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3 vezes em que a Igreja Católica e a ciência se misturaram

Crescemos com a ideia de que a religião só atrapalhou no desenvolvimento da humanidade e que sempre foi totalmente oposta à ciência. Conciliar esses dois termos parece impossível. Essa relação cercada de mitos não é tão simples quanto parece. Neste artigo, apresentaremos 3 acontecimentos que provam que toda essa idealização da Igreja Católica e a ciência não passa de falácias e estereótipos de Hollywood.

3 vezes em que a religião esteve ao lado da ciência

A teoria do Big Bang

​O Big Bang é uma tentativa da física de explicar as origens do universo. Essa teoria afirma que todo o cosmo se iniciou a partir de uma singularidade que vem expandindo-se pelo menos há 13,8 bilhões de anos. Essa ideia aparenta ser totalmente contra o que a Igreja Católica prega, porém, a teoria foi desenvolvida por um Padre Jesuíta. Georges-Henri Édouard LemaÎtre, padre católico, físico e astrônomo belga, propôs o que ficou conhecido como a origem do universo, que costumava chamar de “hipótese de átomo primordial” e, que logo em seguida, se popularizou como a teoria do Big Bang.

Einstein e Lemaître, juntos na Califórnia, em 1933.
Einstein e Lemaître, juntos na Califórnia, em 1933. | Foto: Reprodução.

Georges-Henri Édouard nasceu em Charleroi (Bélgica), em 1894. Sempre foi católico e apaixonado pelas ciências e engenharia, porém teve que interromper seus estudos aos 20 anos para defender seu país na Primeira Guerra Mundial. Após essa experiência, Lemaître reconheceu seu chamado para ser padre, o que nunca implicou com seus estudos, e começou sua passagem pela Universidade de Cambridge, terminando com um doutorado no antigo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Até mesmo Einstein afirmou ser a teoria mais bela da explicação da origem do universo, mas por ser agnóstico, o cientista  por muito tempo duvidou dos cálculos do padre, já que o modelo da ideia foi acompanhado de uma origem divina, e tanto ele quanto outros astrofísicos não gostavam disso.

Mortes de cientista por suas concepções científicas

​Muitos historiadores contemporâneos refutam a ideia de que a Idade Média foi a “Idade das trevas”, com pouco avanço científico. Aprendemos que cientistas como Giordano Bruno e Galileu Galilei foram queimados vivos por refutar a fé católica com suas teorias científicas. Porém, de acordo com o historiador Ronald Numbers, autor de Myths and Truths in Science and religion: A Historical Perspective (Mitos e verdades em Ciência e Religião: Uma perspectiva história), tudo isso não passa de um mal-entendido. Eles, na verdade, foram “queimados vivos”, por razão de suas ideias heréticas à divindade de Cristo e a virgindade de Maria, não porque acreditavam na infinitude do universo. Hollywood contribuiu muito para esses estereótipos serem vistos como verdade, por exemplo, a autópsia nunca foi proibida pela Igreja Católica, foi uma ideia que surgiu nos filmes no século XIX.

O historiador John Heilbron, da Universidade da Califórnia, no livro The Sun in the Church (O sol na Igreja, inédito no Brasil) afirma que a Igreja foi a instituição que mais ofereceu financiamento ao estudo de astronomia durante seis séculos da Idade Média Baixa até o Iluminismo. Haviam catedrais que serviram de observatórios e em uma dessas catedrais – a Basílica de San Petronio, na Itália. O astrônomo Gian Cassini confirmou a teoria do alemão Johannes Kepler, afirmando que a órbita dos planetas é elíptica.

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Estátua em homenagem a Giordano Bruno, Roma. | Foto: Reprodução.

A primeira Academia Científica do mundo

​Fundada em Roma, em 1603, na Idade Moderna, com o nome de Academia dos Linces por Federico Cesi, a Pontifícia Academia de Ciências foi a primeira academia científica do mundo e teve como um de seus membros Galileu Galilei. Atualmente, conta com cerca de 80 “acadêmicos pontifícios”, nomeados pelo papa, sob indicação do corpo acadêmico que não é sectário na escolha, muitos de seus membros não são católicos.

Papa Francisco recebendo Hawking em 2016. Foto: Reprodução.

Um dos cientistas mais conhecidos do mundo fez parte dessa academia: Stephen Hawking que foi um grande físico britânico e responsável por grandes contribuições para a astrofísica moderna, chegou a conhecer 4 Papas: Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Mesmo sendo um não crente, explicou que gostaria de “fazer avançar a relação entre a fé e a razão científica”.

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Por Letícia Ferreira Soares Azevedo – Fala! Uninove

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