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Universitário opina – Questão das estátuas: Quem merece pedestal?

Não se trata de revisionismo, mas sim, saber quem merece reconhecimento

Quando chegaram em Berlim, em 1945, e acabaram com a Segunda Guerra Mundial, os soviéticos começaram a demolir estátuas nazistas. Depois de fuzilarem Benito Mussolini e exporem seu cadáver, os monumentos fascistas foram postos no chão. No fim da União Soviética, os marcos stalinistas foram destruídos.

Hoje, há novamente uma grande tendência aos extremismos no mundo inteiro, principalmente à direita, e, assim como no século XX, há oposição por parte dos que querem liberdade e respeito aos direitos humanos (mesmo que estes não existissem antes). Um dos muitos caminhos dessa oposição é repensar quem homenageamos: o opressor ou o oprimido?

Aí, então, que se dá a polêmica: quando o opressor é homenageado, deve continuar assim? E, com um simples olhar para a própria pergunta, a resposta vem à mente: não. Se focarmos nos casos de homenagens a racistas e escravocratas, os mais atuais, vemos que a falta de informação sobre a pessoa ali retratada é quase unânime. Pode-se saber que o personagem ajudou alguém ou sua cidade, mas não se sabe que vivia da escravidão ou a estimulava.

O que era normal antes, agora não é mais e devemos começar a fazer do mundo um retrato de nosso tempo, assim como ele foi de nossos antepassados e suas ideologias, agora ultrapassadas. Para isso, devemos reconsiderar quem deve estar em nossas praças.

O processo será lento e, se for ideal, cada caso deve ser pensado de forma individual. Que se julgue as atitudes tomadas pelos homenageados para saber se ainda merecem pedestal. Também devemos considerar que seus pensamentos foram influenciados por seu tempo, não que isso deva justificar algo, não justifica. Já diria o historiador Eduardo Bueno: “Desde o primeiro momento em que existiu escravidão, as pessoas decentes foram contra. Não tem essa de contexto, sempre tiveram pessoas contrárias, seja na Grécia, em Roma ou na Suméria”.

estátuas famosas
Estátua de Lenin inaugurada no dia 20 de junho, na Alemanha. | Foto: Reprodução.

O que fazer com as estátuas?

Mas o que fazer às estátuas? Primeiro tirar das praças, esse é o local para homenagens, história fica em livros e museus (o que já elimina o pensamento de que se estaria apagando história). Alguns ativistas e pensadores tentam criar um conceito de “Cemitério de Estátuas”. As obras que se tornaram datadas seriam colocadas em um tipo de museu, apenas por seu valor artístico. O que excluiria as que, além de absurdas, são feias (cuidado Borba Gato!). Assim, mantendo só o aproveitável das obras.

O mundo está mudando, amadurecendo. Não devemos impedir, como conservadores assustados, mas sim, ajudar a roda do progresso a ir para frente.

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Por Vinícius Caldeira Novais – Fala! Cásper

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