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Por trás dos 80 anos de O Mágico de Oz

O clássico do cinema completa quase uma década em setembro.

Clássico “Mágico de Oz”, estrelado por Judy Garland. | Foto: MGM.

Motivados pelo sucesso de Branca de Neve e os sete anões, produzido pela Walt Disney Productions, o estúdio Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), em setembro de 1939, criou seu próprio longa musical: O Mágico de Oz.

Baseado no livro homônimo de L. Frank Baum, conta a história de Dorothy Gale, uma garota que vive no Kansas com seus tios Henry (Charley Grapewin) e Em (Clara Blandick). 

Após um tornado que leva sua casa, a jovem vai parar em um mundo desconhecido, lá ela conhece Hunk, o espantalho (Ray Bolger), Zeke, o leão covarde (Bert Lahr) e Hickory, o homem de lata (Jack Haley).

Juntos eles buscam o Mágico de Oz para realizar seus maiores desejos. No decorrer do longa, Dorothy e sua turma se depara com diversos perigos e mostram que o que mais queremos está sempre conosco. 

O Elenco

A escolha do elenco para o filme foi problemática, com atores trocando de papéis repetidamente no começo das filmagens. Uma das principais trocas ocorreu com a personagem Tin Woodsman.

Ray Bolger originalmente interpretaria Woodsman e Buddy Ebsen seria o Espantalho. Bolger estava insatisfeito com seu papel e convenceu o produtor Mervyn LeRoy a lhe dar o papel do Espantalho.

Ebsen sofreu uma reação alérgica, teve que ser hospitalizado e deixou o projeto. Jack Haley assumiu o papel no dia seguinte.

Judy Garland e seus companheiros. | Foto: CBS Television Network

O papel de Dorothy foi dado a Judy Garland no dia 24 de fevereiro de 1938. Depois de escalada, alguns executivos da MGM cogitaram trocá-la por Shirley Temple, mas não conseguiram a liberação da jovem atriz pela Fox.

Então, outros executivos da MGM vetaram a ideia. Conhecendo bem o projeto de O Mágico de Oz, eles não apenas negaram a liberação de Temple para a MGM mas decidiram escalá-la num filme “rival”, O Pássaro Azul.

Graças à complexidade dessa produção da Fox e à decisão de filmá-lo repentinamente, O Mágico de Oz chegou aos cinemas americanos um ano antes de O Pássaro Azul. 

Em 25 de julho de 1938, Bert Lahr foi contratado para viver o Leão Covarde. Frank Morgan juntou-se ao elenco em 22 de setembro de 1938 como o Mágico. 

As canções foram gravadas num estúdio antes do início das filmagens. Algumas das gravações foram concluídas enquanto Buddy Ebsen ainda estava no elenco. Então, mesmo tendo abandonado o projeto, sua voz permaneceu no coro de “We’re off to See the Wizard“. 

Dirigido por Richard Thorpe, o filme começou a ser rodado em 13 de outubro de 1938. Thorpe foi demitido após algumas cenas já terem sido gravadas, e George Cukor assumiu a função. Porém Cukor tinha um compromisso anterior com o filme E o Vento Levou, deixando o cargo para Victor Fleming. 

Por trás do Longa

Quando lançado, o Mágico de Oz estava longe de ser um sucesso, foi um dos filmes mais caros da década de 30 e sua bilheteria arrecadou apenas US$2 milhões. Além disso por trás dos bastidores o filme possui diversas polemicas, como doenças, atores feridos, brigas e algumas peculiaridades.

Dentre as polêmicas estão os problemas de saúde que Judy Garland desenvolveu após a gravações do filme. Judy interpretou uma menina de 10 anos, na época a mesma já tinha 16, por isso era necessário o uso de espartilhos e roupas apertadas para esconder o corpo já desenvolvido da atriz.

Anos depois, ela revelou possuir problemas de imagem, atribuídos as distorções de seu corpo sofridos na época do longa. Garland se viciou em remédios e sofria de distúrbio alimentares.

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Judy Garland como Dorothy Gale. | Foto: MGM.

Outros atores admitiram sofrer de depressão, a doença também foi atribuída ao ambiente estressante das filmagens, além disso, o ator Buddy Ebsen foi afastado das filmagens devido a uma crise alérgica decorrente da máquina de alumínio usada no set de filmagens. 

Além de doenças posteriores ao filme, alguns atores adoeceram e se feriram nas filmagens, como por exemplo, a atriz Margaret Hamilton que durante a cena do desaparecimento da Bruxa Má na Terra dos Munchkins teve parte do corpo queimado e precisou ficar afastada, dias depois a dublê que foi contratada para ficar em seu lugar também sofreu com queimaduras.

Outra polêmica foi a tentativa de usar um leão real nas filmagens, a MGM queria introduzir o animal símbolo da produtora vivo no filme. A ideia foi refutada por acionistas da empresa.

Então o ator Bert Lahr foi contratado, como figurino ele utilizou uma peça de roupa feita com pele de leão que pesava aproximadamente 90 quilos.

Mas nem só de polêmicas vive o Mágico de Oz, o filme também ficou muito conhecido pela criatividade nos efeitos especiais, em uma época que efeitos eram escassos e desconhecidos, os improvisos foram o forte da produção.

As famosas faíscas que saem do sapatinho de Dorothy foram feitas com suco de maçã, ao acelerar a cena o líquido parecia com fagulhas. Outra curiosidade foi o óleo utilizado para “lubrificar” o Homem de Lata, o que todos pensavam ser óleo era cobertura de chocolate.

dorothy mágico de oz.
Sapatinhos mágicos de Dorothy.

O filme veio se tornar um clássico anos depois de sua estreia, esse sucesso se deve a adorável atuação de Judy Garland no filme e a maneira encantadora que a MGM soube apresenta uma história anti conto de fadas.

Suas personagens deixam a mostra suas fraquezas e medos, para no fim encontrar sua força, não são príncipes encantados e nem princesas indefesas, quebrando com o padrão iniciado pela Disney.

Ao completar 80 anos ainda podemos observar os encantos do filme e viajar junto com Dorothy e Totó pelo reino de Oz. Mesmo com tantos contratempos e polemicas o filme se tornou um clássico do cinema americano e mundial.

Diversos remakes e outros filmes inspirados pela obra foram lançados ao longo do século XX e XXI, porem nenhum soube captar a essência da obra de Baum como o Mágico de Oz de 1939 soube.

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Por Luiza Nascimento – Fala! PUC


RESENHA: O MÁGICO DE OZ

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