No ano de 2010 o deserto de Atacama, localizado na região norte do Chile, havia ganhado destaque nas manchetes do mundo inteiro após 33 mineradores terem sido resgatados do interior da mina de San José. No entanto, essa não seria a primeira e nem a última vez que essa famosa região chilena teria destaque por conta de seu subsolo.
De acordo com o diretor da CIAHN (Corporação para Investigação e Avanço da Paleontologia e História Natural de Atacama), durante a década de 1980, moradores locais produziam e vendiam obras de arte artesanais dignas de serem compradas por colecionadores, feitas a partir de ossos de animais marinhos fossilizados encontrados nas areias do deserto.
Foi apenas em 2010, durante um projeto de expansão da Rodovia Pan-Americana, que acidentalmente uma empresa construtora se deparou com os restos mortais de 40 baleias na colina de Cerro Ballena. Descoberta surpreendente que logo se revelou ser apenas uma porção do que hoje em dia é considerado maior tesouro paleontológico do mundo que possui mais de duzentos metros de extensão.
Fósseis encontrados no deserto do Atacama
O que mais chamou a atenção dos paleontólogos foi o fato de muitos dos esqueletos de baleias encontrados, durante a exploração posterior à descoberta, estavam completos e em perfeito estado. Indicando que muito possivelmente esses animais com mais de 8 metros de comprimento morreram na mesma época e por motivos semelhantes.
A região conta com a presença de fósseis de diversos animais como leões marinhos, peixes-espada, uma espécie de golfinhos que apresentam presas parecidas com as das morsas, preguiças-aquáticas e diversos dentes de Megalodon, o maior tubarão que já existiu.
Mistério e Hipóteses
Durante os dias de hoje equipes de estudiosos ainda procuram uma explicação plausível para o motivo desses fósseis terem sido encontrados com tanta proximidade e sem sinal de decadência por conta das condições climáticas da região.
Uma das principais hipóteses levantada durante a investigação forense dos esqueletos, ocorrida em 2011, é que os animais encontrados morreram em quatro eventos diferentes em um intervalo de tempo de dez mil anos, existindo uma grande possibilidade de que um desses possíveis eventos tenha sido um desastre natural inconstante como uma erupção vulcânica.
Outro elemento importante para se levar em consideração é o fato das areias do deserto possuírem uma coloração vibrante única causada pelo óxido metálico e cobre. Esses minerais teriam envenenado gradativamente a plantação marinha da região, intoxicando as baleias e microrganismos que serviam de alimentação para as outras criaturas que também viviam nesse habitat em específico.
Por mais que essas possibilidades pareçam suficientes, ainda não foi possível encontrar uma solução factual e que explique com detalhes o que realmente ocorreu.
“É tentador. Mas é assim que a ciência histórica funciona geralmente. Você luta e quer encontrar a resposta. Mas às vezes a evidência principal que pode responder às suas perguntas não é totalmente satisfatória” disse Nick Pyerson, curador do Museu de História Natural Americano e responsável pela investigação e estudos de 2011.
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Por Tales Batalha – Fala! Universidade Cruzeiro do Sul
