Por Daniel Benites – Fala!Cásper
Apesar de um tanto enigmático, o título “O Orgulho” reflete bem não apenas o filme francês em cartaz, mas também boa parte da sociedade na qual se insere.
Dirigido por Yvan Attal, a história se passa em uma universidade francesa de direito e tem início em um dos primeiros dias de aula, quando a novata Neila Salah, descendente de orientais, é fortemente reprimida pelo polêmico professor por ter chegado atrasada. Estudantes filmam boa parte da discussão e publicam na internet, gerando uma onda de críticas ao professor por suas palavras exageradas e muitas vezes discriminatórias, bem como a faculdade por permitir tal indivíduo lecionando. Os alunos e docentes se dividem em opiniões, concordando ou discordando fortemente da posição de Mazard.
A fim de evitar sua possível demissão, o professor pretende orientar Neila para um campeonato de eloquência organizado pela universidade, o qual visa a desenvolver nos competidores estratégias argumentativas para defender uma tese específica. Como seria esperado, os atritos persistem entre os dois durante as aulas particulares, devido às suas fortes personalidades. Ainda assim, a jovem Neila lentamente percebe que seu aprendizado somente evolui com os métodos grotescos de Mazard, alguém a quem jamais pensou que agradeceria um dia.
Com o tempo, ambos evoluem não apenas nas técnicas de eloquência, mas principalmente sobre si mesmos, seus respectivos defeitos e qualidades. Deste modo, passam a deixar o “orgulho” de lado para conseguirem aprender e se entender melhor.
Os métodos cômicos e bizarros de Mazard fazem com que a trama passe longe de um clichê um pouco esperado de um enredo como este. O que o filme busca retratar é justamente a presença de duas personalidades fortes e bastante controversas que, no entanto, ao se afastarem de seus preconceitos e engolirem o próprio orgulho, conseguiram se entender e se uniram por uma causa. Infelizmente, não é isso que pode ser dito dos debates e divergências ao redor do mundo, que se privam da razão e busca por conhecimento em prol da ignorância e ódio.
A atuação de Daniel Auteil como o professor exagerado e extremo é um dos pontos altos do filme, cativando o público, hora apoiando-o, hora considerando-o um louco. Camélia Jordana também se mostra como uma escolha certa para o papel da jovem estudante.
A obra é claramente uma crítica social ao orgulho humano que se sobrepõe a praticamente tudo, e traz lições fundamentais sobre entendimento mundano.