O trote universitário é um ritual universitário cujo objetivo é celebrar, por meio de gincanas e brincadeiras, a chegada de novos alunos. O trote começou no Brasil em 1831, na Faculdade de Olinda e, hoje, toma conta das maiores universidades do país.
Não é novidade que ingressar em uma faculdade, com novos colegas, novas dinâmicas e novas disciplinas, seja uma tarefa um tanto complicada. Não é à toa que os calouros conhecem muito bem a sensação de nervosismo e frio na barriga ao passar pelo portão da faculdade, já que aquele pode ser o 1º dia dos 4 melhores (ou piores) anos da sua vida, a depender de muitos fatores.
O trote faz parte de toda essa “bagunça” do primeiro dia, mas o que é permitido no trote? O que fazer se for vítima de violência? Abaixo, tentaremos responder algumas dessas perguntas conversando com integrantes atuais e antigos das Atléticas Universitárias, entidades estudantis responsáveis, na maioria das faculdades, pela realização do trote.
Ariane Paulino de Jesus, formada Turismo pela Universidade São Judas, ex-presidente A.A Atlética de Turismo São Judas Zecatur e ex-vice presidente da A.A Liga Geral das Atléticas São Judas, explica que “o trote não é permitido dentro da faculdade, apenas fora dela”
Ariane diz que em sua antiga faculdade “os trotes são organizados pelas atléticas da São Judas, que em si são 100% contra a trotes violentos.” Entretanto, caso algum aluno sofra agressão durante o ritual, deve sinalizar a atlética o mais rápido possível.
Aconselhamos que o calouro entre em contato com um dos membros da Atlética responsável ou da Liga das Atléticas para buscar ajuda e dependendo do nível de gravidade, realizar um boletim de ocorrência contra o agressor.
Carolina Fernanda Viana de Lima, mais conhecida como CaFê, estudante de jornalismo e presidente da ACSASJ (Atlética Comunicação Social e Artes São Judas), comenta que
O trote, desde que não seja aplicado de forma violenta, é permitido. É um momento de festa na qual nós celebramos a chegada dos novos alunos e, eles, a realização de um sonho. Tudo o que acontece é realizado de forma consentida. Caso sofra algum tipo de violência, a vítima deve reportar imediatamente. Neste período, temos [na Universidade São Judas] uma ação social que chamamos de trote solidário. Recolhemos durante a primeira semana de aula alimentos não perecíveis para doar alguma instituição de caridade. As pessoas que doam recebem desconto nos nossos produtos.
Carolina Fernanda Viana de Lima.
Vitória Dell’ Ago, aluna de Psicologia e membro da Atlética Gávea – FMU aproveita para destacar a permissão do trote “desde que sejam respeitados os limites do calouro” e complementa:
Passado disso, a brincadeira que era pra ser saudável acaba virando algo humilhante e traumatizante.
Sobre o trote solidário, Vitória explica que existe sim!
Ao meu ver, a proposta que o trote solidário traz alcança aquela parte do público que não curte farra e tinta! esse público também precisa se sentir acolhido e o trote solidário consegue trazê-los pra mais pertinho de nós (e é mais legal ainda quando o trote é aberto a todos os alunos do curso!).
Fabricio Lehmann, do Curso de MBA em Supply Chain na FMU e membro do conselho da C.A.A. Fênix FMU completa dizendo que respeito entre veteranos e calouros é fundamental, já que muitas vezes são expostas algumas limitações:
Os calouros não aceitam ou podem ter alergias aos materiais utilizados no trote, então os veteranos devem respeitar. Assim todos curtem a festa.
Fabricio ainda aconselha que a primeira coisa a fazer ao passar por alguma situação desagradável é procurar seu veterano.
Dependendo da situação, procurar o responsável pela organização para que sejam tomadas as devidas providências, mas o mais importante, não ficar calado(a), pois pode acontecer mais vezes e com outras pessoas.
E aproveita tranquilizar os novatos na faculdade e assegurar o comprometimento da atlética com a organização do trote:
Temos uma área responsável pela organização. O trote solidário está la para aqueles que gostam de ajudar o próximo, de graça e com muito amor, e estamos sempre de portas abertas para todos!
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Por: Nayara Salaverry – Fala!USP