13,28%. Com alta taxa de desemprego, a população tende a adiar os filhos por não ter certeza da continuidade dos seus empregos e temer o futuro.
Impactos da falta da população jovem nesses países
Os impactos mais importantes da redução da população jovem se dão sobre a economia. Com menos jovens, há menos mão de obra disponível no mercado. Para tentar resolver esse problema, Portugal já conta com a mão de obra estrangeira, principalmente para trabalhos no campo. Em 2018, o diretor do Instituto para a Previdência Social da Itália, Tito Boeri, também apontou os imigrantes como solução, mas para a sustentação do sistema previdenciário. Hoje, 16,2% do Produto Interno Bruto (PIB) da Itália e 13,3% de Portugal são destinados para o pagamento de pensões por velhice. Com menos jovens para contribuir e mais pessoas para se aposentar, o sistema previdenciário desses países corre o risco de não dar conta de atender a toda demanda.
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Por Rosamaria Santos – Fala! UFRJ