O relógio do capitalismo em uma corrida contra o tempo, fomentando um mundo mais dinâmico, com cenários incertos e uma humanidade rodeada por seus anseios
O modo de produção capitalista, desde seu nascimento, já evidencia o início de uma ruptura da organização social trabalhista, entre: proprietários dos meios de produção, aqueles que forneciam os mecanismos necessários para o desempenho do trabalho, e operários, eles que detinham e vendiam a mão de obra para a sua sobrevivência, tendo em vista a otimização dos processos produtivos como um dos fatores relevantes para a mudança no mercado, obtendo como resultado uma migração da manufatura (técnica de produção artesanal) à maquinofatura (sistema de fabricação de produtos por máquinas).
Desse modo, a fonte de energia e a máquina começaram o processo de tomada de posição do homem e de sua força braçal. Posteriormente, a necessidade de exploração trabalhista, a expansão dos meios de produção e assalariamento desencadearam um fortalecimento dessas novas relações sociais, proporcionando avanços tecnológicos para o mercado e consolidação deste sistema no desenvolvimento fabril e econômico, período bastante conhecido como Revolução Industrial.
Conforme o tempo e suas modernidades, tal revolução foi passando por diversas adaptações e inovações, desenvolvendo além das capacidades humanas, operando fortemente em setores comunitários e na relação do homem com a natureza, no estilo de vida das pessoas e em seus padrões de consumo.
Capitalismo e a percepção do tempo
Atualmente, com a globalização, todos os seres terrestres estão conectados, desde suas vestimentas fabricadas e importadas de outros países, sejam por veículos comunicacionais ou notícias instantâneas, por satélites que efetuam a observação geográfica e operam com a Inteligência Artificial e Big Data. Ademais, todas essas modificações socioespaciais reduziram distâncias e corromperam as percepções temporais, que já haviam sendo atravessadas desde a Revolução Industrial. Mas, dessa vez, como um processo desenfreado, pois o mundo está mais dinâmico e apenas de uma coisa se tem certeza: a mudança é e será a única constante.
Contudo, a Internet, é uma grande variante neste assunto. Com seu avanço, as gerações subsequentes sofreram impactos irreversíveis, os “nativos digitais” caminham e imergem em uma realidade multitasking (hábito de desenvolver muitas coisas de uma só vez), tornando esses indivíduos mais distraídos e menos reflexivos, pois não se contentam em concentrar em apenas uma tarefa ou informação para desempenhá-la.
A necessidade de produção para a satisfação pessoal é intensa e incansável (até certo ponto), o cérebro é retido a todo momento com muitas informações corriqueiras e imediatas, a nova forma de se pensar é a de passar os olhos pela informação e saciar sua sede por ela, debilitando a capacidade da reflexão e pensamento com a “própria cabeça”, muitas vezes apenas respondendo a estímulos externos e reproduzindo comportamentos de seu corpo social.
Logo, a humanidade passará por consequências e crises que estão longe de se solucionarem, considerando a sociedade como ambiente complexo, ela está permitindo que seus membros possam vivenciar tempos diferentes, treinando-os para a flexibilidade temporal e o engajamento em propostas despachadas, exigindo maior velocidade e, consequentemente, esgotamento dessa comunidade. Assim, incitando a hiperatividade e a ansiedade, que cerca toda uma população, baseada, pode-se dizer, em uma sociedade do cansaço.
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Por Maria Eduarda Mazza Teixeira – Fala! Fecap