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Por que o achismo anda tão forte na sociedade brasileira?

O achismo sempre foi um elemento existente no mundo e, em muitos casos, é fundamental para o início da formulação de hipóteses e teorias científicas. Porém, a maneira que esse elemento cultural vem sendo utilizado ao redor do mundo acaba por tentar bater de frente com fatos estudados e comprovados.

bonecos com vários balões de fala
As redes sociais são utilizadas para expor opiniões. | Foto: Reprodução.

Olhando para o Brasil pode-se perceber claramente essa luta entre as informações baseadas em simples senso comum e científicas, não havendo – como anteriormente – uma hierarquia. Hoje em dia, o conhecimento acadêmico é considerado mera opinião, tão válido quanto as outras. 

É perceptível essa trajetória de maior validação das opiniões sem argumentos comprovados, no cenário brasileiro atual, com o caso da comentarista e advogada Gabriela Prioli, participante de quadros de debate em um programa da CNN Brasil.

Gabriela, além de ter que rebater argumentos especulativos dos seus “oponentes” era, constantemente, interrompida, seja pelo outro comentarista, seja pelo próprio mediador. Tal postura demonstra que não apenas a sociedade brasileira iguala informações concretas a especulações como também nega o direito dessa informação ser exposta corretamente.

imagem de Gabriela Prioli ao lado de reinaldo gottino, os dois aparentam discutir
Gabriela Prioli discutindo com o mediador do debate, Reinaldo Gottino, na CNN. | Foto: Reprodução.

O que levou ao aumento do poder de explicações sem comprovação?

Existem muitas questões que podem ser relacionadas, mas um dos principais fatores foi o surgimento do jornalismo digital e sua segmentação em duas maneiras opostas de produzir conteúdo.

Uma delas é gratuita e depende de grandes visualizações para ser rentabilizada, gerando o aumento do sensacionalismo, imediatismo e da falta de checagem nas informações, o que origina as famosas fake news. 

Já a outra maneira é chamada de Paywall, em que ocorre a leitura dos conteúdos jornalísticos mediante uma assinatura, levando à uma elitização ainda maior de um jornalismo apurado e de qualidade.

A dualidade existente prejudicou a obtenção de informações, pois, quem não pode pagar por jornais de qualidade e com apuração correta, acaba por consumir o que visa apenas a rapidez e o máximo de acessos possível, muitos se utilizando, inclusive, do WhatsApp para se informar, o que pode comprometer muito a chegada das informações concretas, pois o uso de aplicativos de mensagens para fins jornalísticos podem misturar a opinião de quem repassa com os dados relatados.

Portanto, a popularização de maneiras radicais de pensamento foi se expandindo e ganhando mais adeptos, principalmente pelo uso incorreto de aplicativos como WhatsApp e Twitter, sendo até utilizados para divulgar informações falsas propositalmente através de robôs para prejudicar grupos específicos da sociedade,principalmente em questões políticas. 

Com isso, ressalta-se um adendo. Para diminuir o seu uso inadequado, o WhatsApp vem diminuindo a capacidade de encaminhamentos possíveis, atualmente, só pode-se encaminhar elementos para cinco pessoas por vez.

A propagação de fake news e informações sem apuração leva ao que é visto hoje: pessoas disseminando opiniões sem nenhuma base e ignorando informações de canais de confiança, desacreditando as mensagens divulgadas por eles e até perseguindo veículos de comunicação tradicionais, como determinados canais de TV e jornais.

E, consequentemente, a descrença e a prevalência do pensamento meramente especulativo sobre fatos estudados ou descobertos por pesquisadores e estudiosos com a autoridade para compartilhar informações do porte. 

Imagem de notícia falsa dizendo que a vacinação é uma forma de envenenar a população
Imagem de fake news divulgando informações falsas sobre vacinação. | Foto: Reprodução.

A consequência desse grupo de pessoas crentes em dados incorretos é o aumento da discriminação e do preconceito contra grupos, ou até mesmo a descrença na própria ciência, como prova o aumento dos movimentos antivacina. 

Essas são questões que podem prejudicar muito toda a sociedade brasileira e, por isso, é necessária uma mudança urgente perante o crescimento do achismo, porque, como pôde ser visto, toda a comunidade sofre com os seus impactos, seja a partir das inúmeras fake news sobre a Pabllo Vittar e a dominação do mundo, acarretando em discriminação à drag queen e toda comunidade LGBT, seja pela disseminação de inverdades sobre a vacinação que, atualmente, vem aumentando o número de doenças que, anteriormente, estavam bem administradas no território nacional, como o sarampo.

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Por Cynara Maíra – Fala! UFPE

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