A política pão e circo ficou conhecida em Roma por ser uma forma de fazer com que a população mantivesse a fidelidade ao governo e à ordem. Ironicamente, temos uma situação similar, mas em um contexto diferente. Enquanto atingíamos quase 500 mil mortes devido à pandemia da Covid-19, o governo anunciava que o Brasil seria sede da Copa América.
A Copa América é o principal torneio de seleções da América do Sul, iniciou-se em 13 de junho e irá até 10 de julho. As seleções estão divididas em dois grupos, sendo Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai no Grupo A; e Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela no Grupo B. A princípio, a Colômbia seria a anfitriã do torneio, mas devido às manifestações violentas, foi transferida para a Argentina, que desistiu em decorrência do aumento de casos de Covid-19. Logo, a Conmebol escolheu o Brasil como nova sede e Bolsonaro prosseguiu.
No primeiro dia de junho, Bolsonaro declarou que “No que depender de mim e de todos os ministros, inclusive o ministro da Saúde, já está acertado, haverá Copa América no Brasil”. Logo, os governadores de Pernambuco, Bahia e São Paulo divulgaram notas ao público rejeitando os jogos nos estados; por fim, os jogos acontecem nos estados de Brasília, Rio de Janeiro, Cuiabá e Goiânia.
Política pão e circo atual
Além da oposição, para o cientista político Paulo Niccoli Ramirez (Fesp-sp) a decisão de Bolsonaro é um “tiro no pé” contra seu governo, trata-se de ser uma forma de ‘desviar’ a atenção ao agravamento de mortos (que atualmente são mais de 500 mil). Ademais, ele compara à política pão e circo do Império Romano, o único detalhe é que a plateia assiste ao espetáculo de barriga vazia.
Em uma entrevista ao Glauco Faria, do Jornal Brasil Atual, Ramirez declara que: “A diferença é que não temos pão. As pessoas estão famintas, miseráveis, pedindo comida nas ruas. O que ele oferece é o circo. Mas talvez o maior palhaço dessa história seja o próprio Bolsonaro”, disse. Após dias, os atletas da Seleção Brasileira divulgaram uma carta aberta ao público declarando a insatisfação com a realização do torneio no meio de uma pandemia que assola o país:
Somos um grupo coeso, porém com ideias distintas. Por diversas razões, sejam elas humanitárias ou de cunho profissional, estamos insatisfeitos com a condução da Copa América pela Conmebol, fosse ela sediada tardiamente no Chile ou mesmo no Brasil.
Por fim, os atletas declararam que sabem a importância do posicionamento e também para evitar notícias falsas veiculadas aos seus nomes. No final da carta, disseram: “Somos contra a organização da Copa América, mas nunca diremos não à Seleção Brasileira”.
Desemprego no Brasil
Segundo uma matéria do UOL divulgada na última quinta-feira (30), a taxa de desemprego no Brasil segue em nível recorde no país. Com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa foi de 14,7%, sendo mais de 489 mil desempregados no país; o percentual é considerado um dos maiores desde a série histórica, iniciada em 2012. Portanto, no total, são 14,8 milhões de brasileiros procurando trabalho.
__________________________
Por Isabella Martinez – Fala! Anhembi