Nas mãos de Francisco Acidemar Nunes, conhecido como Tio Cida, um pedaço de madeira é transformado em arte e materiais recicláveis tornam-se instrumentos musicais. Natural de Caçapava do Sul, região do Pampa Gaúcho, Tio Cida, é uma figura ilustre e reconhecida a nível nacional. O artesão é um incentivador da valorização da cultura e história negra, tem participação no segmento do Carnaval e também se dedica ao projeto “O som da liberdade”. Tantas habilidades e vontade de fazer a diferença na sociedade, principalmente nas regiões de periferia rendeu o título de Mestre da Cultura Popular. Conheça sua história!

Quem é Tio Cida?
Nas ruas da cidade, Tio Cida é facilmente reconhecido, o gosto pelo artesanato faz parte da sua rotina. “É comum encontrar o Tio Cida na rua talhando um pedaço de madeira que em questão de minutos vira um objeto de arte”, afirmou o cientista social e professor Renato Silveira da Rosa.
O gosto e participação ativa no Carnaval fizeram com que a Escola de Samba Unidos da São João homenageasse o artista caçapavano com o samba enredo: “Não confunda auto da compadecida com auto do compadre Cida”, colocando ritmo e cadência na história do eletricista que dedica sua vida a cultura. “Foi uma feliz surpresa esta homenagem. Com muita emoção entrei na Rua XV de Novembro com a Escola de Samba. Este Carnaval marcou a minha vida”, relatou Tio Cida.
A vontade de passar seus conhecimentos para as novas gerações foi o pontapé inicial para a elaboração do projeto O Som da Liberdade, que iniciou no ano de 2012. A proposta é trabalhar com estudantes da rede municipal das regiões de periferia, transformando materiais recicláveis em instrumentos de percussão. O resultado deste trabalho é repassado para as escolas desenvolverem oficinas de música e os instrumentos também são utilizados pelas escolas de samba para os ensaios e desfiles de Carnaval.
Tambor de sopapo e chocalhos são os principais instrumentos produzidos nas oficinas que desde o início do projeto já atendeu mais de 400 jovens. “É uma maneira de incentivar o gosto pela música, tirar essas crianças das ruas e ainda aprender uma nova habilidade que pode se tornar em uma profissão no futuro”, salientou Rosa. No ano de 2019 o projeto foi ganhador do Prêmio Nacional das Culturas Populares. “Foi um momento de muita alegria e troca de experiências, tive contato com outros projetos, conheci outras pessoas e não tem preço ser reconhecido por algo que se faz com amor”, destacou Tio Cida.
“Como as escolas estavam fechadas em virtude da pandemia de Coronavírus, o projeto está pausado. Estou esperando que tudo isso passe para poder voltar a produzir o som da liberdade, e, em breve poderemos retornar”, finalizou Tio Cida.


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Por Caroline Petrin da Rosa – Fala! Centro Universitário da Serra Gaúcha