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Três mulheres importantes para a história do esporte brasileiro

2012. Esse é o ano em que foi permitido as mulheres participarem de todas as modalidades olímpicas nos Jogos de Londres. Tarde, não? E a luta feminina pelo acesso ao esporte começou já há muitos anos.

Na primeira Olimpíada, elas foram proibidas de participar (Barão de Coubertin, criador do Comitê Olímpico, dizia que as mulheres seriam sempre “imitações imperfeitas” dos homens), só podendo jogar na próxima, em 1900, porém apenas disputando tênis e golfe.

No Brasil, o cenário era ainda pior. Em 1941, durante a ditadura de Getúlio Vargas, foi decretada uma lei que impedia as mulheres de praticar esportes “incompatíveis com a sua natureza”, o que abrangia lutas, rúgbi e polo aquático, por exemplo.

mulheres
Mãe e filha no estádio do Beira-Rio, em Porto Alegre, torcendo pelo Internacional. | Foto: Internacional.

O futebol não fica de fora desse panorama, tendo a sua primeira Copa do Mundo organizada apenas em 1991. O Brasil esteve presente nessa edição, com a maioria das atletas do Esporte Clube Radar, clube pioneiro do futebol feminino, sediado no Rio de Janeiro. A seleção brasileira enfrentou adversárias bastante complicadas (Japão, Estados Unidos e Suécia) e foi eliminada ainda na fase de grupos.

Porém, isso foi o que menos importou, pois por somente poder estar jogando o esporte que ama já foi uma conquista inigualável. Essa luta, além de ter quebrado diversas barreiras durante os anos, também serviu de exemplo e motivação para as gerações futuras que sabem que, graças às mulheres pioneiras do passado, elas podem fazer o que mais amam com mais liberdade e menos preconceito por parte da sociedade. Confira, abaixo, 3 grandes atletas da história do esporte brasileiro.

Mulheres importantes para a história do esporte brasileiro

Maria Lenk

mulheres no esporte
A histórica nadadora Maria Lenk, uma das mulheres pioneira nas Olímpiadas pelo Brasil. | Foto: Arquivo nacional.

Paulistana nascida em 1915, Maria Lenk fez história, não só na natação brasileira, mas em todo o esporte nacional. Aos 17 anos de idade, ela foi a primeira mulher a disputar os Jogos Olímpicos pelo Brasil (e em toda a América do Sul) na competição de Los Angeles, em 1932.

O início de tudo foi ainda criança, por volta dos 10 anos de idade. Em razão de uma pneumonia dupla, os pais de Maria acharam que seria benéfico para a filha começar a nadar, com o objetivo de tratar a doença. Por falta de um local para praticar o esporte, ela começou nadando no rio Tietê, obviamente muito menos poluído do que ele é hoje. A paulista também foi tetracampeã da extinta Travessia de São Paulo a Nado, entre 1932 e 1935.

No seu segundo Jogos Olímpicos, em 1936, Maria Lenk novamente foi pioneira na sua modalidade. Na prova de 200 metros peito, ela introduziu o nado borboleta, uma novidade e que foi aderido oficialmente nas competições posteriores. Anos depois, em 1939, Maria quebrou dois recordes mundiais, nas categorias de 200 e 400m peito, sendo a primeira brasileira a conseguir esse feito na história.

Ela estava mais do que pronta para conquistar a tão sonhada medalha olímpica em 1940, porém o torneio foi cancelado por conta da 2ª Guerra Mundial (assim como os Jogos de 1944). Aos 27 anos, a paulistana abandonou a natação profissional e foi se dedicar à educação física, fundando a Escola Nacional de Educação Física, no Rio de Janeiro, tornando-se a primeira mulher a dirigir uma faculdade da área na América do Sul.

Em 1988, ela foi incluída no Hall da Fama Internacional de Natação, que hoje também possui o paulista Gustavo Borges. Além disso, ela também dá nome ao Parque Aquático na capital carioca e ao Troféu Maria Lenk, principal competição do esporte no País. Maria faleceu em 2007, aos 92 anos, como uma das principais esportistas que o Brasil já teve em sua história.

Maria Esther Bueno

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A tenista Maria Esther Bueno conquistando o torneio de Wimbledon, na Inglaterra. | Foto: Divulgação Wimbledon.

Eleita a melhor tenista do século XX na América Latina, Maria Esther Bueno nasceu em 1939 em São Paulo, onde começou sua trajetória no esporte aos 6 anos de idade, pelo extinto Clube de Regatas Tietê.

