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Opinião: o que é ser adulto? A pressão do mundo para o crescimento

Ser adulto pode ser sinônimo de crescimento e responsabilidade

Você sabia que a maioria dos jovens sofrem de algum tipo de transtorno? E sabe de quem é a culpa? É muito fácil culpar uma criança ou adolescente ou jovem pelos seus erros e falhas. Mas será que eles são os verdadeiros culpados nessa história?

Os adultos de hoje (pais, professores, educadores, familiares) são os principais responsáveis pela formação dos adultos de amanhã. A culpa é deles, a culpa é nossa. Tirando a parte da criancice, quem foi que ensinou todo o resto? Você já parou para pensar sobre isso? Aquilo que os pais e adultos fazem afeta mais do que aquilo que é dito. Os filhos espelham as ações dos pais. O comportamento diz muito.

Que tipo de geração estará formando a próxima geração? Que tipo de geração você está formando? Você irá repetir os erros passados?

Os problemas de suicídio, depressão, ansiedade são causados ainda na infância e se manifestam nas fases jovem e adulta, reflexos de uma educação baseada em um modelo falido, que ensina o conhecimento técnico, mas não emocional. Ensinamos as crianças matérias como português, inglês, matemática, geografia, literatura — que são importantíssimas, diga-se de passagem —, mas pouco falamos sobre as matérias mais importantes: relações humanas, sociais e psicológicas.

O problema está nos excessos. Tudo em excesso é prejudicial. Excesso de sono, comida, estudo, atividades físicas. Os pais não devem envolver os filhos em excessos (informações, atividades) e evitar as telas. Os adolescentes sofrem pressões por todos os lados: internas (hormonais e mentais), familiares, amigos, escola, tela (moda, cultura, comportamento). O resultado? Deu “tilt”! É necessário resetar ou vamos morrer! No videogame é mais fácil. Na vida real, não.

O caos que nós mesmos formamos vai nos consumindo e nos afogando nas profundezas da nossa mente. Vivemos ansiosos e estressados e acabamos criando diversos problemas não apenas a nós mesmos como também aos nossos semelhantes. A ansiedade não nos permite pensar com clareza. A ansiedade nos faz pensar em tudo ao mesmo tempo. Assim, não conseguimos focar e desenvolver a criatividade e organizar a mente. Estamos privados do sono e bombardeados de informações. Somos doentes e não nos damos conta disso. 

Os excessos associado à pressão ficam martelando na mente até explodir. E quando o vulcão entra em erupção, só há uma saída: controlar o fogo e sair de perto.

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A fase adulta costuma ser marcada por pressão e responsabilidades. | Foto: Reprodução.

A pressão da fase adulta

Ontem, estava lendo um livro e o autor falou sobre a crise dos 30 anos. Não sei se você acredita nisso ou não, mas estou começando a ver que é real. Afinal, no próximo ano, eu completo os meus 30 anos e a pressão da vida adulta tem me consumido – carreira, família, financeiro. Felizmente, eu tenho aprendido a controlar. Ao final deste artigo, eu vou te ensinar como exercer este mesmo controle.

Continuando o pensamento, nossa vida é feita de passagens e marcos. Aos 15 anos, é a idade em que as adolescentes (meninas) comemoram a transição de meninas para jovens. Aos 18, é a vez dos homens, que assumem as suas responsabilidades e obrigações civis e militares. A próxima fase para ambos os sexos é aos 30 anos. E depois disso, vem a fase dos “-enta” – quarenta, cinquenta, sessenta, setenta.

Chegar à fase adulta é uma verdadeira pressão social. Se não estivermos seguros emocionalmente e seguros de quem nós somos e por que fazemos o que fazemos o resultado é o verdadeiro caos como já comentei. Somos capazes de fazer seguros para o carro, a casa, a empresa, mas não somos capazes de fazer seguro para a nossa mente, que sofre devido ao excesso de informações que adquirimos todos os dias.

Pais, líderes, educadores: todos falham quando o assunto é blindar a mente

O fluxo da vida é dividido em fases: nascimento, crescimento e morte. Existem outros fluxos, como o fluxo relacional (entre um homem e uma mulher): amizade, pré-namoro, namoro, noivado, casamento; o fluxo escolar: jardim de infância, ensino fundamental, ensino médio, faculdade, especialização (pós, mestrado), PhD; o fluxo do mercado de trabalho: aprendiz, estagiário, trainee, funcionário, empresário.

O ponto é que precisamos rever alguns conceitos. A pressão é cada vez maior e as desigualdades social, financeira e escolar só aumentam. Precisamos dar um basta nisso! Até quando vamos considerar normal viver em um mundo de extrema pressão?

Enquanto não houver uma verdadeira revolução educacional e familiar, o cenário jamais irá mudar e a pressão sobre os mais jovens continuará em uma crescente. A reforma da educação é urgente e precisa ser encarada com seriedade. Precisamos urgentemente mudar a nossa metodologia de ensino e de trabalho e, assim, descansar a mente para sermos mais felizes. A felicidade não tem a ver somente com conquistas, mas com qualidade de vida proveniente de uma mente saudável e descansada. “Se a sociedade nos abandona, a solidão é tratável, mas, se nós mesmos nos abandonamos, ela é quase incurável” (Augusto Cury).

Resumo da ópera de ser um adulto

Se quisermos vencer a pressão da fase adulta e as pressões da sociedade, precisamos nos reeducar e repensar os modelos vigentes. É fácil falar, difícil é fazer. A solução começa quando começarmos a capacitar a nós mesmos  para sermos os autores da nossa própria história. Ou seja, entender que a verdade de alguém não é necessariamente a minha verdade. Eu me recordo da história do Flávio Augusto. Ele rompeu com o fluxo regular  de ensino e alcançou o sucesso na vida, tornando-se extremamente rico. Foi fácil? Claro que não! Ele sofreu muita resistência. Steve Jobs, Bill Gates são outros exemplos. 

O que nos falta? Sermos livres para pensar e criar é um privilégio. As maiores invenções e criações surgiram da necessidade e da dor. Ensine a criança a pensar. Deixe que ela escolha seus próximos passos. Tire a pressão, aumente responsabilidades com o amadurecimento. Ensine valores e caráter. Ensine a conquistar e a gerenciar desde cedo. Não pressione além do necessário. Estipule metas. Ensine o valor dos resultados. Ensine a vencer a antecipação. Ensine a duvidar e criticar. Ensine a tomar decisões baseadas em critérios, em riscos e oportunidades. Não seja um traidor de você mesmo.

Ao cuidarmos de nossas mentes, estamos cuidando de nosso presente e do nosso futuro. Ao educarmos para viver, e não para a vida, estaremos começando a verdadeira revolução.

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Por Paulo Machado – Fala! Universidade Federal do Amazonas

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