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Saiba mais sobre 5 lendas da cultura Maori, nativos da Nova Zelândia

Os Maori são os habitantes nativos das ilhas da Nova Zelândia, muito antes dos britânicos chegarem, eles já povoavam “Aotearoa” (terra da longa nuvem branca), nome do país na língua maori. Originalmente vindos de outras ilhas polinésias, os maori chegaram nas ilhas neozelandesas no período compreendido entre 10 e 800 D.C.

Por conta disso, eles compartilham diversos mitos e personagens folclóricos com outros povos polinésios. Eles ficaram mundialmente famosos por conta da seleção neozelandesa de rugby, os All Blacks, que performam no início de toda partida a dança da guerra maori: o haka.

Imagem do início de uma partida de rugby, os jogadores da seleção neozelandesa fazem o haka. A dança conta com caretas e gritos de guerra, além de tapas na região peitoral.
Seleção de rugby da Nova Zelândia, os All Black, dançando o haka. | Foto: Reprodução.

Cabe ressaltar também que o processo de colonização ocorrido na Nova Zelândia foi muito mais brando do que o da vizinha Austrália, cujo os aborígenes foram praticamente excluídos da sociedade, restando apenas poucas comunidades nativas que lutam para sobreviver.

Nas ilhas neozelandesas os maori são considerados símbolos nacionais, tendo sua cultura e modo de vida protegido pelas autoridades neozelandesas. Esse respeito foi crucial na manutenção das tradições orais maori, e hoje nós iremos conhecer algumas delas.

Conheça 5 tradições orais maori

Rangi e Papa e a criação do Mundo

Escultura tradicional maori em madeira representando o abraço de Rangi e Papa
O abraço eterno de Rangi e Papa. | Foto: Reprodução.

Um dos mitos fundamentais para qualquer cultura é a sua visão sobre como o mundo que conhecemos foi criado, para os maori, esse relato nada mais é do que uma história de amor.

No início, existia apenas Rangi (pai céu) e Papa (mãe terra), os dois amavam-se em um perpétuo abraço. Essa aproximação exagerada entre o céu e a terra impedia que a luz adentra-se entre o casal de amantes. O problema é que os seus filhos viviam justamente neste espaço apertado, tendo eles nunca visto a luz. Um de seus filhos, Tane (deus das florestas), decide libertar os irmãos daquela longa escuridão e, com os pés firmados em Papa (mãe terra), empurra o deus céu para longe, separando os pais para sempre.

Muito triste com a separação, Rangi chorou bastante, o que formou poças de água no corpo de Papa, ou seja, as lágrimas do deus céu formou os oceanos. E, assim, criou-se o mundo que conhecemos hoje.

Maui e a pesca da Nova Zelândia

Ilustração representando Maui pescando a Ilha Norte. Maui está no centro da imagem, na sua canoa puxando a linha do anzol.
Maui pesca a Nova Zelândia. | Foto: Reprodução.

Isso mesmo, o Maui de Moana! Bem, não é o Maui do filme, mas o personagem da trama da Disney foi inspirado pelo personagem mitológico que faz parte do panteão de narrativas orais maori.

O semideus forte e inteligente roubou, ainda na infância, a dentadura de sua avó e passou a usá-la como anzol de pesca. Entretanto seus irmãos não o permitiam pescar, então, ele foi um dia escondido, se revelando apenas quando a canoa já estava longe da praia. Maui jogou o anzol no mar, o objeto caiu até o fundo do oceano. Um peixe bem grande mordeu o anzol, Maui e os irmãos usaram todas as forças para puxá-lo para a superfície.

Contudo o peixe era imenso, impossível de ser trazido na canoa, então eles cortaram alguns pedaços, mas a maior parte do peixe continuou flutuando. E, assim, Maui pescou a Nova Zelândia, os cortes que os irmãos de Maui fizeram se transformaram em rios, montanhas e lagos.

Maui rouba o fogo de Mahuika (deusa do fogo)

Ilustração que representa Mahuika, deusa do fogo maori. Deixando em evidência suas unhas de fogo.
Mahuika, deusa do fogo na mitologia maori. | Foto: Reprodução.

O nome de Maui é recorrente nas narrativas mitológicas maori, o semideus sempre fez de tudo para ajudar a humanidade. Após pescar a Nova Zelândia, ele se empenhou em roubar o fogo de Mahuika.

Naquele tempo, os humanos não dominavam o fogo, apenas a deusa do fogo tinha o monopólio do conhecimento de como fazê-lo e controlá-lo. Maui, incomodado com isso, foi ver com Mahuika e roubou o fogo de suas unhas incandescentes. E, a partir daí, os maori tiveram o conhecimento de como fazer fogo.

Hine (deusa da noite e da morte) mata Maui

Ilustração mostra Hine, deusa da morte na mitologia maori. Uma mulher vermelha como longos cabelos pretos.
Hine, deusa da morte na mitologia maori. | Foto: Reprodução.

Maui, após tantos feitios importantes para a humanidade, acreditou ter forças para conquistar a imortalidade. Seu intento acabou por levá-lo para a morte. Contaram-lhe que se ele conseguisse entrar no corpo de Hine (deusa da noite e da morte) e saísse pela boca, ele conquistaria a tão sonhada imortalidade.

Então, quando a deusa dormiu, Maui transformou-se em um verme e decidiu entrar pela vagina de Hine para, assim, sair pela boca. No entanto, a deusa acordou e, percebendo o invasor, o esmagou com os dentes que recobriam sua genitália. Assim, Maui encontrou a morte e os maori perderam o semideus mais inteligente e forte de todas as eras.

Paikea, o domador de baleias

Escultura em madeira representando Paikea montado em uma baleia.
Paikea, o domador de baleias. | Foto: Reprodução.

De acordo com a tribo Ngāi Tahu, Paikea é o ancestral de todos os indivíduos desta comunidade. Paikea vivia em ilhas ao norte da Nova Zelândia (possivelmente as Ilhas Cook). Ele era o filho mais novo, porém, o favorito de seu pai. Este fato incitava a inveja dos irmãos mais velhos, que decidiram matá-lo afogado durante a pescaria.

Tendo ouvido o cochicho dos irmãos, Paikea se preparou e terminou por afogar todos os invejosos irmãos. O problema é que ele acabou ficando à deriva sozinho e não sabia como voltar para casa, então, se agarrou ao fundo da canoa esperando sua morte certa.

Porém, Tohor, a baleia, apareceu e deixou Paikea subir em suas costas. O animal o levou para a Nova Zelândia, mais precisamente, para a Ilha Sul. Após alguns anos, os filhos de Paikea fundaram a grande tribo Ngāi Tahu.

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Por Jefferson Ricardo – Fala! UFPE

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