As medalhas das Olimpíadas de Tóquio foram produzidas exclusivamente com materiais reaproveitados, a partir do trabalho do designer Junichi Kawanishi. Para receber o projeto, Kawanishi venceu outros 400 designers em um grande concurso público. As medalhas simbolizam a energia do espírito de amizade entre os atletas, o público e os Jogos Olímpicos de modo geral.
O processo de fabricação das medalhas visa mostrar ao mundo a importância de reciclar pequenos eletrônicos, o que é fundamental para nos tornarmos uma sociedade sustentável. Também destaca a importância de valorizar o coletivo sem perder de vista que cada indivíduo é único, algo bem delineado nas medalhas.
Dispositivos como celulares e computadores foram recolhidos e desmontados no Japão, entre 2017 e 2019, para reutilizar ouro, prata e bronze, presentes em componentes como as placas de circuito. Para conseguir produzir cerca de 5.000 medalhas, a organização do evento precisou recolher mais de 6 milhões de telefones celulares usados e mais de 78 toneladas de computadores, tablets, monitores e outros aparelhos antigos ou quebrados, isso porque a quantidade de metal presente em um único aparelho é muito pequena.
No total, foram extraídos 32 quilos de ouro, 3.500 quilos de prata e 2.200 quilos de bronze. As medalhas de ouro são feitas com 550 g de prata reciclada coberta por 6 g de ouro, também reciclado. Já a de prata, é feita 550 g do próprio material, enquanto a de bronze possui 450 g de bronze vermelho. As faixas nas quais as medalhas são penduradas também são feitas com fibras de poliéster recicladas, desenhadas para parecerem modernas e, ao mesmo tempo, lembrarem os padrões dos tradicionais quimonos japoneses.
Olimpíadas e Jogos Paralímpicos
Já as medalhas das paraolimpíadas também utilizam os mesmos princípios sustentáveis e foram desenvolvidas pela designer Sakiko Matsumoto, a partir do conceito de “novos ventos a refrescar o mundo”. No centro das medalhas, há um leque que representa a união de atletas independentemente de suas etnias, em complementação a desenhos de água, pedras, flores e folhas, que fazem alusão ao ambiente natural do Japão.
Uma novidade é a adaptação para atletas com deficiência visual: possuem o nome do evento escrito em braile e recortes circulares nas laterais das medalhas (um para ouro, dois para prata, três para bronze), que visam facilitar a identificação pelo tato.
Pandemia
A pandemia também vai afetar a entrega de medalhas nas Olimpíadas 2021. Para evitar maior contato físico, cada atleta terá que colocar a medalha em si mesmo no pódio. O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, declarou que também que não haverá cumprimentos físicos na premiação, como geralmente acontece, e as medalhas serão apresentadas aos atletas em uma bandeja (após o manuseamento de uma pessoa com luvas desinfetadas), para assim poderem colocá-las.
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Por Glícia Santos – Fala! Cásper