Todos conhecemos a famosa Revolução Francesa dos livros de história, mas a importância desse evento na moda não é algo muito conhecido. A célebre Tomada da Bastilha ocorreu no dia 14 de julho de 1789 e simbolizou a revolta popular contra o regime absolutista francês. Foi nesse exato dia que se iniciou uma revolução política, não só no governo, mas também na própria moda.
A guarda nacional, formada pelos partidários da revolução, invadiu a Bastilha utilizando chapéus com cores que até hoje identificam a França em nosso imaginário: azul, vermelho e branco. A cor azul era significado do cuidado que os ricos deveriam ter em relação aos pobres, o branco símbolo da Casa de Bourbon, à qual pertencia ao rei, e vermelho cor relacionada a Saint-Denis, padroeiro de Paris.
Impacto da Revolução Francesa na moda
No dia a dia fora do campo político, a Revolução Francesa mostrava grande impacto dentro do guarda-roupa dos franceses. Uma edição do Journal de la Mode et du Goût (Jornal da Moda e do Gosto) de 1790 indica às mulheres ricas o uso de “cores listradas em estilo nação”, ou seja, o uso de azul, vermelho e branco. Para as chamadas “mulheres patriotas”, era comum o uso de tecido azul royal, chapéu de feltro negro e roseta tricolor. Os trajes masculinos não fogem dessa regra, cores azul, vermelho e branco em faixas e roupas em tecido preto.
Conforme a Revolução foi se agravando, as mudanças na moda se aprofundaram e alguns itens do vestuário dos franceses se tornaram obrigatórios por lei. Um exemplo foi a roseta tricolor, que foi imposta até mesmo à rainha. Mais tarde, por volta de 1792, uma outra peça chegou a se tornar obrigatória para homens e mulheres, o barrete frígio, um tipo de chapéu.
Algo muito notório também é que, pela primeira vez na história Ocidental, a moda passava a ser ditada não pela nobreza, mas por aqueles a quem se chamava de Terceiro Estado: camponeses livres, trabalhadores urbanos, servos, pequenos comerciantes e a alta burguesia mercantil.
A Revolução Francesa foi um divisor de águas para a sociedade da época. Ela marcou um abandono de um mundo dividido entre nobres e plebeus para um mundo baseado na burguesia como grupo dominante. Até então, a moda era vista como mais uma forma de marcar a divisão entre os ricos e pobres. A burguesia, portanto, via a moda da nobreza como algo frívolo e um mecanismo de diferenciação de grupos sociais.
Os revolucionários, portanto, abandonaram determinados materiais característicos da vestimenta nobre, como sedas e rendas, e passaram a utilizar tecidos mais simples, como algodão e lã. A indumentária da Revolução Francesa incorporou elementos de origem greco-romana, responsáveis por “secar” as silhuetas e fazer desaparecer as perucas, os penteados gigantescos e as armações dos vestidos femininos.
O traje masculino também sofreu mudanças. A Revolução Francesa ligou a ideia de masculinidade a trajes mais austeros com prevalência de cores escuras e cortes mais simples, abandonando as maquiagens e rendas que eram utilizados pela nobreza até então.
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Por Isabella Galvão – Fala! ESPM-SP