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Esporte universitário: por que copiar os norte-americanos?

Modelo estadunidense alia modalidades de esporte com educação

O que Michael Jordan e Tom Brady têm em comum? Além de serem considerados os melhores em seus esportes, basquete e futebol americano respectivamente, ambos foram para a faculdade. Jordan frequentou a Universidade North Carolina e Brady, a Universidade de Michigan. Diferentemente do Brasil, em que os atletas muitas vezes deixam os estudos de lado focando no esporte, nos EUA, os jogadores frequentam o ensino superior e muitos conseguem bolsas de estudo por fazerem parte das equipes universitárias. 

Na terra do Tio Sam, é muito mais fácil conseguir uma bolsa integral de estudos graças aos esportes, diferente daqui, em que poucas faculdades oferecem essa condição para seus alunos. Os atletas não recebem um salário por integrarem o time das universidades nos EUA, mas conseguem economizar no dinheiro da mensalidade, o que é de grande auxílio, ainda mais nas faculdades caras.

Esporte universitário: EUA x Brasil

Os torneios universitários são organizados pela National Collegiate Athletic Association, a NCAA. Essa entidade foi criada no início do século XX, quando o futebol americano começou a ser praticado pelos universitários e a falta de regras fez com que o esporte fosse tachado de violento e brutal. Na época, muitas lesões e inclusive mortes ocorreram. No ano de 1905, 19 jogadores faleceram em decorrência dos jogos Foi então que o presidente Theodore Roosevelt exigiu mudanças e a NCAA foi criada para controlar a violência em campo. E hoje ela cuida de vários esportes e competições por todo o país.

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Criada no início dos anos 1900, NCAA é a responsável pela organização dos esportes universitários. | Foto: Reprodução.

No Brasil, os esportes universitários existem, há competições como o Jogos Universitários de Comunicação e Artes (Juca), mas ainda estamos um pouco longe dos norte-americanos. Por lá, os campeonatos são vistos com outros olhos, há transmissão na TV fechada, inclusive sendo transmitidos para outros países, as equipes possuem estrutura iguais às dos times profissionais. Além disso, quando acontecem os jogos, é um evento grandioso, com banda, ginásio lotado, cheerleaders, como é possível ver em vários filmes e séries. E uma outra grande diferença. Lá, anualmente, os times das grandes ligas selecionam os melhores jogadores para integrarem os elencos.

O draft, que pode ser traduzido como recrutamento, é um evento importante para os jogadores. Há transmissão ao vivo, torcedores vão presencialmente aos locais onde ocorre a cerimônia, a TV norte-americana faz análises, prognósticos e não se fala de mais nada na semana em que ocorrem as escolhas. Basicamente, o draft funciona com os times escolhendo os melhores e mais promissores jogadores universitários para integrar os elencos. Esse recrutamento acontece nas principais ligas dos EUA, a NBA, NFL, MLB, MLS, a NHL e outras ligas de outros esportes. Então, o estudante pode sair com um diploma na mão e um contrato assinado com uma grande equipe.

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Fãs assistem ansiosos às escolhas que os times realizam no Draft da NFL. | Foto: Reprodução.

Muitos podem imaginar que apenas jogadores de universidades fracas conseguem chegar às grandes ligas, mas isso não é verdade. O atual quarterback do Washington Football Team da NFL, Ryan Fitzpatrick, é formado em economia pela renomada universidade de Harvard, uma das melhores do mundo.

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Formado em Harvard, Ryan Fitzpatrick já jogou em 9 times diferentes da National Football League. | Foto: Reprodução.

Esse modelo norte-americano traz benefícios tanto acadêmicos quanto esportivos, fica claro pelo desempenho nas Olimpíadas de 2016, quando a delegação estadunidense ganhou 121 medalhas, 46 de ouro. Um número muito maior do que as 19 medalhas que o Brasil ganhou ao todo. Os atletas, além de treinarem em instalações de alto nível, conquistam um diploma que pode ser usado como um plano B, então mesmo que não tenham sucesso nos esportes, eles podem seguir uma profissão.

Como dito antes, no Brasil os esportes universitários existem sim e têm a sua importância para atletas. Os campeonatos são organizados pela Confederação Brasileira de Desportos Universitários (CBDU). A criação foi em 9 de agosto de 1939, mas só foi oficializada em 15 de novembro de 1941 pelo decreto 3.617, assinado por Getúlio Vargas, que oficializou os esportes no Brasil e a oficialização dos desportos universitários no país. Uma das competições que a CBDU organiza são os Jogos Universitários Brasileiros, a maior competição do tipo na América Latina. E além disso, oferece mais de 16 mil bolsas de ensino superior.

Anualmente os jogos reúnem mais de 80 mil pessoas de todo o Brasil. No JUBs conferência, o primeiro colocado em cada fase disputa o título da conferência regional que são 4, Norte, Nordeste, Sul e Sudeste, e as modalidades disputadas em quadra são: basquete, vôlei, handebol e futebol de salão. No JUBs modalidades, 22 categorias de esportes são divididos em 5 grandes eventos realizados ao longo do ano. Os eventos são: futebol, rugby 7, esportes de praia, lutas, futebol de 7 society, basquete 3×3, raquetes e xadrez. Na fase final dos jogos, que reúne mais de 7 mil atletas, as modalidades presentes são atletismo, basquete, futsal, handebol, FIFA, LoL, vôlei, natação, judô e acadêmico. Além desses, a cidade que sedia o evento poderá escolher outras modalidades para serem disputadas.

No cenário internacional, a CBDU participa de algumas competições universitárias como a FISU America Games , FISU University World Cups dentre outras, de várias modalidades diferentes. 

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Por Raul Galetti – Fala! Anhembi

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