Com origem nos cordéis portugueses, os folhetos escritos em forma de poemas rimados foram trazidos para o Brasil durante o período da colonização, retratando histórias sobre reinos, com seus reis e rainhas. Os cordéis eram bastante populares em toda a Europa, especialmente em países como França, Inglaterra e Espanha, que faziam adaptações de obras eruditas para a população através de uma linguagem mais simples e acessível para então vendê-los. Contudo, apesar dos ares europeus, foi em terras brasileiras que essa forma de contar histórias ganhou um tempero a mais.
Saiba tudo sobre a literatura de cordel
A princípio, os cordéis vieram da oralidade, ou seja, as histórias eram contadas e passadas de geração em geração por meio de relatos e narrações. Com o tempo, essas contações de história passaram a ser documentadas e perpetuadas em livros. No entanto, além da maioria da população não ser alfabetizada há alguns séculos (século XVI, XVII e XVIII, por exemplo), tinha também o fato de os livros serem bens dispendiosos e somente membros da aristocracia eram capazes de usufruí-los.
Com o surgimento da imprensa, além do surgimento dos livros como os concebemos hoje, houve também o surgimento dos folhetos, que passaram a ser impressos, e a história antes apenas oralizada, passou também a ser escrita e amplamente distribuída. Mas apesar de se tornar impressa, a literatura de cordel escrita nada mais é do que um relato de uma literatura oral, já que o cordel nunca perdeu seus traços orais, suas marcas de fala.
No Brasil, a literatura de cordel ganhou espaço e grande receptividade na região nordeste, onde os poetas criaram rimas que eram faladas e cantadas, atingindo, dessa forma, um público muito maior do que a literatura exclusivamente escrita alcançaria, se levarmos em consideração que no país a taxa de analfabetismo ainda é grande.
Leandro Gomes de Barros (1865-1918), um dos maiores nomes da literatura de cordel, foi o primeiro cordelista a imprimir sua arte em 1907, o que deu margem para o nascimento de diversas outras editoras de cordel nas décadas seguintes. Outros grandes nomes de cordelistas desse período foram João Martins Athayde (1880-1959) e Francisco das Chagas Batista (1882-1930).
Dentre os principais poetas cordelistas do século XX, destacam-se Antônio Carlos dos Santos, Arievaldo Viana Lima, Expedito Sebastião da Silva, José Costa Leite, Manoel Monteiro, Patativa do Assaré e Zé da Luz.
É característica do cordel a diversão, a ironia e o humor, levado ao conhecimento público por gente nobre de caráter, forte de coração, de mente curiosa e de língua ligeira através de uma linguagem regionalista riquíssima e informal, de uma temática cotidiana, do uso de métricas e rimas, do uso da oralidade e da musicalidade, bem como do relato dos costumes locais. Atualmente, o cordel é fonte de informação sobre a história do Brasil e do povo nordestino. Mais de 7 mil exemplares, materiais e livros sobre o assunto podem ser encontrados na Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
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Por Tassia Malena Leal Costa – Fala! Universidade Federal do Amapá