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Qual a relevância de Pocahontas para a história americana?

O clássico Pocahontas, da Disney, marcou a infância de muitos nascidos em 1995. Hoje, ainda que adultos, emocionam-se com o conturbado romance entre a nativo-americana e o inglês John Smith, colonizador de sua terra. Poucos sabem, no entanto, que esse foi o primeiro desenho da Disney, até então, baseado em uma história real, e não apenas isso: a lenda de Pocahontas foi impactante na história americana. Só é um pouco diferente do enredo de Walt Disney. 

verdadeira Pocahontas
A verdadeira Pocahontas. | Foto: Wikipédia.

Recorramos à história

A índia era filha do chefe Powhatan. Sua tribo vivia onde hoje conhecemos como Jamestown, na Virgínia. No entanto, seu nome era Matoaka, e recebeu o apelido que dá nome ao filme, na infância. Ele significa “criança mimada”, como era encarada sua personalidade forte.

No enredo, após a chegada dos ingleses na América do Norte, a nativo-americana salvou John Smith, colonizador inglês, de ser morto pelo seu pai, convencendo-o de que isso poderia despertar o ódio dos ingleses. Porém, nos desenhos, isso é retratado através de um romance entre Pocahontas e Smith. Na realidade, não querendo estragar infâncias, eles nunca se apaixonaram.

princesas da Disney
Pocahontas e John Smith no desenho da Disney. | Foto: Divulgação.

Após amenizar mais conflitos entre colonizadores e seu povo, Pocahontas ficou conhecida como pacificadora, mas as desavenças entre eles estavam longe de terminar aí.

Aos seus 17 anos, foi capturada e levada como prisioneira por ingleses, cujo acampamento foi a prisão dela por um ano. Nesse tempo, conheceu John Rolfe, também inglês, que se apaixonou por ela e negociou seu casamento em troca de libertá-la.

Registros mostram que esse foi o primeiro casamento entre uma nativo-americana e um europeu. É mais ou menos nesse ponto que se destaca sua relevância aos Estados Unidos. 

Pocahontas para os colonizadores

Ela foi batizada e, após ser determinada a familiarizar-se ao cristianismo, adotou o nome de Rebecca, a Rebecca Rolfe. Esse momento foi imortalizado em uma cédula de dólar. Pocahontas, então, foi a primeira mulher a aparecer na nota estadunidense, ainda que não fosse um retrato apenas dela, como em muitos outros bustos impressos ali. 

nota de 20 dólares com Pocahontas
A nota de 20 dólares: o batismo de Pocahontas. | Foto: Arquivo.

A importância dessa imagem para os Estados Unidos estava na ideia de mostrar que a colonização de Virgínia teria sido através de um bom trabalho, e Pocahontas seria a prova de que os índios poderiam ser “domesticados”. Essa divulgação continuou quando a então Rebecca e John Rolfe mudaram-se para a Inglaterra, onde ela foi modelo para a campanha que simbolizava a paz entre os dois povos. Isso gerava muitos elogios a seu marido e, claro, aos colonizadores. 

Thomas Rolfe foi o primeiro filho do casal, cujos descendentes foram apelidados de Red Rolfe. O “Red”, do nome, era como os europeus caracterizavam os americanos. Entre tais descendentes, está Nancy Reagan, ex-primeira dama dos EUA.

Em 1617, resolveram voltar para Vírginia, mas ela faleceu. As causas da morte ainda são um mistério. Pocahontas foi enterrada na Paróquia de São Jorge, em Gravesend. Seu túmulo acabou sendo destruído em uma reforma, mas uma estátua foi construída em sua memória no mesmo local. Depois de sua morte, o povo de Powhatan foi dizimado e a terra, dominada pelos europeus.  

Estátua de Pocahontas
Estátua de Pocahontas em Gravesend, em frente à Igreja St. George. | Foto: Wikipédia.

Ela é um dos símbolos da violência contra os nativos na época das Grandes Navegações. É também uma mulher que contou com a oralidade dos povos, e até com as versões romantizadas, para que sua história seguisse viva e a ignorância não reinasse ao pensá-la como uma apaixonada personagem, ao invés de uma jovem tirada à força de seu povo, família, cultura e religião. 

A estátua é visitada por muitos turistas que admiram a história dos desenhos. Aos que a conhecem um pouco mais afundo, no entanto, ela representa muito mais do que a princesa da Disney

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Por Juliana Kopp – Fala! UFU   

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