Seus primeiros títulos nacionais aconteceram em 1953, quando conquistou o Brasileiro Infantil e o de Adultos com apenas quatorze anos. Nos anos seguintes, ela começou a disputar vários torneios internacionais, mesmo ainda muito jovem, levantando o seu primeiro troféu fora do país, na categoria adulta, em 1957, nos Estados Unidos.

Logo depois, Maria conquistou o seu primeiro Grand Slam de simples: o consagrado torneio de Wimbledon em 1959, com uma vitória por 6×3 e 6×4 sobre a americana Darlene Hard. Dessa forma, a paulistana foi eleita, pela Federação Internacional, a número 1 do ranking mundial naquele ano.

Sua volta ao topo do ranking aconteceu em 1964, após ser tricampeã em Wimbledon, vice no torneio de Roland Garros e também tricampeã no US Open, onde entrou para o livro dos recordes, já que a final durou apenas 19 minutos.

Ao todo, Maria Esther conquistou incríveis 589 títulos ao longo de sua carreira, sendo 19 Grand Slams (7 como simples, 11 nas duplas e uma nas duplas mistas). Além disso, ela ganhou 4 medalhas nos Jogos Pan-Americanos (uma de ouro, duas de prata e uma de bronze). Seu último troféu internacional foi o Aberto do Japão em 1974, já aos 35 anos. 

Após a sua aposentadoria, Maria recebeu algumas homenagens por conta da sua histórica carreira. Em 1978, foi introduzida ao Hall da Fama Internacional do Tênis, que hoje também conta com o catarinense “Guga” Kuerten, além de ter sido homenageada com uma estátua no museu Madame Tussauds em Londres, uma grande honraria para os ingleses.

Em 2006, ela se aventurou como comentarista pelos canais SporTV, pertencentes ao Grupo Globo. Maria Esther Bueno faleceu no dia 8 de junho de 2018, aos 78 anos, vítima de câncer. A rainha do tênis, como era conhecida, marcou a história do esporte no nosso País, servindo de espelho várias gerações posteriores.

Marta

marta
A craque Marta, atleta da seleção brasileira e 6 vezes melhor jogadora do mundo. | Foto: Getty Images.

Marta Vieira da Silva, ou simplesmente a Rainha Marta, tem 35 anos e é natural de Dois Riachos, cidade no interior de Alagoas. Ela começou sua carreira profissional nas categorias de base do CSA, seu clube do coração, e se transferiu para o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, em 2000, com apenas 14 anos. Após 3 anos na equipe, ela passou pelo Santa Cruz-MG até chegar no sueco Umeå IK, sua primeira oportunidade na Europa. 

Lá, Marta teve muito sucesso, sendo tetracampeã nacional e campeã europeia, além der eleita por 3 vezes a melhor jogadora do mundo (nos anos de 2006, 2007 e 2008). Depois, ela foi atuar nos Estados Unidos, pelo Los Angeles Sol, time em que ela levou ao vice-campeonato americano, foi artilheira da liga e mais uma vez a melhor do mundo em 2009.

Após um rápido período no Santos (o bastante para conquistar a Copa do Brasil e a Libertadores), Marta jogou pelo FC Gold Pride, também dos Estados Unidos, porém, dessa vez, foi campeã e novamente artilheira, ganhando o prêmio de melhor do mundo pela 5ª vez em 2010. Depois de outra passagem pelo futebol sueco, a alagoana permanece atuando em solo norte-americano, vestindo as cores do Orlando Pride desde 2017.

Com a camisa do Brasil, Marta sempre foi a grande referência técnica do País, já tendo jogado mais de 150 partidas pela seleção ao logo de sua carreira. Foi eleita a bola de ouro da Copa do Mundo sub-19 em 2004, terminando na 4ª colocação. Três anos mais tarde, a seleção foi medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos, realizado no Rio de Janeiro, passando por cima de todas as adversárias.

Meses depois, na Copa do Mundo, o Brasil fez uma excelente campanha, chegando até a final. Na decisão, vitória da Alemanha por 2×0, estragando o sonho das brasileiras. Mesmo com a derrota, Marta foi eleita a melhor jogadora da competição, além de ser a artilheira com 7 gols marcados. Por fim, há dois anos, ela venceu o prêmio de melhor jogadora do mundo pela 6ª vez, um recorde entre os homens e as mulheres na época. Digna da verdadeira rainha do futebol.


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Por Victor Fardin – Fala! PUC

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