IA (ou AI, em inglês) é a sigla para inteligência artificial ou artificial intelligence, termo bastante difundido na última década no que se refere à tecnologia e suas inovações, mas já utilizado no meio científico desde a década de 1950. Bastante explorada nas literaturas, filmes e séries que tratam de ficção científica e todas as suas grandes promessas, a IA agora é uma realidade palpável e presente no dia a dia de milhões de pessoas.
Utilizando como base um sistema complexo de algoritmos que tentam reproduzir o funcionamento de um cérebro humano, seleções e tomadas de decisões por meio do estabelecimento de padrões permitem que máquinas inteligentes sejam programadas para atuar nos mais diversos setores. No comércio, por exemplo, as vendas são direcionadas para o cliente através das buscas e acessos feitos por ele, gerando uma espécie de perfil desse comprador; dessa forma, todas as propagandas de venda que a ele forem direcionadas serão fruto de uma seleção feita tomando como base gostos, escolhas e preferências manifestados ao curtir uma determinada página, ou compartilhar alguma propaganda, ou pesquisar sobre determinado assunto ou produto. Parece mágica, mas não é.
Da mesma forma as IAs também já estão inseridas nas engenharias, na medicina, nas indústrias e no cotidiano de tantas outras pessoas que possuem algum contato ou envolvimento com tecnologia através do uso de computadores, smartphones, smart watch e outros. Um exemplo disso é a Siri, assistente digital virtual da Apple; a Cortana, da Windows; a Betty, da Linux; a Alexa, da Amazon, dentre outros. A interação entre o proprietário do produto e o assistente digital virtual fornece informações ao programa, que passa a estabelecer um padrão e, a partir dele, fornece um retorno cada vez mais personalizado e compatível com as necessidades do usufrutuário.
E assim, surgem carros que dirigem no modo piloto automático; casas inteligentes que destrancam portas por meio de impressão digital; luzes que acendem e centrais de ar que ligam através de comando de voz; cafeteiras e micro-ondas programados para horários pré-determinados; monitoramento de câmeras de segurança; a otimização de serviços na área de segurança da informação; entre outras tantas aplicações possíveis para imensuráveis situações, contextos e necessidades.
Inteligência artificial na educação
No entanto, no que tange à educação, o uso e aplicação das IAs ainda é uma incógnita. Em meio à pandemia de Covid-19 iniciado em 2020, a educação foi uma das maiores atingidas. A necessidade urgente de adaptação encontrou grandes obstáculos, o que exigiu trabalho dobrado (ou até mesmo triplicado) por parte de professores e educadores no mundo inteiro, e o uso de aulas remotas foi uma das alternativas mais empregadas por escolas nesse meio tempo como forma de dar continuidade às atividades escolares. No Brasil, também não foi diferente.
Escolas, universidades, faculdades e centros de ensino superior e técnico travaram uma verdadeira luta contra o tempo (e o vírus) como forma tentar recuperar o ano letivo. As instituições que possuíam os meios materiais e os recursos necessários, providenciaram a transmissão de aulas aos alunos por meio de plataformas conectadas à Internet, e quem tinha condições, acompanhava. Mas e quem não tinha?
Muitas escolas da rede pública de ensino, assim como universidades, não conseguiram ministrar o ensino no decorrer do ano que passou por falta de estrutura, da mesma forma que muitos estudantes não tiveram acesso frequente, ou mesmo nenhum, à Internet, ou não possuíam aparelhos eletrônicos (celulares, tablets ou computadores) que promovessem essa interação.
Como a IA pode ser aplicada
Diante desse panorama, como as IAs poderiam ser aplicadas à educação em um país como o Brasil, onde as desigualdades entre classes são enormes e as barreiras sociais intransponíveis? Como ignorar tamanha discrepância e permitir que um exame de abrangência nacional como o Enem seja efetuado em meio ao caos? É como promover uma luta com a vitória de um dos lados já certa, garantida e arranjada, na qual o evento seja mera formalidade.
É difícil vislumbrar a realidade das IAs nas escolas e universidades públicas brasileiras como algo para um futuro próximo. O problema é estrutural e vai desde a falta de recursos materiais, assim como a má gestão destes; passa pela precarização da formação de professores adaptados a essa nova circunstância; segue adiante pela dificuldade de acesso ou inacessibilidade por parte da população a aparelhos eletrônicos suficientemente adequados; até o desconhecimento do manuseio de equipamentos e o analfabetismo digital.
Caso fosse o cenário fosse diferente, o que mudaria então? Com as IAs, a contribuição para a educação seria de grande valia. A atenção dirigida a cada aluno passaria a ser especial, atendendo às necessidades específicas de cada um; haveria acompanhamento exclusivo, em tempo real e integral desses alunos por um assistente digital virtual, como a Siri, a Cortana, Betty e a Alexa; os conteúdos ministrados seriam adaptados segundo o nível de dificuldade de cada pessoa, promovendo uma progressão de acordo com o ritmo pessoal e individual do estudante graças aos algoritmos; o monitoramento de presença, a participação nas aulas e o desempenho por disciplina seriam apresentados e atualizados na forma de dados estatísticos para controle dos responsáveis; o professor passaria a ser uma espécie de tutor-gerenciador desse processo; e essas são apenas algumas das vantagens que a adoção da inteligência artificial na educação poderia promover a todos.
Por enquanto, essa é uma realidade ainda distante, pelo menos para a maioria dos brasileiros, infelizmente. Mas, independente do grau de dificuldade a ser enfrentada, no decorrer da trajetória escolar rumo à universidade ou a um curso técnico, o importante é nunca desistir e seguir sempre em frente com a cabeça erguida, em direção a uma vida melhor, digna e honesta, porque uma hora toda essa dificuldade passa e o que fica são as conquistas.
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Por Tassia Malena Leal Costa – Fala! Universidade Federal do Amapá