Durante a era vitoriana, no final do século 19, inúmeras tendências no universo da moda foram lançadas, entre elas, a que estava presente no luto. Mas por que algo fúnebre seria um modismo?
Nessa época, a medicina ainda engatinhava e, além disso, a higiene e o saneamento eram precários, até mesmo nas famílias mais nobres. Logo, era comum que as pessoas adoecessem com maior frequência e de uma forma cruel, principalmente as crianças, o que levava muitos a morte antes mesmo de completarem trinta anos.
Com uma perspectiva de vida tão baixa, era muito comum o uso de vestimentas que remetessem ao luto, já que a morte era tão corriqueira na época. Devido a isso, a moda do luto ficou marcada na era vitoriana. Não se deve pensar que os trajes eram usados por dó ou algo do gênero, como tudo naquela época, o traje fúnebre seguia regras de etiqueta rigorosas.
Segundo pesquisas, o luto na era vitoriana era dividido em várias etapas que levavam em conta o grau de parentesco com o falecido. Tanto as mulheres quanto os homens tinham que seguir praticamente que à risca o tempo do luto que era imposto na época.
Como em muitas sociedades, a mulher era a mais vigiada, muitas eram criticadas se não levassem o luto a sério. Vale lembrar, também, que nem todas tinham dinheiro suficiente para bancar os caros trajes e, além disso, muitos casamentos eram feitos por interesse, logo, o sentimento de perda do marido, às vezes, nem aparecia.
Tipos de luto na era vitoriana
Como mencionado anteriormente, o luto vitoriano era dividido em fases. A começar com o Luto Profundo ou Pesado. Essa era a primeira fase do luto, as roupas representavam o sentimento da recente perda e a reclusão com a sua cor preta fosca que cobria praticamente o corpo inteiro da pessoa.
Além da exigência da cor, para as mulheres, o vestido deveria ser simples, com poucos ornamentos e liso. Para os homens, o uso de um terno, luvas e gravata preta já eram mais que suficiente.
Na segunda fase do luto, o chamado Luto Ordinário, cores começam a aparecer novamente, transmitindo a ideia de que o luto já estava sendo superado, mas que ainda aquele sentimento de perda não havia sumido. Peças brancas, como colarinhos e magas falsas começam a fazer parte da vestimenta.
Uma das figuras mais famosas da época e que influenciou bastante nas vestimentas do luto foi a rainha Vitória. Após a morte de seu marido, a rainha nunca mais abandonou as vestimentas de luto.
Já na terceira e última fase, chamada de Luto Aliviado, renda, veludo e a seda aparecem, além de novas cores como violeta, lilás e cinza, dando um ar mais leve, menos fúnebre e indicando o fim do luto.
Não era bem uma moda, infelizmente, as pessoas eram muito mais reféns do luto do que nos dias de hoje. Entretanto, devido ao seu uso quase que constante, acabou marcando a época e virando uma tendência a ser seguida.
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Por Eduarda Knack – Fala! UFRJ