O reality show mais popular do Brasil escancara algumas de nossas mazelas sociais, entenda
A vigésima edição do BBB vem quebrando recordes de audiência (tanto que pela primeira vez a rede Globo decidiu esticar o programa mais 3 dias, agora terminando em 27 de abril) e é um dos assuntos mais comentados nas redes sociais desde o seu início.
A popularidade do reality levantou ao longo desta temporada questões sociais muito relevantes, tais como:
A estratégia do “teste de fidelidade” e o machismo extremo
Logo no início do programa alguns meninos da casa (Petrix, Lucas, Felipe e Hadson) se juntaram para seduzir as meninas comprometidas (Mari e Bianca) com o objetivo de queimar a imagem delas por serem infiéis. Essa estratégia foi chamada de teste de fidelidade e fez com que muitas meninas da casa se irritassem, e os telespectadores foram eliminando os homens um a um.
Não foi só essa “estratégia de jogo” que fez com que vários meninos da casa recebessem o rótulo de machistas dentro e fora da casa, algumas outras atitudes como falas de cunho machista, violência verbal e até mesmo assédio sexual, cometidos por Pyong e Petrix.
O racismo contra Babu e Thelma
Esse é o assunto mais delicado de tocar, pois ele envolve as participantes chamadas de “fadas sensatas”, o bloco hegemônico e mais popular do reality. Uma pena ser delicado, pois deveria ser óbvia a condenação de expressões racistas.
Babu foi isolado da casa pela “comunidade hippie” desde o começo do reality e os desdobramentos evidenciaram muitos episódios infelizes como: relativizarem sua intelectualidade, o chamarem de monstro e debocharem de seu pente. Já com Thelma, o mais grave veio de sua amiga Gizelly, que chamou a maquiagem da amiga de “barro”.
No caso do machismo, os meninos foram eliminados um a um, mas por que as pessoas com atitudes racistas do programa ainda não foram condenadas? Como, por exemplo, quando Manu Gavassi soltou uma frase considerada até eugenista, que era referente ao Daniel e a Marcela terem tonalidades de pele iguais, e que aquilo era “mais agradável”.
Homofobia estrutural
O assunto homofobia acabou sendo pouco abordado, apesar de Marcela ser abertamente bissexual. A homofobia presente no reality se deu em vocativos entre os meninos (dentre eles Babu, Felipe, Lucas e Hadson) denunciada por Manu Gavassi. Eles se chamavam por “viado” ou “arrombado”, o que teria incomodado as pessoas da casa. Manu apontou para os homens da casa que aquelas atitudes eram erradas e o assunto morreu por ali.
Relacionamento abusivo de Guilherme com Gabi
Guilherme e Gabi viveram um típico exemplo de relacionamento abusivo no programa. Eles viveram em ciclo praticamente durante a participação deles inteira, onde ele a destratava, escolhia com quem ela poderia ser amiga na casa, falava mal dela para todos na casa, mas não queria que os outros soubessem que ele que causava as discussões que sempre terminavam com a Gabi se desculpando por algo.
Esse tipo de relacionamento é muito recorrente e muitas pessoas ficam com traumas dessas relações para a vida inteira.
Como o Big Brother Brasil se encaixa como um programa de entretenimento, muitas pessoas deixam de lado fatos como estes citados acima e focam só no jogo. O único problema é que, além de entretenimento, o BBB é um reality show, e nós não podemos deixar que estes comportamentos façam parte do cotidiano, devemos condená-los todos igualmente e ter um entretenimento mais leve, livre de preconceitos e que vire um reality show, não um show de horror.
O programa está na reta final, será que todos que cometeram injustiças ou praticaram preconceitos ao longo do programa serão eliminados?
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Por Eduardo Reis – Fala! Cásper