As polêmicas em torno dos hospitais de campanha são os reflexos de uma administração pública sem protocolos de atendimentos e sem menor pretensão em combater a pandemia em Manaus.
O atendimento mais rápido e acesso a UTI mais fácil, nem de longe é a imagem dos hospitais de campanha. Contratos milionários realizados com o dinheiro público. Um contrato de locação firmado entre o governo do estado do Amazonas e o complexo hospitalar Nilton Lins chega em torno de 2,6 milhões. Hospital esse que depois que o contrato for rescendido não pertencerá ao governo. Por qual razão 2,6 milhões não são investidos em hospitais que serão de domínio público durante e depois da pandemia? Seria mesmo a urgência em ter o atendimento para a população ou a chance de desvios milionários?
Hospitais de campanha e descaso com a pandemia em Manaus
Foram erguidas às pressas estruturas para atendimento em todo o país. Escolas, estacionamentos e centros de convenções dão lugar ao cenário caótico da pandemia. É uma medida fundamental, pois nenhum país, estado ou sistema público é desenvolvido para passar por uma pandemia.
O hospital Nilton Lins, reinaugurado no dia 26 de janeiro, atua sem protocolos. Funcionando ilegalmente, uma vez que não existe legalmente nos órgãos sanitários. Classificando-se, assim, a situação do hospital em grave. Um rombo enorme nos cofres públicos não foi suficiente para conseguir manter a qualidade do atendimento à Covid-19. Os pacientes são enviados para outros estados que se dispõem a ofertar o tratamento adequado. Há vários caso em que, durante essas transferências, os doentes tiveram piora no quadro e levando até à morte. Visto que há uma baixa pressão do ar no interior da aeronave, que diminui a umidade no ambiente e a oxigenação no organismo.
Falta transparência por parte do governo do estado. O governador Wilson Lima, juntamente com as secretárias responsáveis, deveria apresentar valores, procedimentos e valores. Trata-se de dinheiro erário, e não finanças particulares dos governantes. O maior incômodo são os valores investidos na construção ou locação. É necessário uma grande estrutura organizacional, no entanto, há uma enorme discrepância do que é “pago” para o que é oferecido.
A pandemia sacudiu a realidade, adiou sonhos, distanciou os afetos e polarizou ainda mais as classes sociais. Até quando o nosso dinheiro vai ser jogado pelos ralos, mas sem sequer chegar até onde precisa? Serão necessárias quantas mortes e quantas pandemias para que o nosso dinheiro finalmente ganhe o destino correto? As respostas para essas perguntas estão nas eleições. De fato, não se conhece exatamente as intenções de um político, no entanto, é muito importante que comecemos a usar mais o raciocínio na hora de votar.
Todo o país vive um colapso. Bate-bocas políticos, brigas partidárias, aquisições ou não de vacinas, grupo de riscos, tudo divide ainda mais a população. As fake news geradas em alguns casos por parte de governantes é o que intensifica rachaduras na administração pública. A vida humana deve ser a maior prioridade de todo governante, logo após a qualidade de vida. Um povo que cobra merece respostas.
Quando um governador faz contratos milionários e nega-se a procurar outros preços com a desculpa de que precisa dos equipamentos, logo é um ato irresponsável que carrega consigo vidas perdidas. Como dormir à noite com vidas sendo ceifadas por irresponsabilidade? Há tanta necessidade de mostrar o que o governo está fazendo e conseguindo se recuperar do que realmente está acontecendo. Quem mora em Manaus, vê essa realidade. Abrir comércios em troco de “bater no peito” e dizer que Manaus foi a primeira a se recuperar no Brasil é burrice. A vida compete com o ego de governantes preocupados com a imagem que passa, e não com o que se faz.
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Por Juliana Neves – Fala! Centro Universitário Fametro – AM