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Mulheres relatam casos de assédio e violência em redes sociais

Movimento #Exposed: textos de jovens violadas que buscam denunciar o abuso e encorajar outras mulheres mobilizam o Twitter desde a penúltima quinta-feira (30) 

assédio
Mulheres relatam casos de assédio e violência através de redes sociais. | Foto: Pixabay.

O movimento #Exposed trata-se de uma mobilização realizada no Twitter para as mulheres compartilharem seus relatos sobre agressões, estupros e abusos, tanto físicos, quanto psicológicos. As mulheres podem optar por fazer a exposição através de seu perfil oficial, ou por alguma página que esteja se voluntariando para publicá-la anonimamente. Além disso, as meninas postam seus relatos com a hashtag “exposed”, somada ao nome de cada cidade, no intuito de atingir o maior número de mulheres possíveis da mesma região.

O termo “exposed” é originado do inglês e significa exposto, ou seja, aquele que foi responsável pelo abuso. Dentre os violadores, estão amigos, namorados, vizinhos, professores, ficantes e até mesmo membros da família da vítima. As exposições foram feitas em todo o país, sendo que São Paulo e Curitiba ficaram entre as cidades mais comentadas.

A maioria dos relatos tratam-se de relacionamentos abusivos, em que o namorado xinga e inferioriza a parceira, e situações em que a mulher estava alcoolizada e não conseguiu impedir o abuso sexual. Muitos dos episódios relatados ocorreram há muito tempo – alguns até na infância – e o movimento foi visto como um incentivo para se pronunciar.

Aquelas que nunca tinham tido coragem para falar, por medo ou vergonha, viram a mobilização como uma oportunidade de vir a público contar sobre o abuso pela primeira vez. Com o forte apoio por parte das internautas femininas, as mulheres que compartilharam seus relatos alegaram ter tirado um peso de si e conquistado uma sensação de alívio.

Somente depois de dois anos, Maria Luiza Ravache, de 18 anos, conseguiu relatar o abuso sofrido: “Eu estava inconsciente, lembro de pequenos detalhes que foram o suficiente para me deixarem com nojo de mim mesma. Nós transamos, me machucou muito, estava totalmente seca, mas eu tinha tanto receio que acabei permitindo”. A garota expôs no Twitter que a relação ocorreu contra sua vontade, e foi seguida de dores e sangramentos. Depois da violação, a jovem desenvolveu depressão profunda e até hoje carrega sentimento de culpa.

Segundo Erika de Paula, psicóloga e terapeuta sexual: “A fala tem um processo fundamental para a vítima conseguir compreender o abuso e colocá-lo para fora. As vítimas passam por um processo de revitimização e precisam de um lugar onde se sintam acolhidas e possam nomear suas emoções. É recomendado que as mulheres traumatizadas façam terapia, pois é uma ciência que traz benefícios por dois meios de comunicação, a fala e a escuta”.

A união feminina     

As jovens utilizaram as redes sociais não somente para expor os homens que as violaram, mas também para alertar outras mulheres sobre os riscos que aqueles poderiam oferecer. Em situações de abuso, a união feminina é essencial, visto que a vítima precisa se sentir acolhida e entender que a culpa é do abusador – e somente dele.

O movimento ganhou força e repercutiu no Instagram e no Facebook, redes em que os internautas declararam apoio às vítimas. Além da mobilização ter ficado entre os “Assuntos do Momento” no Twitter, as frases “Se sou amiga do seu agressor, me avise” e “Se eu não posso dizer não, eu não posso dizer sim”, estiveram entre as mais mencionadas nas redes sociais na primeira semana de maio.       

Ser mulher no Brasil     

Como se não bastasse as desigualdades salariais e as cobranças que as mulheres recebem diariamente em relação ao modo como devem agir, andar, falar e se vestir, elas também são alvos de abusos sexuais, violência doméstica e feminicídio. Pertencer ao sexo feminino no Brasil, definitivamente, não é fácil.   

Segundo dados do Fórum de Segurança Pública em relação ao ano de 2018 no Brasil: a cada uma hora, mais de 500 mulheres foram agredidas. A cada sete horas, uma mulher foi morta simplesmente por ser mulher. O país foi considerado o 5º com o maior número de feminicídios no mundo. Ocorreram mais de 66 mil casos de violência sexual em um ano. 180 estupros por dia, sendo que 82% das vítimas eram mulheres e 52% tinham até 13 anos.

Mais da metade das mulheres que sofrem algum tipo de abuso ou violência não denunciam. Vítimas de ameaças, elas se mantêm caladas por medo ou vergonha. Por isso, quando a denúncia é feita, deve-se acreditar inteiramente no depoimento da vítima, e jamais descredibilizá-la. É de extrema importância conceder voz a essas mulheres, que, muitas vezes, não denunciam ou são taxadas de mentirosas.

Como denunciar? 

Para denunciar qualquer tipo de agressão ou abuso contra a mulher, disque 180 para a Central de Atendimento à Mulher ou mande um e-mail para ligue180@spm.gov.brAmbos canais funcionam em todo o Brasil e as denúncias são feitas de maneira anônima. 

Em casos presenciais, é recomendado que a denúncia seja feita em uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, porém, quando não houver uma delegacia especializada, a vítima pode recorrer ao posto policial mais próximo.

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Por Letícia Felix – Fala! Cásper

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