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Tensões diplomáticas se agravam com o coronavírus

Mais do que os sistemas de saúde de quase todo o mundo, a pandemia do coronavírus prejudicou, também, as relações diplomáticas entre diversas nações. Tensões ocasionadas por questões como disponibilidade de insumos médicos e críticas de chefes de Estado às políticas adotadas por outros países no combate à doença agravaram conflitos preexistentes e levantaram novos. 

Brasil e China

Em suas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro culpou a China pela pandemia do coronavírus. Ao comparar Chernobyl com o cenário atual, alegou que “mais uma vez a ditadura preferiu esconder algo grave”, no que diz respeito ao fato do país ter demorado a noticiar o surgimento de um novo vírus, e completou dizendo que “a culpa é da China e a liberdade é a solução”. 

A declaração do deputado gerou represálias e foi respondida pela Embaixada Chinesa no Brasil, também pelas redes sociais, que rebateu “as suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares”. Ainda na resposta a Eduardo Bolsonaro, a Embaixada reforça que essas declarações estão “afetando a amizade entre os dois povos”.

No incidente mais recente, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, também desferiu críticas – com tom racista – contra a China em seu Twitter. Mais uma vez, a Embaixada respondeu, dizendo que “tais declarações são absurdas e desprezíveis”.

80% da soja brasileira é vendida à China, que é o maior parceiro comercial do Brasil. Declarações como as de Eduardo Bolsonaro prejudicam as relações diplomáticas entre ambos os países e pode, consequentemente, afetar a exportação brasileira. 

Espanha e Turquia

Outro exemplo de conflitos entre países decorrentes da pandemia do coronavírus foi o embate entre Espanha e Turquia pelo embarque de suprimentos médicos espanhóis.

O país europeu é um dos mais afetados pela doença e precisou encomendar mais respiradores, porém, a Turquia dificultou o embarque do carregamento, que precisaria passar pelo país. Depois de uma semana, o Ministério de Relações Exteriores da Espanha conseguiu, finalmente, garantir o embarque dos insumos. 

Estados Unidos e o corte de verbas à OMS

Coronavírus atrapalha diplomacia
Tensões diplomáticas se agravam com o coronavírus. | Foto: Reprodução.

Foi amplamente divulgado pela mídia mundial o corte de verbas à OMS anunciado pelo presidente Donald Trump. Os EUA, país mais rico do mundo, era o maior doador até então.

O presidente estadunidense alegou que a instituição é chinacêntrica e tem uma severa má administração no encobrimento da disseminação do coronavírus, também fazendo menção à demora da China em noticiar o coronavírus e que a OMS desprezou a gravidade da doença.

União Europeia

A Itália, país europeu mais afetado pela pandemia e, até há pouco, o epicentro da doença, quando viu a situação se agravar, pediu assistência aos países vizinhos com fornecimento de suprimentos médicos. No entanto, Alemanha e França não permitem a exportação.

A Alemanha, país mais rico do bloco, também se opõe a união de países da UE para ajudar financeiramente os mais afetados pela pandemia. O que leva ao aumento das tensões.

A falta de solidariedade entre os países europeus e o corte de verbas dos Estados Unidos à OMS reforçam a ideia de que os países devem se fechar e isolar em seus próprios problemas, e não buscarem uma cooperação que una forças e recursos para combater o coronavírus.

O sentimento de que a China demorou a informar sobre o surgimento de uma nova infecção respiratória também pode ter levado os países à noção de necessidade de isolamento como política mais adequada em meio a esse cenário.

No entanto, a China, após controlar a disseminação da doença no país, passou a colaborar com outras nações, como a Rússia e a Itália. O país europeu recebeu doações de suprimentos médicos, testes e uma equipe de médicos chineses enviada para ajudar no combate à pandemia.

Tensões preexistentes

Na América Latina, o governo de Maduro, na Venezuela, não é reconhecido como legítimo pelos países do Mercosul, entre eles, a Colômbia. O assunto veio à tona novamente com o fato do presidente colombiano recusar a doação oferecida pela Venezuela de duas máquinas que testam a Covid-19. 

No Oriente Médio, houve um desacordo entre Egito e Catar. Segundo as autoridades do Catar, o governo egípcio se recusou a aceitar um voo fretado pelo emirado que seria enviado com trabalhadores migrantes que residiam no país. Desde 2017, ambos os países tem suas relações diplomáticas cortadas por divergências políticas.

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Por Giulia Lozano Pacini – Fala! Cásper

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