quinta-feira, 25 abril, 24
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Poesia: À deriva

Por Bruna Saori – Fala! PUC

Me perdi no pior momento possível. Virei na curva errada nessa estrada e não sei onde vim parar. Me perdi numa hora em que tudo o que eu precisava era me achar. Mergulhei muito fundo no seu mar e esqueci que não sei nadar.

Mergulhei muito fundo e comecei a me afogar. Mergulhei muito fundo e só percebi quando me faltou o ar. E agora me vejo em um barco furado no meio da tempestade que você causou em mim. E agora me vejo sugada pelo seu furacão.

E agora me vejo à deriva: na estrada, no oceano, nos pensamentos. E agora me vejo à deriva em meio às memórias que tenho de você. E não consigo saber se é mais fácil chegar no fundo e me perder de uma vez para nunca mais achar o caminho certo ou voltar para a superfície e nunca mais te alcançar.

E fico nesse impasse, sem ar nos pulmões ou oxigênio no cérebro. E fico presa, enclausurada, porque estou num barco furado no meio do nada. Estou afundando, afogando, me matando. E estou deixando. A água vai me levando. E eu sigo os mares, à deriva no seu oceano.

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