Apesar da evolução ao longo dos anos ser perceptível, infelizmente, ainda é possível encontrar traços de uma sociedade retrógrada. Em pleno século XXI, principalmente quando o assunto é a presença de mulheres em lugares de destaque ou liderança, o machismo ainda fala mais alto. Na política, mesmo lutando a cada dia para conquistar seu espaço, as mulheres ainda encontram resistência.
Machismo ainda é barreira na política
Durante o ano de 2020, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) realizou a campanha “+ Mulheres na Política”. Essa ação era um incentivo aos eleitores para que pelo menos uma mulher fosse eleita em cada município nas eleições do ano passado. A campanha surtiu efeito e o aumento da representatividade feminina no cenário político foi bastante comemorado.
Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que o aumento do número de vereadoras eleitas foi de 19,2%. Porém, mesmo que esse resultado seja positivo, as mulheres ainda sofrem com atitudes preconceituosas e machistas dentro da política.
Segundo dados da ONU Mulheres, 82 % das mulheres em espaços políticos já sofreram violência psicológica; 45% já sofreram ameaças; 25 % sofreram violência física no espaço parlamentar; 20%, assédio sexual; e 40% das mulheres afirmaram que a violência atrapalhou sua agenda legislativa.
Existem diversos tipos de violência contra a mulher: física, psicológica, moral, sexual, econômica, social, entre outras. Mesmo sendo diferente uma das outras, elas são capazes de fazer o mesmo estrago na vida de uma pessoa. A violência física, por exemplo, pode deixar marcas, enquanto outras podem se comportar de maneira mais sútil. Independente do tipo, todas as violências são dolorosas.
Essa perspectiva não é diferente para a violência política de gênero. Ela pode ser caracterizada como todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. Essa violência é considerada uma das causas da baixa representatividade e participação feminina nos espaços de poder e decisão nacionais.
As mulheres podem enfrentar essa violência enquanto concorrem ou durante o período de seu mandato. Isto é, além dos preconceitos estruturais e das barreiras históricas que as mulheres enfrentam para se eleger, quando finalmente conseguem chegar a uma posição de poder, encaram muitas dificuldades para manter os cargos simplesmente por serem mulheres.
Portanto, esse cenário prova que na maioria das vezes vive-se a democracia muito mais na teoria do que na prática. O machismo já está tão presente na realidade das pessoas, que muitos não problematizam o fato de pouquíssimas mulheres ocuparem posições relevantes na política nacional. Porém, a violência política de gênero não deve ser naturalizada, muito pelo contrário, ela deve ser vista como um dos grandes problemas da sociedade do século XXI.
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Por Maria Eduarda Vieira – Fala! UFF