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Vacina: como as fake news impactam na imunização contra a Covid-19

Fake news sobre a vacina crescem no país enquanto aumenta o total de brasileiros que não quer receber imunizantes

Ao longo dos últimos anos, o Brasil percebeu uma queda da cobertura vacinal do calendário de imunização. No ano passado, nenhuma das vacinas básicas teve meta alcançada pela primeira vez. Especialistas apontam vários motivos para isso. Porém, é ressaltada a disseminação de informações falsas pelo movimento antivacina, que vem ganhando força no País.

Na pesquisa Datafolha do mês de outubro, 75% das pessoas afirmaram que gostariam de se vacinar contra a Covid-19. Em agosto, o percentual era de 89%. Apesar dos números, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) prevê que as primeiras doses da vacina da Universidade de Oxford contra a Covid-19 devem ser aplicadas no Brasil até março de 2021.

No Brasil, a vacina contra o novo coronavírus nem foi aprovada ainda, mas autoridades dos três poderes já estão envolvidas em um debate sobre a obrigatoriedade dela. No dia 16 de outubro, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou, em uma coletiva, tornar a vacina obrigatória quando estiver disponível. O presidente da república, Jair Bolsonaro, se mostrou contra essa obrigatoriedade. Segundo o governador, apenas pessoas com atestado médico poderão ser liberadas de receber o imunizante.

Uma conversa que tem mais a ver com disputa política do que com saúde pública. Mas, devido a um clima de incerteza sobre os benefícios da vacina, observa-se um aumento nas redes sociais de discussões referente ao tema.  Segundo o levantamento da União Pró-Vacina (UPVacina), grupo ligado à USP Ribeirão Preto, teve um aumento de 383% em postagens com conteúdos falsos ou distorcidos sobre vacinas contra a Covid-19 no Brasil, dentro dos últimos dois meses.

Especialistas apontam que só com uma adesão ampla de vacinação um país será capaz de frear a taxa de mortalidade da doença e, talvez, voltar à vida normal. Por isso, destacamos as principais notícias falsas e explicamos o porquê as alegações não procedem.

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As fake news impactam na imunização contra a Covid-19. | Foto: Reuters.

Fake news sobre a vacina contra a Covid-19

Vacina altera o DNA

As vacinas de RNAm, como a da parceria Pfizer-BioNTech e a da Moderna, especialistas afirmam que não são capazes de modificar nosso material genético, porque a substância não chega ao núcleo da célula, onde fica o DNA. Elas são metabolizadas pelo nosso organismo fora do núcleo celular, no citoplasma.

Vacinas de DNA entram no núcleo da célula humana, mas também não são capazes de alterar o DNA, porque o plasmídeo, molécula que entrega o fragmento de DNA que codifica para a proteína Spike do coronavírus, não é capaz de se integrar ao DNA humano.

Vacinas chinesas não são seguras

Desde a divulgação de que a fase 3 de testes clínicos da vacina chinesa CoronaVac seria realizada no Brasil, produzida em parceria com o Instituto Butantan, as redes sociais foram inundadas com alegações infundadas de que a vacina não seria segura simplesmente por ser chinesa. Afirmações não só falsas, mas também xenofóbicas. A segurança e eficácia da vacina foram questionadas inclusive pelo presidente Jair Bolsonaro.

Vale ressaltar, a saúde brasileira já é dependente do país asiático há muito tempo. “Todos os remédios que fazemos no Brasil para doenças endêmicas têm matéria-prima chinesa”, diz a pneumologista Margareth Dalcolmo, em entrevista ao programa Roda Viva na TV Cultura.

As vacinas transmitem câncer ou HIV

Nenhum dos imunizantes contra a Covid-19 em estágio avançado de desenvolvimento sequer usa o vírus da Imunodeficiência Humana. Tampouco foi observada, até o momento, qualquer relação causal entre a aplicação da vacina e o desenvolvimento de tumores. As alegações são falsas.

As vacinas implantam um chip capaz de controlar os seres humanos

Circula pelas redes sociais que vacinas contra a Covid-19 contêm microchips que recebem sinais 5G, e permitem o controle externo do corpo. É impossível controlar seres humanos usando a tecnologia 5G.

Vacina transforma humanos em jacarés

Por mais absurda que essa fake news pareça, ela vem ganhando visibilidade nos ambientes digitais. Tudo começou quando o presidente da república, Jair Bolsonaro, questionou os possíveis efeitos colaterais das vacinas contra o coronavírus, tomando como exemplo a da Pfizer/BioNtec, e afirmou que não há garantia de que ela não transformará quem a tomar em “um jacaré”. A fala gerou memes nas redes sociais. Que essa afirmação é falsa não restam dúvidas. As explicações são óbvias.  

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Por Felipe Araújo – Fala! Cásper

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